Direto do front

Silvana de bola cheia

Silvana Lima, Roxy Pro 2007, Snapper Rocks, Gold Coast, Austrália

Silvana Lima em Snapper Rocks: recuperada de uma lesão no joelho, a cearense volta com gás total ao circuito mundial. Foto: ASP / Covered Images.

Silvana Lima é a favorita ao título de campeã mundial em 2007. A declaração é simples e óbvia, mas ainda não foi pronunciada em alto e bom tom pela mídia nacional e internacional.

 

Depois de acompanhar e analisar profundamente as baterias do Roxy Pro na Gold Coast e o calendário do circuito este ano, a verdade não sai da minha cabeça: Silvana Lima é sim a favorita disparada ao título do WCT este ano. 
 
Vamos aos fatos. A turma feminina do WCT está bem fraquinha. As veteranas, leia-se Layne Beachley, Melanie Redman-Carr, Jaqueline Silva, Megan Abubo, Rochelle Ballard e até Sofia Mulanovich, surfaram as perfeitas direitas de Snapper inseguras, quase caindo em qualquer batida ou rasgada mais crítica.

 

Se mantiver o ritmo durante a temporada, Silvana tem grandes chances de brigar pelo título mundial. Foto: Marina Vivacqua.

O problema é mais grave do que parece. Estão todas surfando com os pés muito juntos, sem dobrar o joelho de trás – parecem o Rabbitt Bartholomew.

 

Sem projeção na cavada, chegam ao lip sem velocidade e controle sobre a prancha toda e quando completam a manobra ficam naquele balança mas não cai.

 

Uma havaiana magrinha de 14 anos, Carissa Moore, fez gato e sapato de Layne e das outras que apareceram no caminho dela, simplesmente porque surfa certo na prancha e tem um repertório moderno.

 

E olha que não precisou dar aéreos ou 360 reverses. Boas cavadas e umas rasgadinhas derrapando fizeram o serviço e mandaram metade das Tops pra casa na velha e cansada “kombi” da combinação de notas.
 
Claro que existem algumas exceções, as australianas Stephahie Gilmore, Jessie Miller-Dyer e Chelsea Hedges. As duas primeiras surfam bem, mas são jovens, inexperientes e fisicamente fracas. Podem dar uma dura, mas dificilmente vão correr uma etapa toda sem erros.

 

A goofy Chelsea é a mais experiente, surfa veloz e moderno, acabou de casar, está focada e com a cabeça no lugar. Será a principal adversária de Silvana este ano. Por isso a derrota para ela na semifinal tem uma conseqüência ainda pior.
 
Analisando as etapas do circuito, Bell’s Beach, Itacaré, Espanha, Sydney, Sunset e Honolua Bay, o favoritismo de Silvana fica ainda mais evidente. Bell’s, Sunset e Honolua são direitas perfeitas em que o surf da cearense se encaixa perfeitamente.

 

Itacaré, Sydney e Santander são beach breaks fortes em que ela vai se sentir em casa. Competir de frente para a onda contra Chelsea deve ser uma vantagem importante nas etapas que faltam.
 
Eu conheci Silvana pessoalmente quando ela ficou hospedada comigo no North Shore alguns anos atrás. Essa menina simples e alegre merece e muito esta posição de destaque. Com um patrocinador forte como a Billabong e assessoria do preparador físico e técnico Pedro Robalinho, ela tem uma excelente estrutura para chegar ao topo.

 

Repito, Silvana está física e tecnicamente muito melhor que suas concorrentes este ano. Agora é traçar um plano de ataque com a meta no título. Boa sorte Silvana, estaremos torcendo e acompanhando.

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