Depois de dois anos sem férias aqui na Nova Zelândia, resolvi que era hora de passar pelo Brasil. O primeiro objetivo da trip era visitar a família e amigos, o segundo era curtir um pouco o calor de um país tropical, afinal o inverno por aqui é intenso.
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Normalmente os vôos mais comuns entre Brasil e Nova Zelândia passam pela Argentina, via Buenos Aires, ou pelo Chile.
O interessante foi quando recentemente alguns amigos descobriram que voando via Chile pode se fazer escalas no Tahiti e na Ilha de Páscoa, destino que balança a cabeça de qualquer surfista.
Não pensei duas vezes em pagar a diferença, que gira em torno de U$
500 para fazer essas paradas, e o melhor de tudo é que se pode optar por fazer o pit-stop na ida ou na volta.
Então, a decisão foi voar direto para o Brasil para recarregar as baterias em casa e depois seguir o roteiro, que é sonho de muitos que amam colocar o pé mundo afora.
A visita ao Brasil foi muito boa como sempre e tive a sorte de surfar um mar clássico na praia da Cal, Torres (RS), na parceria do surfista Conrado Rosa, um grande amigo que conheci na Nova Zelândia.
Como tudo que é bom dura pouco. Chegou a hora de partir. Mas não sabia que o melhor estaria por vir.
Saí de Gaurulhos (SP), com destino a Santiago, na época em que acontecia a etapa chilena do WCT. Mas tive que optar em assistir as estrelas ou tocar para Vale Nevado para dropar montanhas geladas.
Foram apenas dois dias em Santiago e embarcamos para Ilha de Páscoa. A ilha é um verdadeira mistério e oferece uma energia diferente de qualquer outra ilha da Polinésia.
Não dei sorte com swell, mas deu para se divertir nas ondas de meio metro sobre uma rasa bancada de lava, um cenário não muito comum.
Na ilha, dá para comer e se hospedar por um preço bastante acessível, sem contar com a receptividade dos locais, que no momento só falavam da session dos brazucas Alemão de Maresias, Calunga, entre outros, que a caminho de Teahuppo, passaram pela terra dos moais.
Seguindo viagem rumo a Nova Zelândia, eu ainda passaria pelo Tahiti. Chegando ao aeroporto de Papeete, fui em busca de dicas de acomodação. O rapaz que estava atrás do balcão de informações me viu com as pranchas e logo indicou o vilarejo de Teahuppo, segundo ele naquela noite estava entrando um swell de mais de 10 pés.
O frio na barriga apertou logo na primeira noite. Acordei depois de fritar algumas horas e segui rumo a mais temida onda do planeta. Porém, o vento maral que soprou a noite inteira acabou com as ondas.
Com apenas cinco dias no Tahiti, procurei outras opções, afinal eu queria era surfar e acabei seguindo viagem para ilha de Moorea, atrás das esquerdas de Haapiti.
Quando acordei, a visão do bangalô era incrível. As bombas de mais de 10 pés fechavam na bancada, e sem chance de surf tive que me contentar em fazer outras atividades pela ilha.
Muito bem acompanhado, não faltou atividades pra curtir ao lado de minha namorada e fotógrafa da trip.
Esperei mais dois dias, mas nada mudou. Então resolvi voltar para Papeete e não acreditei que não iria encontrar surf em minha curta passagem pelo Tahiti.
Já no último dia de viagem acordei e do hotel percebi que o vento era nulo. Resolvi pegar a estrada e a caminho de Papapra, encontrei um pico de direita que salvou a trip. Foi literalmente na saideira, que Netuno me presenteou e lavei a alma logo.
Foi difícil despedir da ilha, mas por outro lado o meu próximo destino era minha segunda casa, a Nova Zelândia, uma ilha fantástica que oferece uma das melhores esquerdas do mundo. Além de todas as opções imagináveis de esporte radical.
A rota da Lan Chile foi testada e aprovada, posso afirmar que vai ficar difícil voar direto para o Brasil sem um pit-stop em uma dessas ilhas, que simplesmente estão no caminho de casa.
Para aqueles que planejam uma surf ou sowboard trip internacional, com certeza esse é o roteiro mais promissor do momento.