Há dez anos, o empresário Rogério de Almeida e o administrador Roberto Chiaverini Jr. uniram forças para realizar o antigo sonho do paulistano de ter uma piscina de ondas no quintal de casa.
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Um projeto ambicioso, mas que evoluiu graças à persistência dos empreendedores e hoje tornou-se mais do que viável com a parceria da empresa Murphy Waves.
Em fase de captação de recursos, o centro de esportes Go Surf é um grande complexo esportivo com 50 mil metros quadrados e localizado à beira da rodovia Raposo Tavares.
Na parte do surf, uma piscina geraria ondas de seis em seis segundos e com média de 1,5 metros graças ao modelo Double Barrel, desenvolvido pela Murphy Waves, empresa que já fabricou as piscinas dos parques de Tenerife e Emirados Árabes.
O complexo, que ainda contará com pista de skate, espaço para shows, eventos, restaurantes, além de academia completa com aulas de surf, volêi, futebol de praia, bike, entre outros, receberia em média 900 pessoas por dia, cerca de 300 mil por ano.
Esse número é o resultado das pesquisas de mercado encomendadas pela empresa Surf City, liderada por Chiaverini e Rogério de Almeida, idealizadora do projeto Go Surf.
Por meio destes estudos, os empresários descobriram que a cidade de São Paulo possui cerca de 30% dos surfistas do Brasil e o projeto teve 82% de aprovação.
A Surf City também já encomendou testes do modelo Double Barrel, realizados com sucesso em Edimburgo, Escócia. Inédita no mundo, a máquina ficaria localizada no meio de uma piscina gigante (cerca 16 mil metros quadrados) e geraria ondas para os dois lados.
O maior desafio agora é captar recursos, em um investimento de aproximadamente R$ 26 milhões. Para tanto, Chiaverini e Almeida trabalham em três frentes: investidores físicos, empresas patrocinadoras ou o crowd funding, uma alternativa que aposta no financiamento coletivo.
Enquanto isso, o projeto concorre ao prêmio Movimento Hot Spot na categoria ideias e empreendedorismo. Por meio da ferramenta “curtir” no Facebook, o projeto procura o apoio do máximo de surfistas para ser divulgado nacionalmente e trazer interessados em patrocinar o Go Surf.
“Entendemos que como esse é um concurso nacional, é uma maneira das pessoas passarem a conhecer o projeto Go Surf. Divulgar o projeto para que essas ideias se tornem conhecidas e para que venhamos a ter um respaldo até dos interessados. E que, através desses contatos, que possam surgir novos interessados, seja em patrocinar ou investir no negócio”, diz Rogério de Almeida.
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Confira abaixo mais da entrevista com Rogério de Almeida. O empresário fala sobre o início do projeto, seu envolvimento com a Murphy Waves, entre outros assuntos.
O que é o Go Surf?
O Go Surf é uma academia para o treinamento e prática do surf e de outros esportes de ação. É um lugar amplo ao ar livre entre a Rodovia Raposo Tavares e o Rodoanel Mário Covas que integra a prática de esportes com entretenimento música e comércio.
Como surgiu o projeto?
O projeto tem aproximadamente 10 anos, começou eu trabalhava numa empresa fabricante de equipamentos para parques aquáticos e meu parceiro na ocasião, e atual, Roberto Chiaverini me procurou e ele próprio já com a ideia de montar um projeto deste tipo. Perguntando se nós ali da empresa poderíamos desenvolver um projeto deste tipo. Eu disse pra ele que sim.
A partir daí comecei a me envolver primeiro através da empresa, depois pessoalmente. Fizemos um primeiro projeto, mas ele tinha uma dimensão muito grande e de difícil viabilidade financeira ao final. Aquele foi o resultado do primeiro projeto mas que já previa surf em piscina. O projeto levou um tempo para o desenvolvimento mas deu para nós muitas informações, trouxe muito conhecimento sobre o primeiro negócio. Passado algum tempo o Roberto já tinha mudado pra Florianópolis, e ele me chamou de novo, isso deve fazer uns cinco anos, e partimos para uma coisa nossa com um aspecto muito mais profissional.
Fizemos um estudo de mercado, é nesta ocasião que nos ligamos e nos tornamos representantes da Murphy Waves, que é esse fabricante escocês de equipamentos de geração de onda. Com esses recursos tecnológicos e com essas informações disponíveis, começamos a montar o projeto que resultou ao final no que é o GoSurf. Foi bastante tempo de desenvolvimento, pelo menos dois anos, para montar o projeto inicial e o legal é que ao final, com todas as informações que a gente tinha, a gente construiu algo que mostrou ter viabilidade financeira.
E por que a escolha de São Paulo?
