Slater alcança Curren

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Depois de 12 anos Kelly Slater balança o sino do troféu de campeão do Rip Curl Pro em Bell´s Beach, Austrália. Foto: ASP World Tour / Karen.
Nesta quinta-feira o heptacampeão mundial Kelly Slater venceu o Rip Curl Pro depois de 12 anos da única vez que tinha sentido a emoção de badalar o sino do evento mais tradicional do circuito mundial, que realizou a 34a edição em Bell?s Beach, Austrália.

 

A segunda etapa do WCT 2006 foi encerrada em longas direitas de até 2,5 metros e o número 1 do mundo pegou a melhor onda que entrou na bateria final para confirmar 100% de aproveitamento na temporada.

 

Além disso, Slater deu o troco no australiano Joel Parkinson, de quem nunca havia vencido uma bateria homem a homem, e vingou a derrota sofrida em casa na decisão do WCT de Trestles, EUA, em 2004.

 

Com a segunda vitória consecutiva no ano Slater iguala o recorde de Tom Curren de 33 etapas no ASP World Tour. Foto: ASP World Tour / Karen.
E para fechar com chave-de-ouro a participação no Rip Curl Pro Slater igualou o recorde mais antigo da história da ASP, de 33 vitórias conquistadas pelo californiano Tom Curren, tricampeão mundial (1985/86/90).

 

?Não pensei a respeito até sair da água, mas consegui igualar o recorde de 33 vitórias de Tom Curren?, comemorou Slater.

 

?Estou feliz e ter feito isso em Bell?s é irônico, pois é o lugar onde ele conquistou seu primeiro título. Curren sempre foi meu ídolo e dedico essa vitória a ele?, afirmou.

 

Depois das duas provas em território australiano, o ASP World Tour segue para as temidas ondas de Teahupoo, Tahiti, onde de 4 a 16 de maio Kelly Slater defende o título de etapa taitiana do circuito.

 

Com 34 anos completados em fevereiro último, Slater nasceu exatamente no mesmo ano que a Rip Curl realizou seu primeiro campeonato em Bell´s Beach, em 1972, antes mesmo da criação do circuito mundial de surfe, que só foi iniciado em 1976.

 

Apesar de confessar estar muito cansado depois da grande final, mostrou uma forma impressionante para vencer as três baterias que disputou na gelada quinta-feira em Torquay, na região Sul da Austrália.

 

Foi brindado com uma ótima onda logo em sua primeira apresentação, nas quartas-de-final, que valeu nota 9,73, com um dos cinco juízes dando nota 10 pelo show do heptacampeão mundial.

 

Ele ainda tirou duas notas na casa dos 7 pontos e na última onda somou um 8,67 para derrotar o jovem australiano Bede Durbidge por 18,40 x 12,27 pontos, já quebrando o recorde de 18,17 pontos do australiano Taj Burrow no campeonato deste ano.

 

Na disputa seguinte o veterano Mark Occhilupo reviveu seus grandes momentos de ?Touro Indomável? e ampliou essa marca para imbatíveis 18,83 pontos na fantástica vitória sobre o havaiano Andy Irons, considerada uma das melhores baterias da história do WCT.

 

O tricampeão mundial só pegou uma onda boa na bateria, nota 8,77. O australiano já tinha um 8,93 e deu um espetáculo na última onda que pegou, com três juízes dando nota 10 e a média final do cinco juizes totalizando 9,9.

 

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O aussie Joel Parkinson surfou muito durante todo o evento e ficou com o vice-campeonato em Bell´s Beach – sua primeira derrota para Slater no WCT. Foto: ASP World Tour / Karen.

Para Andy Irons restou o consolo de ter sido o único a receber uma nota 10 unânime no Rip Curl Pro 2006, feito conquistado em sua estréia na primeira fase em Winkipop.

 

No confronto da nova geração australiana que inaugurou as quartas-de-final, Luke Stedman derrotou Shaun Cansdell, mas não foi páreo para Kelly Slater na semifinal.

 

Ele até começou melhor com uma nota 6,83, mas com um 8,17 em sua terceira onda o norte-americano avançou para a segunda final consecutiva na Austrália com um tranqüilo placar de 14,44 x 12,93 pontos.

 

As séries demoraram mais para entrar na bateria e a maioria fechava rapidamente, não oferecendo boas condições para que os dois competidores pudessem tornar a disputa mais emocionante.

