Sinal verde para o surf em Santa Catarina

Saulo Lira numa Joaca de responsa

#Como acontece em todos os anos, foi aberta mais uma vez a temporada da pesca da tainha no Estado de Santa Catarina. Entre os dias 1 de maio e 15 de julho diversos picos tradicionais do surf são interditados, gerando conflitos entre surfistas e pescadores. Porém, nesse ano um novo sistema foi implantado em Florianópolis, visando estreitar e tornar pacífica a relação entre as comunidades.

Durante anos, esse período do ano é destinado à pesca da tainha, quando os cardumes migram com os swells de sul passando pelo litoral catarinense. Os pescadores alegam que a presença de surfistas no line-up afasta os peixes do local.

Já os surfistas não se conformam em ter que olhar as ondas quebrarem perfeitas e não poder cair na água. Por anos a fio essa situação tem gerado conflitos que muitas vezes beiram a agressão física entre os grupos.

O surf em Florianópolis cresceu muito nos últimos anos e já faz parte da cultura da cidade, fomentando o turismo e gerando empregos. Houve um grande avanço na liberação das praias próprias ao esporte nesse período, mas os atritos ainda acontecem com certa freqüência.

Para mudar essa situação, Xandi Fontes, vereador de Florianópolis e presidente da FECASURF (Federação Catarinense de Surf), e Ivo da Silva, presidente da FEPESC (Federação de Pesca do Estado de Santa Catarina), criaram um termo de compromisso visando conciliar a atividade da pesca da tainha com a prática do surf no Estado de Santa Catarina.

?Hoje, netos de pescadores tradicionais são surfistas. O importante é que haja um respeito mútuo, para que esse sistema seja eficiente e funcione, harmonizando a relação entre surfistas e pescadores?, acredita Fontes.

O vereador solicitou uma audiência pública, realizada na própria câmara de vereadores da cidade, com total apoio da Prefeitura Municipal de Florianópolis, através do EMAPA (Escritório Municipal de Agropecuária, Pesca e Abastecimento).

Pela primeira vez reuniram-se para discutir o assunto proprietários de pontos de pesca, o presidente da FEPESC, Ivo da Silva, e presidentes de todas as associações de surf de Florianópolis. As duas federações definiram obrigações para ambas as partes, elaborando um termo de compromisso para ser cumprido da melhor forma possível.

Entre as principais obrigações da FEPESC está a ampliação do número de praias para os surfistas, criação e fixação de placas informativas, mastros e bandeiras sinalizadoras nos locais definidos.

Também é responsabilidade da entidade, em conjunto com a FECASURF, a implantação e controle diário das placas informativas e das bandeiras sinalizadoras no período da pesca da tainha. A FECASURF está encarregada de comunicar as associações de surf e os surfistas em geral sobre as diretrizes do acordo firmado.

Ao todo 13 praias de Florianópolis terão placas informativas com as logomarcas da Prefeitura Municipal/Emapa, da Fundação Municipal de Esportes (FME), da FEPESC e da FECASURF e bandeiras identificando as sinalizações.

A bandeira branca hasteada informa que está proibida a prática do surf, enquanto a bandeira azul significa que as ondas estão liberadas para a galera.

Além das praias Mole e Joaquina, estarão liberadas também o Moçambique (exceto o Canto das Aranhas, que terá placa e bandeira), Camping da Barra, Barra da Lagoa, Matadeiro (exceto a foz do rio, que também terá placa e bandeira), Naufragados, Lagoinha do Leste e o meio da Joaquina.

Nas demais praias da Ilha, serão utilizadas as bandeiras com cores diferenciadas informando a sinalização.

?Não é apenas uma lei que vai resolver esse problema. Tem que ser resolvido através do respeito e do diálogo?, afirmou o surfista vereador.

A princípio, esse sistema será implantado em Florianópolis. Dependendo dos resultados, será difundido em todo o Estado ? que continua com um acordo informal entre surfistas e pescadores nas principais praias.

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