Pelas características da cidade. Talvez São Paulo é o lugar que tenha mais a ver com um negócios desse no mundo. Pelo número de pessoas, pelo número de surfistas, pela distância da praia, São Paulo possui as condições que a gente considera ideais para isso. Então fomos atrás de um terreno em São Paulo que pudesse comportar isso. Já tínhamos ideia do tamanho que a gente precisava e mais ou menos a gente imaginava as condições para isso, boa localização, e tal. Entramos em entendimento com o proprietário do terreno, e estabelecemos uma parceria com ele. Então hoje nós já temos a parceria com o proprietário do terreno e nós acabamos por decorrência deste trabalho com o fabricante dos equipamentos, nos tornamos representantes da marca Murphy Waves no Brasil.
Então a Surf City é a que detém os direitos e hoje é a representante da marca no Brasil. A gente entende que esse projeto é bastante voltado à moçada, a todos os interessados em praticar esportes diferenciados de ação. Então é uma coisa que vai evoluindo. No início do projeto o conceito estava mais voltado ao entretenimento, mas nas conversas, nos pesquisas de mercado que realizamos, a gente percebeu que a vocação muito mais do negócio é pra uma academia de esportes, um lugar onde as pessoas vão para ficar em forma.
Então hoje tem um caráter muito mais de academia do que um centro de entretenimento. Isso é porque à medida que você vai evoluindo um projeto surgem outras demandas e outras necessidades de você atender um projeto, isso é o caso da própria estrutura de vestiário, de bares, restaurantes, de lockers, lojas, de escolinhas de surf, ou locais apropriados para eventos, então ali a gente vai poder combinar uma apresentação de moda, de música, show, enquanto isso vai se praticando o esporte.
Qual foi a importância de uma grande de pesquisa de mercado para o projeto?
Para começar ele deu para nós uma dimensão mais real de pessoas interessadas. Então com isso a gente pôde construir bastante a nossa base de pessoas interessadas e pôde dimensionar com isso o número de pessoas, de piscinas, de ondas, e tudo mais, isso tudo veio do estudo de mercado. Então hoje se a gente construir uma piscina que faz onda a cada seis segundos, elas fazem isso pra atender a demanda que existe.
A outra coisa que se revelou pelos estudos foi que o pessoal mais interessado eles são mais propensos a ir nos horários mais extremos do dia. Bastante cedo, no que seria antes do trabalho, ou bem tarde à noite, no que a gente entende que é depois do trabalho. Por isso que o projeto esta pensado trabalhar 15 horas por dia, sendo que no final resultou que na parte mais quente do dia a gente vai poder atender um público mais diverso, que também quer ver o surf, que também quer surfar, mas não com aquele mesmo profissionalismo dos outros. Diversas informações vieram do estudo de mercado. O perfil do público, outra coisa, o pessoal quer ondas de verdade, não quer ondinhas artificiais de parques aquáticos.
Não existem muitos empreendimentos deste no mundo, também já vimos muitas tentativas de se construir uma onda artificial rentável. O próprio Kelly Slater tem um projeto há anos que ainda não saiu do papel. Você não acha esse projeto ambicioso demais?
O projeto é ambicioso e isso é bom. Para vir o novo a gente precisa criar o novo, pensar no novo. Neste sentido ele é ambicioso. Como disse, as dificuldades maiores de criar um projeto como esse são: uma tecnológica, você criar, ou ter parceiros que consigam desenvolver a solução para ter as ondas que você quer na frequência e no tamanho desejado. Quando você consegue atender isso – e muitos fraquejaram ao redor do mundo -, você passa por outra coisa muito importante que é a questão de dar uma viabilidade ao empreendimento. A gente não pode criar algo que é só muito legal e depois não gera o retorno pra aqueles que investiram. Então no formato que a gente buscou, na fórmula que conseguimos desenvolver, o empreendimento gera um retorno financeiro bastante bom e isso é a forma de termos vencido essa grande segunda barreira.
Qual foi a sua trajetória profissional até chegar ao surf?
Olha, eu sou só um estudioso do negócio por conta, enfim, de ter trabalhado com um projeto deste tipo há bastante tempo. Então todo meu envolvimento tem sido de estar no meio do surf conversar com todo tipo de pessoas interessadas, de indústrias, que tem marcas de confecção de surf, assim como gente de praia, surfista normal. Eu próprio não sou surfista, mas estou na parte de pensador do negócio, de quebrador de cabeça, o Roberto, meu sócio, ele que sempre foi surfista, grande entusiasta do esporte, é praticante ainda, então vamos dizer que a parte técnica e entusiasta do negócio é dele. A nossa combinação vem daí, de eu ter certo conhecimento de negócios e ele ter um bom conhecimento do esporte.
Como foi o desenvolvimento do projeto com a Murphy Waves?