 

Aos 40 anos, Mark Occhilupo travou um duelo de gigantes com Andy Irons nas quartas e terminou em terceiro lugar na prova. Foto: ASP World Tour / Robertson.
Já a briga pela última vaga na grande final ficou entre o surfista que apresentou o melhor e mais potente ataque de backside contra um forte candidato ao título em Bell´s Beach pela força e radicalidade que aplica nas manobras de frontside.

 

Foi isso que Joel Parkinson mostrou em sua segunda apresentação na bateria para conseguir uma nota 8,67 que praticamente definiu sua passagem para a final.

 

Mark Occhilupo tentou tudo para reverter o resultado, mas as ondas não o ajudaram muito.

 

Ele chegou bem próximo da liderança quando ganhou notas 7,17 e 7,60 em duas ondas seguidas, mas logo Parkinson somou mais 6,67 pontos e abriu uma vantagem de 7,75 pontos.

 

A dois minutos do fim, Occy pegou a onda da virada, só que a média das notas dos juízes acabou ficando em 7,23 pontos e o placar terminou mesmo encerrado em 15,34 x 14,83 pontos.

 

Depois de um intervalo para um breve descanso dos finalistas, a bateria decisiva foi iniciada a meia-noite da quarta-feira no Brasil, 13 horas da quinta-feira na Austrália, com o mar apresentando melhores condições e algumas séries passando dos 2,5 metros.

 

Kelly Slater pegou a primeira onda, mas ela fechou rapidamente. Joel Parkinson foi mais feliz na escolha e conseguiu aplicar três manobras, começando com uma nota 5,83. Slater falha em outra onda, mas logo pega a primeira abrindo, passeia dentro de um tubo rápido, acerta mais duas manobras e erra na finalização, levando 4,67 pontos.

 

O australiano parecia estar em melhor sintonia com as séries, pegou uma direita limpa, aplicou cinco batidas e rasgadas e ganha nota 6,5, abrindo 7,66 pontos de vantagem nos primeiros 10 minutos da bateria.

 

Três minutos depois, entra numa das maiores ondas do dia para Kelly Slater, que já manda um batidão incrível no ponto mais crítico possível e acerta mais três fortes manobras jogando muita água numa direita clássica de Bell´s Beach.

 

Apenas um juiz deu nota 10, mas os 9,67 pontos que recebeu foram decisivos para confirmar sua segunda vitória no ano.

 

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Séries de até 10 pés em Bell´s Beach fizeram a alegria dos competidores e do público presente. Foto: ASP World Tour / Karen.

O placar se inverteu e Parkinson foi quem ficou precisando de 7,85 pontos na segunda metade dos 40 minutos da final.

 

Dez minutos se passaram sem nenhuma onda boa até o australiano achar a primeira direita mais longa dele, porém sem muito potencial.

 

Ele ganhou 7,33 pontos e em seguida Slater trocou sua pior nota por um 5,77, aumentando a diferença para 8,12 pontos.

 

Restavam cinco minutos para o término. Kelly ainda remou muito para entrar numa onda e aplicar várias manobras até ela fechar, no entanto só valeu nota 5,43 e não alterou o resultado.

 

Luke Stedman conseguiu um excelente terceiro lugar, seu melhor resultado no WCT. Foto: ASP World Tour / Karen.
Mas, ele acabou deixando o caminho livre para o australiano, só que não veio mais nenhuma outra onda boa para que Joel Parkinson pudesse impedir a segunda vitória consecutiva de Slater.

 

?Foram muitos anos sem um bom resultado em Bell?s e isso me deixou um pouco frustrado?, disse Slater. ?Mas este tudo funcionou bem para mim e eu estava relaxado?.

 

?Felizmente tivemos boas ondas durante o evento e eu me dou melhor quando o mar está grande do que pequeno aqui em Bell?s?, continuou Slater.

 

?Fui com tudo para conquistar aquele 9.67, mas o forte vento terral estava dificultando o trabalho na final. Foi sem dúvida um dia incrível, o melhor da minha vida em Bell?s Beach?.

 

Apesar de ter vencido as duas primeiras etapas e disparar na liderança do ranking, Slater não deu nenhuma pista concreta se vai tentar o oitavo título mundial este ano.

 

?Por um lado faz todo sentido eu brigar pelo título mundial este ano, mas também seria divertido simplesmente não me preocupar com isso?, conclui o campeão.

