Enfim, férias! O que as férias significam para você? O que acha de 10 dias acordando às 5 da manhã e tomando banho frio?
Pois essas foram as melhores férias para a maioria dos 14 amigos de São Paulo que embarcaram em uma surf trip rumo a El Salvador.
Essa turma, pra falar a verdade, há pouco tempo nem se conhecia. Foi formada na maioria por alunos da escola de surf Fruto D’Água, localizada em Itanhaém, litoral paulista.
Mas, e aí? Para onde? Quando? Quem pode? Fazer uma barca para fora sempre foi assunto entre os alunos e finalmente a ideia foi tomando forma. E a turma foi crescendo em tamanho e expectativa. Para alguns, essa seria a primeira viagem de avião e para a grande maioria a primeira surf trip internacional.
Destino e data fechados: El Salvador, agosto de 2014. Terra das direitas com point breaks de qualidade e boas ondas na maior parte do ano.
Com a maioria de surfistas de primeira viagem, começa a saga do que levar. Quantas pranchas? Que tamanho? Na dúvida, todo mundo exagerou e levou praticamente o que tinha, incluindo alguns SUP’s carga pesada!
Primeira dica: embale muito bem sua prancha. Os caras jogam mesmo, portanto não se esqueça de levar um kit de reparo rápido se não quiser perder o primeiro dia esperando o conserto da sua prancha. Depois de tudo embalado, é partir para o aeroporto e relaxar. Na verdade a galera só conseguiu relaxar quando todas as pranchas chegaram no seu destino final.
Chegando ao hotel, primeira onda, Sunzal! Alguns sites dizem que essa onda quebra o ano inteiro. E lá foram todos para a água. Primeiro desafio para nós brasileiros, cadê a areia da praia? Pedra e mais pedra no caminho! Mas a empolgação era tanta que a galera ligou o 4×4 e foi ralando as canelas assim mesmo.
Fim do primeiro dia. Reunião na piscina, que mais parece um debate. Um falando mais que o outro, cada um contando suas ondas. Muita empolgação.
E não demora muito para a pergunta. E amanhã? Onde vamos cair? Sunzal é bom, mas todos querem mais. Tipo aqueles que querem conhecer a Europa toda em 10 dias.
Segundo dia, Km 59. Na verdade nosso guia nos levou ao Km 61, pois com o SUP era uma praia mais fácil de entrar. O fácil deles é uma porrada de pedras que na maré seca nem é o problema, mas depois de surfar horas e horas a pergunta é como sair no meio das pedras com maré cheia, ou melhor como sair com a prancha inteira! Afinal a canela se cura sozinha e a prancha não. Mas não tenha dúvida, vale a queda. E esse Km 61 deixou saudade.
A partir daí foi um ou dois picos por dia. La Bocanita, Punta Rocas, Mizata, La Paz. Lá tem onda para todo tipo de surf e a galera pode se dividir entre os picos mais casca e outros um pouco mais tranquilos.
Na segunda metade da viagem a barca seguiu 3 horas de carro até Las Flores passando pela cidade de Usulatán (quarta maior de El Salvador) e pelo vulcão ativo de San Miguel.
Chegando lá, nosso hotel tinha uma vista irada da onda de Las Flores, porém o custo da vista era uma escadaria sem fim para colocar os pés na areia. Sim! Areia! Las Flores tem areia e não pedras… Segundo estatísticas da galera o mais guerreiro encarou quase 5000 degraus em 5 dias de tanta fissura de cair no mar…
No terceiro dia em Las Flores fazendo um surf de fim de tarde um pouco mais à esquerda do pico, a galera que estava no hotel começa a se juntar no deck. O que é aquilo? Tubarão? Para a sorte da galera que estava na água eram apenas três golfinhos querendo pegar algumas ondas na companhia dos brazucas! Isso foi o ponto alto do dia! Eles realmente descem as ondas lado a lado com as pranchas. Convenhamos que isso não acontece todos os dias.
No decorrer dos dias ficamos entre Las Flores e a rápida onda de Punta Mangos, outra direita que quebra bem próxima às pedras, onde se pode chegar de barco.
Em quase todas as noites rolava uma tempestade animal… O que importa é que, ventania e raios a parte, todos os dias as 5 da manhã o pacífico estava lá! Alinhado com belas ondas apenas esperando esse bando correr para o mar.
Muito além de uma simples férias, uma surf trip com amigos é uma viagem de auto conhecimento para todos. Quais são seus limites? Quais são suas metas? E todos voltaram com a mesma ideia. Qual o próximo destino? O que eu vou fazer até lá?
El Salvador não é um destino turístico, mas enxerga no surf um meio de atrair os turistas. O seu povo é extremamente receptivo e a natureza ainda pouco explorada. Não venha atrás de conforto, venha atrás de ondas de qualidade.