Na verdade, quando a gente começou já tinha um engenheiro especializado em construção de ondas artificiais, professor Ph.d e tudo. Então ele tinha deslumbrado um modelo desta natureza, diferente de outros que existem por aí. Que é este de bater a onda no movimento como se fosse de um pêndulo, exatamente porque ele via que isso poderia gerar um esforço pra um lado e essa energia poderia ser aproveitada para o outro também.
Ele pensou isso e nós já tínhamos incorporado esse modelo, já que ele poderia gerar resultado. Quando a gente começou a trabalhar nele, vimos que a Murphy Waves já tinha começado a trabalhar neste conceito. Isso é uma coisa curiosa no mundo, às vezes surgem ideias semelhantes ao mesmo tempo em diferentes lugares do mundo. Foi o que aconteceu.
Bom, a Murphy já é um fornecedor conhecido, com muita reputação, enfim, um dos maiores do mundo. Quando vimos que tinha gente pensando naquele mesmo sistema, nós nos voltamos para a Murphy. Eles falaram que tinham desenvolvido o modelo, mas que ele precisaria ser testado. A gente partiu para participar com eles nesses períodos de testes na Universidade de Edimburgo e ali foram feitas as medições, você vê o comportamento da água, o tipo de onda que é gerado e tudo mais. Então esse foi o nosso envolvimento e depois disso ele só aumentou. Hoje eles nos procuram para qualquer coisa, pois estamos muito avançados e passamos por um processo longo para chegarmos até aqui.
Como foi esse envolvimento? Vocês financiaram o teste?
A gente financiou o teste sim, eles nos falaram: “isso está aqui pronto, tem todo um modelo estudado, mas se vocês querem parceiros nisso a gente precisa de investimentos”. A gente participou, bancamos isso, então na verdade se trata de uma parceria completa.
E como vai funcionar essa onda?
Na verdade tem esquerda e tem direita. No nosso projeto está pensado uma piscina dupla, no modelo que eles chamam de “Double Barrel”, o equipamento é posicionado no meio da piscina e ele gera ondas tanto para um lado como para o outro. De um lado é direita e do outro esquerda. As ondas, o tamanho é variado, mas elas giram em torno de 1,5 metros ou até 1,8 metros. Que até outra vez de acordo com os estudos e os especialistas, esse é um tamanho que atende a todos muito bem.
Como é mexer com o sonho do paulistano de ter uma praia perto e o sonho do surfista o sonho de ter uma onda a qualquer hora?
Olha, é um prazer muito grande e uma responsabilidade muito grande. São Paulo é um lugar muito limitado para as pessoas praticarem o esporte ao ar livre e tudo o mais. É um prazer enorme poder oferecer um espaço como esse para uma população relativamente numerosa.
Por outro lado, para o surfista, também é um prazer imenso, porque o surfista sonha em praticar o surf na piscina há muito tempo. É uma grande realização que também traz responsabilidade porque quando a gente pensa e se prepara muito tempo para uma coisa igual isso, deve entregar uma coisa de muita qualidade, porque a expectativa é grande. Então precisamos entregar à altura.
E como é a receptividade dos surfistas quando você apresenta o projeto.
É excelente. Isso que eu acho que nos manteve esse tempo todo animados, empolgados e sempre determinados a continuar investindo, perseguindo, buscando e dando soluções para o negócio. Sem dúvida o apoio que a gente teve das pessoas, em especial dos surfistas, é o que nos embalou esse tempo todo. O sonho está vivo e é nosso sonho também poder realizar e entregar isso. Eu acho que será um grande diferencial para São Paulo e para o Brasil, pois é muito modelo perfeitamente exportável para outros lugares.
Como funciona esse concurso de ideias?
Com o objetivo de divulgar e mostrar o projeto Go Surf para o maior número de pessoas possíveis, nós decidimos participar de um concurso nacional que se chama movimento Hot Spot. Esse projeto é patrocinado pelo Ministério da Cultura, pela Vale, Riachuelo, e tem como parceiros Sebrae, Abril. Ele busca premiar as melhores ideias em segmentos distintos como Moda, Saúde, Educação.
A gente entrou no campo ideias e empreendedorismo. Entendemos que como esse é um concurso nacional, é uma maneira das pessoas passarem a conhecer o projeto Go Surf. Divulgar o projeto para que essas ideias se tornem conhecidas e para que venhamos a ter um respaldo até dos interessados e que através desses contatos que possam surgir novos interessados, seja em patrocinar ou investir no negócio.
Quais seriam os modelos de investimento?
A gente acredita em uma nova modalidade que é o crowd funding, o financiamento coletivo. A gente acredita que o resultado dos investimentos vai ser um mix dessas combinações: financiamento coletivo, patrocinadores e investidores.