Show brazuca em Puena Point

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Havaiano Kealii Mamala, vencedor ao lado de Garret Mcnamara, em uma das melhores ondas da prova. Foto: Fabiana Nigol.

Um evento épico para o surf brasileiro e havaiano. Assim pode ser definida a segunda edição do ?Eddie Would Tow?, competição de tow-in realizada no último domingo na costa Norte de Oahu, Hawaii.

 

A ondulação, que atingiu 20 pés na bóia com intervalos variando entre 19 e 24 segundos, fez a felicidade dos brasileiros no evento, que ficaram com três das quatro primeiras posições em Puena Point, pico situado ao lado de Haleiwa.

 

Os havaianos Garrett Mcnamara e Kealii Mamala ficaram com o título e US$ 5 mil de prêmio, seguidos por Yuri Soledade e o havaiano John Gangini, que faturaram US$ 2,5 mil pelo segundo lugar.

 

Brasileiros fazem a festa no pódio e ficam com três dos quatro primeiros lugares. Foto: Fabiana Nigol.
Sylvio Mancusi e Everaldo Pato ficaram em terceiro lugar e levaram US$ 1,5 mil, com João Maurício e Edison de Paula, quartos colocados, faturando US$ 500.

 

No total 20 equipes participaram do evento, que apresentou um formato bem simples. Na primeira rodada rolaram baterias com duração de 30 minutos e presença de três equipes.

 

Nas fases seguintes as baterias tinham duas duplas e 20 minutos de duração, e a final teve 40 minutos.

 

Os organizadores do Eddie Aikau previam o auge do swell somente para depois do almoço, e não teriam tempo suficiente para a realização de todo o evento.

 

Mas, ao passar por Waimea Bay ainda no escuro, às 6 horas da manhã, as ondas já fechavam a baía do jeito que Eddie gostaria que rolasse o evento.

 

Ondas de 20 pés sólidas quebravam na onda mais tradicional do big surf mundial e foi assim durante todo o dia, segundo a galera.

 

O forte swell que atingiu as ilhas havaianas no domingo mobilizou todos os big riders presentes no arquipélago. Tanto em Jaws, na ilha de Maui, como em Kings Reef, no Kauai, como Oahu, a felicidade dos surfistas de ondas grandes foi completa.

 

Garret Mcnamara surfou Log Cabins durante a manhã, antes de sua bateria, e disse que tinha altas ondas, mas que Puena Point estava melhor.

 

O bacana do evento foi que não rolou a famosa politicagem. A maioria dos atletas que participou da prova desfrutou das excelentes ondas com somente uma ou duas duplas por pelo menos 30 minutos, tempo de bateria no primeiro round.

 

Para dar uma idéia do nível de camaradagem presente, o salva-vidas radicado no Hawaii Vitor Marçal, que fazia dupla com o paulista Luis Fernando Giardini, cedeu seu lugar para o publisher da revista Alma Surf Romeu Andreatta.

 

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Everaldo Pato de costas para um dos tubos mais insanos da temporada. Foto: Fabiana Nigol.
Várias duplas de excelente nível prestigiaram a prova realizada pelo lendário big rider Ace Cool.

 

O campeão do XXL do ano passado Dan Moore e seu parceiro Mark Anderson se deslocaram de Maui e deixaram Jaws para surfar Puena Point com direito a longas direitas e tubos pesados no inside.

 

Jamie Sterling, Troy Allotis, Marvin Foster, Dan Moore, Mark Anderson e Garret Mcnamara foram alguns dos atletas de renome que competiram.

 

A primeira fase rolou em ondas de 15 a 18 pés e excelentes tubos no inside.

 

O lendário big rider Ace Cool é o nome por trás do evento realizado em Puena Point. Foto: Fabiana Nigol.

Em nossa primeira bateria, Pato surfou o melhor tubo do evento, de backside e sem as mãos na borda.

 

?Na minha opinião o tubo do Pato foi o melhor não só do evento, mas de toda temporada havaiana?, disse Jamie Sterling.

 

No fim da sua bateria do primeiro round, o big rider Dan Moore passou muito mal após sair no meio de uma onda quando entrava a série.

 

Moore tomou todas na cabeça e ficou cerca de meia hora deitado na prancha de resgate no canal para recuperar as energias.

