Surf Seco

Sabor do Pacífico

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Adriano Mineirinho, quinto no Tahiti e terceiro em Fiji, Top 4 do WCT 2008. Foto: ASP Rowland / Covered images.

O Pacifico Sul, paraíso tropical cercado por água azul turquesa, cheiro de coral e esquerdas perfeitas, este ano deu muita alegria aos brasileiros, principalmente para os brasileiros Bruno Santos e Adriano de Souza.


Não dá para imaginar o que o niteroiense Bruno Santos sentiu na vitória no Tahiti. Só sei que foi algo bom demais.


Para a comunidade que acompanha, vibra e ama o surf, nunca vivenciamos momentos de tanta alegria como torcedores verde-amarelos.


 Na lendária e temida esquerda de Teahupoo, se alguém merecia esta vitória, nada mais justo do que ela ir para as mãos deste garoto, pequeno de tamanho, mas gigante em carisma e habilidade nos tubos.


Bruno Santos campeão em Teahupoo, maior conquista do surf brasileiro nos últimos anos. Foto: Aleko Stergiou.

A calma e a casualidade de Bruninho nos tubos são claramente notadas. Não digo nos tubos do mar que ele venceu o evento principal, porque ali ele manda bem, mas seu surf cresce quando o mar fica pesado, seja em Teahupoo ou Pipeline.


O exemplo aconteceu nas triagens que ele passou no Hawaii, quando o mundo conheceu e tirou o chapéu para Mr. Santos. Quando alguém faz o que todo mundo sabe o que é que tem que ser feito, em condições que a maioria prefere ficar com a bundinha sentada na areia, de maneira calma, com estilo, finesse e atitude, o respeito universal é conquistado.


Eu não conheço o Mr. Santos pessoalmente, somente de acompanhá-lo como locutor em algumas baterias do WQS no Brasil. Mas só de ver sua expressão, seu surf e suas declarações, sinto que ele é um cara muito querido. É um daqueles caras que nos deixa feliz quando vence.


Outra performance notável no Pacifico Sul foi a do pequeno gigante do WCT, Mr. De Souza. Ele está aprontando este ano. Está trabalhando progressivamente sua escalada para a conquista do titulo mundial, que um dia será dele.


Nas vezes em que se sentiu injustiçado com o julgamento, ele conversou com o head-judge, pesquisou os motivos e continuou seu trabalho, sem perder a postura profissional.


Em seu terceiro ano na elite mundial, Mineiro parece estar surfando já acostumado ao circuito, como se ele estivesse em competições amadoras de São Paulo, eventos que ele vencia três categorias de uma vez por campeonato, não há muito tempo.


A competitividade dele e a habilidade de virar baterias nos momentos decisivos pesam nos resultados a seu favor. Os juízes, competidores, todos hoje encaram Mineirinho como um forte candidato à vitória.


Basta analisar as duas etapas no Pacifico Sul e ver que ele ficou em quinto e em terceiro lugar, passando para a quarta colocação do ranking WCT. Tanto ele como Bruno Santos sentiram o doce sabor do Pacifico Sul este ano.


A vibração boa flui para ele, porque além do talento natural, preparo, determinação, foco e disciplina, ele é um cara que sabe das dificuldades e devolve muito ao surf. Seja incentivando os garotos da nova geração do Guarujá, assim como acreditado e apoiando seu amigo e outro grande talento, Gilmar Silva, patrocinando ele com as passagens em 2007.


É com estas atitudes e vitórias que o pequeno gigante Adriano de Souza nos ensina muita coisa, além de nos dar muita alegria durante as etapas transmitidas pela internet.