Show de super surf em Maresias

Finalistas do Super Surf 2002 em Maresias

A exemplo do que vem acontecendo no circuito mundial, o circuito brasileiro profissional também está evoluindo a cada ano, seja com mudança no seu formato, com a entrada de fortes patrocínios, aumento de premiação e escolha de bons lugares para a realização das etapas.

A primeira etapa do Super Surf 2002 mostrou tudo isso e mais um pouco. Há dois anos houve a implantação do novo formato, similar ao WCT e WQS ? com o circuito Super Trials classificando os 16 primeiros do ranking para o Super Surf.

Este ano teve a entrada da Volkswagen como principal patrocinadora do circuito, oferecendo um carro de prêmio extra ao campeão, além da premiação em dinheiro, a mais alta do mundo em circuitos nacionais e também da história do Brasileiro.

Como se não bastasse, a etapa inaugural de 2002 será lembrada também pelas ondas clássicas na praia de Maresias e pelo alto nível dos surfistas, com disputas entre várias gerações de diferentes regiões do Brasil. Para dar uma idéia, as oitavas-de-final foram compostas por representantes de seis Estados, com idades entre 18 (Jihad Kohdr ? PR) e 33 anos (Wagner Pupo ? SP).

As ondas apareceram de verdade somente no domingo (29/04), quando foram realizadas as oitavas, as quartas-de-final, as semifinais e a final da categoria Masculino. No mesmo dia também rolaram as finais femininas, com ondas de 2 metros abrindo para os dois lados e muitos tubos ? com vários free-surfers levantando a galera na praia ao lado da área de competição.

Para garantir a segurança dentro da água e inclusive o resgate dos atletas na hora de passar a arrebentação, foram convocados o salva-vidas Romeu Bruno, o ex-surfista profissional Saulo Lira e Alemão de Maresias, munidos com dois jet-skis. Além de tudo isso, eles ainda tiveram que tirar vários surfistas que entravam na área de comeptição devido à forte corrente no outside e no inside.

Mas quem estava com o faro apurado para andar por dentro era o carioca Marcelo Trekinho, campeão da etapa com o recorde de três notas 10, fato inédito na recente história do circuito. Outra curiosidade desta etapa foi a disputa entre Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte em ambas as finais, masculina e feminina.

Trekinho, de 22 anos, que faz sua estréia na elite nacional esse ano, derrotou o potiguar Fabrício Junior, 24 anos, campeão brasileiro Amador em 98, e levou R$ 15 mil. E Andréa Lopes, 28 anos, tetracampeã brasileira, ganhou de Viviane Maria, 22 anos, que não conseguiu passar a arrebentação na final, deixando Andréa sozinha no outside para embolsar R$ 5 mil pela vitória.

Os dois também estão na liderança do ranking brasileiro e mais próximos da Saveiro oferecida pela Volkswagen para o campeão do Super Surf. Dois surfistas dividiram a terceira colocação da etapa de Maresias, o baiano Wilson Nora e o carioca Alexandre Almeida, o ?Dadazinho?.

Foi controversa a trajetória de ambos até lá. Nora veio direto das etapas do mundial na Austrália para vencer as triagens e despachar vários tops no caminho até a semifinal, quando perdeu para Fabrício Jr. Já Dadazinho, em seu discurso no pódio, contou estar num momento crítico de sua vida e quase abandonou as competições por falta de patrocínio, entre outros problemas pessoais.

O dia teve ainda uma bateria de aéreos vencida por outro carioca, Leonardo Neves, com um aéreo de frontside chutando a rabeta que valeu R$ 800. Porém, o nível foi abaixo do esperado, principalmente porque as ondas não estavam proporcionando a velocidade suficiente por causa da maré cheia.

A praia ficou lotada na hora das finais, e a galera vibrou com o último tubo de Trekinho. Ele dropou a onda no crítico e logo botou pra dentro. Quando todos achavam que já tinha morrido dentro ele saiu limpo, tirando 10 e selando sua primeira vitória na carreira como profissional em Maresias.

Ao sair da água, Trekinho foi cercado por fãs, fotógrafos e jornalistas num círculo digno de estrela. E realmente sua estrela brilhou em Maresias. Alguém aparaceu com um celular em em poucos segundos ele estava comemorando com sua mãe a vitória. “Eu ganhei, porra!!!! Mãe, eu ganhei!!!”. Durante a entrega de prêmios, ele confessou estar vivendo o dia mais feliz de sua vida.

Na seqüência rolou a apresentação das candidatas do Beach Girl, que elege a garota mais bonita da praia. Após muitos gritos e assobios, o Super Surf encerrou sua passagem por São Sebastião com um show das bandas CPM 22 e Cajamanga, autora de uma das músicas do filme Surf Adventures.

Impasse ? Nem bem acabou a primeira e já há um impasse quanto a realização da próxima etapa do Super Surf 2002. Pelo cronograma ela aconteceria na praia do Cupe, em Recife (PE), de 22 a 26 de maio.

Porém, a menos de um mês da data, a Prefeitura e o Governo Estadual de Pernambuco, responsáveis pelo patrocínio do evento, não confirmaram o pagamento da quantia combinada com a ABRASP e com a Abril.

Com isso, surgiram outros interessados em sediar o campeonato, como a cidade de Ilhéus, na Bahia, que inclusive já iniciou a negociação com os organizadores.

O atleta pernambucano Sávio Carneiro, oitavo colocado no ranking, iniciou então um abaixo-assinado a fim de angariar votos favoráveis ao local e pressionar o governo de Pernambuco a confirmar o pagamento.

?Ano passado tivemos uma etapa lá e foi um sucesso, tanto de público como mídia. Quero deixar claro que não se trata de um ato isolado, estou ouvindo os surfistas e perguntando o que todos acham?, disse Sávio.

Segundo o presidente da ABRASP e competidor do circuito, o carioca Pedro Muller (33o do ranking), dificilmente a etapa volta para o Cupe. Já está praticamente tudo acertado para a realização da prova no município de Ilhéus.

?Foi uma atitude lógica. É claro que ninguém queria mudar o cronograma, tava tudo certo. Pernambuco teve tempo de sobra pra cumprir o combinado. Agora, depois que a Bahia se comprometeu a bancar tudo certinho, não dá pra ficar fazendo leilão, esperando quem dá mais?, esclarece Pedro, que não acredita no sucesso da iniciativa de Sávio Carneiro.

Ao que tudo indica, a próxima parada do Super Surf será mesmo na terra do acarajé. Que as ondas venham tão apimentadas quanto estavam em Maresias.

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