 

No segundo round ele foi eliminado com seu parceiro Mark Anderson pela dupla brasileira João Mauricio e Edison de Paula, que surfou altas ondas e mandou de volta a Maui a dupla que surfou a maior onda da temporada 2005.

 

Yuri Soledade também surfou um bonito tubo; seu parceiro, o local de Maui John Gangini, mostrou ótimo entrosamento com o baiano.

 

Um dos pontos baixos do evento foi o quase afogamento do havaiano Marvin Foster. O veterano tomou algumas ondas na cabeça e chegou inconsciente na praia, onde ficou assim por cerca de meia hora, depois de ser resgatado pela equipe de salvamento.

 

Depois de receber ressuscitamento cardíaco e balão de ar, o havaiano se recuperou. Os seguranças de água queriam de toda maneira transferir o evento para as esquerdas de Avalanches, onde o resgate é mais fácil.

 

Porém, durante as discussões na praia entre organizadores e atletas, o alto nível das ondas em Puena garantiu a permanência das baterias no local.

 

Entre os incidentes, dois jet-skis foram parar nas pedras. Como em Jaws, Puena Point quebra na frente de uma rasa bancada de coral e um erro ali é fatal para o jet-ski.

 

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Baiano Yuri Soledade ficou em segundo lugar ao lado do parceiro John Gangini. Foto: Bruno Lemos / Lemosimages.com.
A partir do meio-dia as ondas começaram a subir mais um pouco e quebravam na série com 20 pés plus (40 de face) com um brilho alucinante do forte sol e dos olhos dos espectadores que lotavam a praia de Haleiwa ? mesmo não enxergando perfeitamente as ondas, que quebravam bem longe da costa.

 

Nas quartas-de-final eu e Pato eliminamos a dupla Jamie Sterling e Troy Allotis.

 

As duas outras duplas restantes no evento, João Jabour e Edison de Paula e Yuri Soledade e seu parceiro Gangini, de Maui, também se classificaram formando duas semifinais de quatro duplas, com somente uma equipe havaiana na disputa: Garrett Mcnamara e seu novo parceiro Kealii Mamala.

 

Sylvio Mancusi fez bonito e garantiu o terceiro lugar junto com seu parceiro Everaldo Pato. Foto: Fabiana Nigol.
Mamala arrepiou durante todo o evento e Mcnamara pilotou majestosamente, colocando seu parceiro nas melhores ondas.

 

A primeira semifinal foi entre Edison e João e Yuri e Gangini. João pegou uma boa onda no meio da bateria, mas não conseguiu passá-la e exigiu um resgate extremamente delicado.

 

Enquanto isso, Yuri surfou uma das mais bonitas ondas da competição, assegurando a vaga da dupla na final.

 

Na segunda semi eu e Pato caímos contra Garret e Kealii. Ao pegar as camisas de competição no barco onde os juizes ficavam, ouvimos um deles gritar ?Go Garrett?, mostrando um triste e descarada imparcialidade.

 

Imagino que uma final praticamente brasileira seria inaceitável aos olhos dos juizes. A bateria teve altas ondas e a forte amizade entre a galera foi esquecida quando a série entrava.

 

Ambas as duplas surfaram altas ondas. Creio que se fosse no Brasil teríamos levado, mas como foi no Hawaii, Garret carimbou seu passaporte para a final.

 

A bateria decisiva, de 40 minutos, foi uma das piores por causa da baixa freqüência de ondas. Na melhor série Garrett colocou Kealii na maior onda e ele surfou muito, confirmando a vitória da dupla e garantindo o cheque de US$ 5mil.

 

Parabéns às duplas brasileiras que encheram o pódio do evento, com direito a bandeira do Brasil e tudo mais.

 

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Resultados do Eddie Would Tow 2006 em Puena Point

 

1 Garrett Mcnamara (Haw) e Kealii Mamala (Haw) US$ 5mil
2 Yuri Soledade (Bra) e John Gangini (Haw) US$ 2,5 mil
3 Sylvio Mancusi (Bra) e Everaldo Pato (Bra) US$ 1,5 mil
4 João Maurício  (Bra) e Edison de Paula (Bra) US$ 500