Na temporada passada, passei cerca de 20 dias em duas oportunidades em Fernando de Noronha. Na ocasião, não havia dado tanta sorte. Apesar de o swell estar constantemente presente, ventos do quadrante norte / nordeste eram constantes e atrapalhavam muito as condições.
Já desta vez tinha comprado minha passagem ao fim de dezembro pra pegar bons preços. Por sorte, cheguei em um dia de ótima ondulação. No fim da última semana, fomos agraciados com um mar clássico na Cacimba do Padre.
Condições lisas, em certos momentos um espelho e água clara. A turma fez a festa, tanto os visitantes como os locais, que, aliás, vêm em número crescente, pois a nova geração aos poucos vem ampliando seu aprendizado no outside e a gana de manobras, além de se especializar na especialidade da casa, que são os tubos. Que o diga Patrick Tamberg, dono de um faro acentuado de tubos na Cacimba.
Ao descer do avião, encontrei o fotógrafo Henrique Pinguim e Lucas Silveira, juntamente com meu filho Ian, que haviam aterrissado em um voo anterior ao meu. Aí é sempre aquela correria pra pousada da Tia Zete já visando o bugre, e partir para o fim de tarde. Mas isso sem antes deixar de passar do posto de combustível, onde a gasolina passa dos R$ 5. Vixe, tá russo! Mas os tubos logo compensam, pois desta vez demos sorte de chegar com o mar liso e subindo.
A quinta-feira de manhã foi um surf sem crowd algum. Até achamos que chegamos tarde, pois decidimos tomar café da manhã pra ficar direto até o almoço. Por volta das 8 da manhã, a maré já estava próxima da seca. Dois sortudos que apostaram no matinal surfaram sozinhos. Mas os tubos estavam clean e só iam ficando mais quadrados. Pegamos altos tubos, fizemos altas fotos e filmagens. Quando as ondas já vinham da laje da Cacimba com a maré bem seca, foi hora de partir para o almoço, visando o descanso e a hora da enchente.
Naquele momento, apenas dividia comigo o line up um bodyboarder de Santos. Pasmem, ninguém no pico! Em compensação, quase todo o contingente “surfístico” da ilha estava presente depois das 13 horas. As ondas continuavam lindas e subindo. Bons tubos dos locais Dudu e Nego Noronha, como também do big rider Buday e dos grommets Brayner e Sukinho. Mais tarde apareceram Caia Sousa e Roberto Flor, que faz parte da primeira geração do surf da ilha.
O surfe feminino marcava presença no outside, tendo a líder Claudinha Gonçalves botando pra baixo e incentivando suas parceiras Michelle des Bouillons e Marcela Witt, que também deram vários “late take off’s”. Algumas séries maiores que os 6 pés, e ao entardecer Tamberg vinha em mais uma clássica pra ser filmado por Rildo Iaponã e fotografado pelo “carioca paraibano” radicado na ilha, Cosme Johnny.
Outro conterrâneo também pegou altas! Erbeliel Andrade, com sua lycra vermelha, estava bem chamativo na hora das entocadas. Um dos destaques deste dia foi também o cearense Felipe Martins, mostrando disposição em tubos bem encaixados.
O big rider Lucas Silveira estreava na Cacimba. Pela maratona de eventos e viagens que vinha tendo no passado recente e sem Noronha receber uma etapa do QS desde 2012, Lucas ainda não havia achado uma oportunidade de conhecer o pico. Tá maravilhado, surfando forte e profundo nos tubos.
Quem também aproveita a brecha no calendário competitivo e de viagens é Ian. Desde 2012 ele não vinha. Fez tubos bem completados, incluindo uma virada de backside linda embaixo do lip da onda pra seguir sem as mãos na borda. O momento rendeu uma bela imagem produzida por Henrique Pinguim.
Enfim, a lista da turma na água era grande, mas acho que todos pegaram boas, e até o ator e surfista Paulinho Vilhena se encontrava no mar. Aliás, o bicho – desde que veio ao programa “Nas Ondas de Noronha” no passado – acabou pegando o vício da Esmeralda.
No dia seguinte, na sexta-feira de manhã, Vilhena mostrou que sua quilometragem na ilha está dando resultado. Pegou um tubo mágico pra direita que lembrou os dias perfeitos na laje do Bode. Saiu com o sorriso de orelha a orelha.
Um dos videomakers da nova geração chama-se Felipe Queiroz. E diga-se de passagem, ótimo surfista também. Geralmente, pra ele são dois tempos: uma session de capturas de imagens e outra de surf. Em ambas o bom trabalho se sobressai, ou seja, sempre belas imagens.
Falando em imagens, um dos bons free surfers da ilha, Alan Rangel, vem emplacando imagens aquáticas com uma Super Slow. Ainda não vi as imagens, mas, se depender de sua dedicação, deve ter um material muito legal.
Pra completar a queda, alguns dos legends do Ceará apareceram no pico. Eram Picolé, Siri e Kadinho, todos das gerações da virada das décadas de 70 e 80. E vai ter uma turma boa dessa chegando, pois nesta semana (28 e 29) tem mais uma etapa do Circuito Brasileiro Master, bem como a etapa do circuito Pernambucano (26 e 27), que também será válida pelo ranking do nordestino.
Um novo swell caminha para o início desta semana e muito surf ainda vai rolar por aqui. Até a próxima!