A tradição e o nível técnico dos atletas aliados ao fator “casa” colocam São Paulo como favorito na disputa por equipes no CBSurf Tour Hang Loose Japan Trials, a terceira etapa do ranking brasileiro de base, que será disputada entre os dias 25 e 27, na Praia de Maresias, em São Sebastião. O time vem de vitória no evento em Pernambuco e a responsabilidade de coordenar mais uma grande atuação fica para o novo técnico da seleção, Alex Leco.
Ele assumiu o cargo pouco antes da disputa pernambucana e agora comanda o grupo justamente onde mora e conhece muito bem as ondas. Atual coordenador técnico do IGM (Instituto Gabriel Medina), ele foi convidado pelo presidente da Federação Paulista de Surf, Silvio da Silva, o Silvério, por sua grande vivência em campeonatos, inclusive como juiz, e sabe que terá uma tarefa difícil e importante pela frente.
“A emoção é grande. Confesso que fiquei surpreso. De alguma maneira, o trabalho no IGM ajudou, pesou nesse convite. Estou bem empolgado. Eu competi desde a base, até chegar como profissional no longboard. Estou tendo essa história de crescer dentro do esporte e hoje conseguir retribuir para a nova geração e ter esse reconhecimento”, diz Leco, que completa 40 anos de idade em plena etapa do Brasileiro, no dia 26.
No CBSurf Tour, os paulistas estão empatados na liderança do ranking com Santa Catarina, cada um com uma vitória e um segundo lugar. “A expectativa de voltar a vencer é grande, principalmente, a disputa sendo em casa e aqui em Maresias, em especial, acredito que o meu conhecimento da onda pode contribuir bastante”, afirma o técnico.
“Outro fator que pode ajudar é que a etapa sendo em São Paulo, devemos ter um time ainda mais forte, com mais atletas”, destaca Leco, sabendo que os rivais também estarão fortes. “A disputa está igual. Eles têm atletas de alto nível, inclusive acostumados a competir aqui”, complementa.
Junto à disputa por equipes, Leco terá atenção especial aos atletas paulistas com chances reais de integrar a seleção brasileira no Mundial Junior da ISA (International Surfing Association), em setembro, no Japão. Em especial Eduardo Motta, líder da Junior e segundo na Mirim, Daniel Adisaka, terceiro na Sub 18 e sexto na Sub 16, e Isabela Saldanha, quinta na feminina Sub 16.
“Temos duas situações distintas. O Eduardo Motta e a Isabella Saldanha trabalham com seus técnicos. E meu início do trabalho à frente da seleção paulista é muito recente. A ideia é respeitar o que já vem sendo feito e estar à disposição para dar o melhor suporte possível, procurar interagir com eles, contribuir com qualquer informação e ação”, explica.
Já sobre Daniel Adisaka, a atuação será diferente, porque o atleta faz parte do time do IGM e é orientado diariamente. “Existe uma interação, um conhecimento maior do potencial dele, da maneira que surfa. Certamente com ele e com os atletas do IGM é mais fácil de ter participação”, revela. “Mas para os três há o pensamento de dar suporte diferenciado pensando nas vagas. Mas eles têm de estar muito focados, preparados para não ter imprevistos no meio do caminho”, adianta.
Além dos três mais bem posicionados para as vagas ao Mundial, o time paulista conta com destaques que podem fazer bonito. A lista é grande, mas Leco fala de alguns nomes. “Na Sub 14 temos o Diego Aguiar, que surfou muito em Maracaípe. Cometeu um erro na final, mas tem muito potencial. Pode somar muito. Também tem o Caio Costa, o Cauã Gonçalves, o Rodrigo Saldanha e o Renan Rodrigues, que fez bonito. Todos podem figurar como protagonistas”, lista.
“Na Sub 16, o Eduardo Motta é o grande nome do time, junto com o Daniel Adisaka. O Caio Costa também pode surpreender. Na Sub 18 mais uma vez o Dudu e o Dani aparecem bem, e temos o Fernando John John, competindo em casa e que surfou muito bem em Pernambuco. Entre as meninas, na Sub 18 a Louisie Frumento pode fazer bonito, junto com a Isabela Saldanha, bem nas duas categorias”, complementa.
Recente – Apesar de trabalhar com surfe desde os anos 90, a atuação como técnico profissional é recente. Foi oficializada com o início do Instituto Gabriel Medina, em fevereiro deste ano. “Oficialmente, profissionalmente foi com o IGM, porém tem toda a bagagem, o conhecimento adquirido ao longo de vários anos no surfe”, reforça.
A primeira ação foi em 1997 com o Surf Club Maresias. Em 99, passou a ser um dos professores da escolinha de surf, com o Gedeon Gonçalves. “Foi o primeiro trabalho remunerado”, recorda. “Trabalhei muito com iniciação ao surfe, escolinha. Parei de competir e o trabalho com juiz me deu uma base muito boa para o trabalho como técnico. Também sempre fui organizador de campeonatos”, acrescenta.
Ele também credita a o seu crescimento na profissão à função no IGM. “Sem dúvida ajuda no crescimento profissional. É uma oportunidade importante e, ao mesmo tempo, uma situação que exige muito compromisso. Precisa fazer com que aconteça no nível que se espera quando falamos no nome Gabriel Medina. É inevitável, mas me estimula muito a evoluir sempre”, argumenta.
E evolução é o que Leco mais almeja para seguir em destaque na profissão. “Tenho muito ainda a aprender. Quero absorver o máximo. Tendo confiança para arriscar decisões e humildade para aprender, seja com erros ou oportunidades de receber informações de pessoas que trabalham com o surfe pelo mundo”, conclui.
O CBSurf Tour Hang Loose Japan Trials definirá a seleção brasileira para o Mundial Junior da ISA, em setembro, no Japão. A terceira etapa do ranking da Confederação Brasileira de Surf será disputada em dois dias, entre 25 e 27 próximos. Serão 136 surfistas em ação, com limite de 18 anos de idade.