Este verão tem sido considerado por muitos como um dos mais quentes da história. De passagem pelo litoral do Rio Grande do Sul, batemos um papo com Gustavo Bertotto, surfista profissional de Capão da Canoa (RS) e único atleta do estado que competiu no Brasileiro Pro 2013, mesmo sem possuir um patrocínio.
Além da entrevista com Gustavo, produzimos um vídeo com sessões do atleta, que se divide em treinos e trabalho para manter seu sonho de competir e representar seu estado pelo Brasil e mundo afora.
Como é para você ser o único gaúcho a competir o circuito brasileiro em 2013?
Para mim foi até triste, pois acabei indo para vários lugares sozinho. Mas, mais triste ainda, foi para o surf gaúcho, pois temos vários atletas com capacidade de se dar bem, falta apenas o incentivo.
Como você fez para pagar os custos para competir em 2013?
Trabalhei bastante na área de construção civil, como garçom, motoboy, professor de surf, entre outras coisas. Mesmo assim foi dificil, só consegui ir em cinco das 12 etapas. Acho que isso influenciou no meu resultado final. Penso que poderia ter ido melhor se tivesse ido em mais etapas, principalmente as que rolaram no nordeste no ínicio do ano.
Sobre a falta de patrocinio, como você vê isto? O que acha que precisa mudar para as empresas se interessarem em patrocinar atletas?
É uma situação bem complicada, pois são muitos os atletas que não têm apoio, que passam as mesmas dificuldades. Não só os atletas, mas as entidades têm dificuldades em realizar os eventos. O surf está bastante em alta, mas acho que as competições, à exceção do WCT, perderam o glamour da época do SuperSurf. Acredito que com a volta de grandes eventos em todo o país, voltaria o interesse das marcas em patrocinar mais atletas.
O que falta para Gustavo Bertotto?
Um patrocínio já ajudaria bastante (risos) e mais tempo pra treinar também. Mas, enquanto não acontece, continuo treinando quando posso e trabalhando bastante, fazendo tudo igual ao que fiz, pois não vai ser um adesivo no bico que vai mudar minha vontade de competir e treinar. Vou continuar me esforçando para ir em quantos eventos conseguir e tentar melhores resultados.
Quais são seus planos para 2014?
Tentar ir na maioria dos eventos que eu puder: WQS, Alas, Brasileiro Pro. Os que eu conseguir ir, eu vou. Vou fazer um trabalho aqui na ASCC (Associação dos Surfistas de Capão da Canoa), realizando eventos, incentivando novos atletas e conscientizando as pessoas para que cuidem das nossas praias.
Você acredita poder viver do surf e sobreviver dele?
No momento, não. Sem patrocínio fica muito difícil viver do surf.
Para saber mais sobre Gustavo Bertotto, acompanhe seu blog www.gustavobertotto.blogspot.com