 

O Billabong Pro Teahupoo, próxima etapa do WCT, será realizado entre os dias 4 e 16 de maio. O vice-campeão Joel Parkinson divide a vice-liderança no ranking do WCT com o também australiano Taj Burrow, finalista da primeira etapa na Gold Coast.

 

E com os terceiros lugares conquistados no Rip Curl Pro, Occy e Luke Stedman passaram a dividir a 11a posição no ranking mundial com o brasileiro Adriano de Souza, que ao contrário deles foi semifinalista na primeira etapa e ficou em último na segunda.

 

E o Brasil chega na terceira etapa com três atletas figurando no seleto grupo dos Top 16 do ranking. O estreante Adriano de Souza foi a sensação da abertura da temporada na Gold Coast, onde só foi barrado nas semifinais.

 

Além dele, o pernambucano Paulo Moura e o potiguar Marcelo Nunes dividem o 14o lugar com o havaiano Bruce Irons e o australiano Tom Whitaker.

 

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Aos 34 anos, Kelly Slater vai se confirmando como um dos maiores ídolos do esporte. Mas nao garante se vai disputar o oitavo título este ano. Foto: ASP World Tour / Karen.

História de sucesso – Essa incrível história de sucesso de um dos maiores esportistas do mundo começou em 1992, quando ele faturou o seu primeiro título mundial vencendo as duas primeiras etapas no circuito mundial.

 

No ano seguinte, ele só ganhou uma e o havaiano Derek Ho terminou como o número 1 da temporada.

 

Depois vieram cinco títulos mundiais consecutivos até Slater se afastar do tour para desenvolver outros projetos.

 

Nesse período, faturou três etapas em 1994, duas em 1995, igualou o recorde de sete vitórias no ano do australiano Damien Hardman e de Tom Curren em 1996, colecionou mais cinco troféus de campeão em 1997 e um em 1998.

 

Um excelente público marcou presença nas areias de Bell´s para acompanhar as finais do Rip Curl Pro. Foto: ASP World Tour / Karen.

Competindo apenas em algumas etapas, ganhou mais uma em 1999, uma em 2000 e retornou ao circuito em 2002.

 

Mas passou em branco no primeiro ano e venceu quatro etapas em 2003 e mais quatro em 2005, quando recuperou o trono de número 1 do mundo.


Resultado do Rip Curl Pro 2006 – Bell’s Beach

1 Kelly Slater (EUA)
2 Joel Parkinson (Aus)
3 Luke Stedman (Aus)
3 Mark Occhilupo (Aus)
5 Shaun Cansdell (Aus)
5 Andy Irons (Haw)
5 Bede Durbidge (Aus)
5 Mick Fanning (Aus)
9 Paulo Moura (Bra)
9 Pancho Sullivan (Haw)
9 Bruce Irons (Haw)
9 Taylor Knox (EUA)
9 Bobby Martinez (EUA)
9 Taj Burrow (Aus)
9 Greg Emslie (Afr)
9 Michael Lowe (Aus)
17 Marcelo Nunes (Bra)
17 Victor Ribas (Bra)
33 Adriano de Souza (Bra)
33 Jihad Khodr (Bra)
33 Yuri Sodré (Bra)
33 Pedro Henrique (Bra)
33 Peterson Rosa (Bra)

 

Ranking WCT 2006 ? 2 etapas


1 Kelly Slater (EUA) 2.400 pontos
2 Taj Burrow (Aus) 1.632
2 Joel Parkinson (Aus) 1.632
4 Bobby Martinez (EUA) 1.476
5 Andy Irons (Haw) 1.464
6 Taylor Knox (EUA) 1.332
7 Greg Emslie (Afr) 1.200
7 Pancho Sullivan (Haw) 1.200
9 Mick Fanning (Aus) 1.142
9 Damien Hobgood (EUA) 1.142
11 Mark Occhilupo (Aus) 1.101
11 Luke Stedman (Aus) 1.101
11 Adriano de Souza (Bra) 1.101
14 Bruce Irons (Haw) 1.010
14 Tom Whitaker (Aus) 1.010
14 Paulo Moura (Bra) 1.010
14 Marcelo Nunes (Bra) 1.010
18 Raoni Monteiro (Bra) 957
31 Victor Ribas (Bra) 635
31 Peterson Rosa (Bra) 635
43 Pedro Henrique (Bra) 450
43 Yuri Sodré (Bra) 450