O carioca Marcelo Simon é figurinha carimbada nas telas do Waves. Ultimamente vem se destacando por seu trabalho com altíssimo reconhecimento internacional, principalmente no Hawaii.
Nascido em 1972, shaper desde 1996, ele já assinou mais de 6 mil pranchas em quatro países diferentes: Brasil, Estados Unidos (Califórnia e Hawaii), Espanha e Peru. Produziu pranchas para grandes nomes do cenário internacional como Luke Egan, Sunny Garcia, Pat O?Connel, Mikala Jones, Ezra Sitt, Kalani Chapman entre outros. Os shapers que mais influenciam seu trabalho são Eric Arakawa e Ricardo Martins.
Tem um time de responsa como principais pilotos de testes dos seus foguetes. No Brasil, Heitor Alves (World Tour), Binho Nunes (free surfer) e Carlinhos Rodrigues o ?super grommet? – como ele mesmo gosta de rotular o pupilo. No exterior, os havaianos Flynn Novak e Daniel Jones.
Simon, antenadíssimo com o que há de mais moderno, usa como arma o programa surfcad e a maquina DSD pra desenvolver seus shapes.
O shaper carioca tem uma enorme bagagem internacional, tanto de surf como de shape. Já foi para o Hawaii muitas vezes, onde passa no mínimo três meses por ano. Já esteve no Peru 11 temporadas, Califórnia cinco, França duas, Espanha duas, Portugal duas e Inglaterra duas. E ainda esteve por uma vez no Equador, Panamá, Costa Rica, México e Fernando de Noronha. Haja bagagem!
Conheça um pouco mais do que vem aprontando esse mestre da plaina na entrevista exclusiva concedida ao Waves.
Como surgiu a oportunidade de shapear no Hawaii?
Em 2006 estava fazendo a perna Européia do WQS com o Jean da Silva e, coincidentemente, ficamos hospedados junto com alguns havaianos na casa do Nick, shaper das pranchas Semente, em Portugal.
Depois de 10 dias de convivência acabei me tornando amigo do Daniel Jones e Flynn Novak, que se interessaram bastante nas pranchas do Jean e me disseram que quando eu fosse ao Hawaii iria ficar na casa deles, que nela havia um shape room e que poderíamos fazer umas pranchas. Cheguei em setembro no Brasil e, em janeiro de 2007, comprei minha passagem para o Hawaii.
Mandei um email pra eles e tive como resposta a uma unica frase. ?You are welcome to come over anytime, aloha?. Então, dia 3 de março lá estava eu em Oahu, onde fui recebido por eles. Logo no dia 5 de março era aniversário do Flynn, rolou uma festa e fui apresentado pra quase todos os amigos da área, que eram nada mais nada menos locais como Kalani Chapman, Ezra Sitt, Jason Frederico, Braden Dias e muitos outros.
Nos dias seguintes quando ia surfar em Rocky Point, aliás, a casa é na cara do gol, em frente a Rocky rights, encontrava com esses caras e eles me cumprimentavam e me tratavam super bem na água, o que me deixou bem a vontade por lá. Então, moral da história, tudo começou com uma grande amizade.
E como você começou a shapear por lá?
Na verdade já fui prevenido, levei uma prancha pro Flynn e outra pro Daniel daqui do Brasil. Eles adoraram as pranchas e foram logo fazendo mais umas cinco pra cada um.
Daniel Jones é de uma família tradicional do surf havaiano, irmão do Mikala Jones e Keoni Jones, ainda tem a Malia Jones que é casada com o Luke Stedman e surfa muito bem. Eles são filhos do Doctor Jones, maior incentivador do surf de toda essa galera e que investe muito na carreira dos filhos.
Acabou que fiz pranchas pra toda a familia Jones, no excelente shape room instalado no subsolo da Rocky Point House! A família Jones, junto com Flynn Novak, me acolheu muito bem e, por terem gostado das pranchas, também trouxeram seus amigos pra fazer umas pranchas e daí as coisas foram só evoluindo.
Mas você shapeia na mão ou usa máquina? E quem faz a laminação de suas pranchas?
Na real eu uso a maquina dsd. Depois de muita procura e algumas portas fechadas, nós (eu, Daniel Jones e Flynn Novak) fomos muito bem recebidos na fábrica do Eric Arakawa, onde pudemos desenvolver nosso trabalho.
Eric tem sido um anjo pra mim lá no Hawaii, me deu uma abertura muito boa, me deixou a vontade pra que eu pudesse usar a maquina dele e, a partir desse último inverno 2008 / 2009, começou a laminar parte da minha produção também. A outra parte é feita na Third Stone, uma das maiores fabricas de laminação do North Shore.
E como funciona este trabalho com os havaianos?
Faço um trabalho com Flynn Novak desenvolvendo um modelo de short board que acabou levando ele a vitoria no WQS de Ala Mona. Desenvolvo com o Daniel Jones um modelo de prancha em epoxi, já estamos obtendo bons resultados e até algumas páginas duplas em revistas, como a Surfer.
Desenvolvo também as gunzeiras com eles dois, mas foi um amigo deles, Ezra Sitt que trouxe o melhor feedback e resultado nesse modelo. Fizemos uma 6,10 que funciona muito bem em Backdoor e Pipe, o cara passou três baterias no Pipe Master com essa prancha, perdendo apenas pro vencedor do campeonato, Kelly Slater.
Também faço varias custom boards (encomendas) para algumas surf shops e amigos tanto meus quanto deles. Muita gente tem experimentado e gostado das pranchas por lá.
E pra manter esse trabalho como você faz? Com qual frequência você vai ao Hawaii?
Depois que iniciei esse trabalho tenho ido ao Hawaii duas vezes por ano. Uma vez em setembro, na pré temporada, para fazer as pranchas para o inverno e outra em Fevereiro ou Março para fazer as short boards pro verão e para as competições do WQS. Gasto aproximadamente de três a quatro meses por ano no Hawaii e o trabalho tem evoluído muito a cada ida.
Você considera o Hawaii muito importante para o trabalho de um shaper?
Olha, o Hawaii certamente não é um dos maiores mercados do mundo, mas em compensação ele te da a credibilidade e a visibilidade. O mundo inteiro vai pra lá pegar onda e observar tendências, todo mundo sabe o que acontece no arquipélago, se você está fazendo um trabalho e está sendo reconhecido, com certeza o mundo do surf está sabendo!
Portanto, o Hawaii ainda é a Meca do surf mundial, onde produtos e surfistas são testados. É realmente onde as coisas acontecem!
Você quer deixar algum recado ou enviar alguma mensagem?
Quero sim. Primeiro é pra nunca deixar de sonhar, acreditar sempre que você pode, que você consegue! E segundo, galera, respeito! Está faltando respeito em nosso mundo! Pensem nisso! Abraço e boas ondas!