Baianos em ação

Spirro se diverte na Nicarágua

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Christiano Spirro entocado em Playa Santana, Nicarágua. Foto: Roberto.

Éramos dez surfistas atrás de boas ondas, de preferência sem crowd. Isso Nicarágua tem de sobra. 

 

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Nosso vôo passou por Salvador, São Paulo, Panamá e Managua. A escala no Panamá é muito boa para fazer compras de eletrônicos, que muitas vezes custam metade do preço vendido no Brasil.

 

Graças a Deus, chegamos a Managua no tempo previsto, pois todos estavam preocupados com esse caos aéreo.

 

Um imprevisto aconteceu: cinco capas de prancha ficaram no Panamá, inclusive a minha. Ficamos tensos, pois sabíamos que tinha um swell de 6 pés.

 

Baiano é medicado depois de ser atacado por uma arraia. Foto: Arquivo pessoal Christiano Spirro.

Felizmente, um dia depois as pranchas chegaram, ganhamos US$ 100 de consolo e o direito de não pagar para embarcar as pranchas na volta, pois perder um dia de surf com 6 pés para nós não tinha preço. Desta vez deixamos barato.

 

Ficamos instalados em uma casa maravilhosa, com uma vista fantástica para uma das melhores esquerdas da região, Playa Rosada. O swell estava com 6 pés, o mínimo necessário para começar a funcionar Rosada.

 

Foi o lugar onde demos nossa primeira queda. Boas esquerdas, fundo de pedra possibilitando cinco a seis manobras por onda, estava bom para começar. Como Rosada só funciona na maré seca, em seguida fomos  a Playa de Colorado, sem dúvida o pico mais consistente da região.

 

Fundo triangular de pedra com areia, uma esquerda mais curta e uma direita longa, hot dog, bem divertida, possibilitando muitas manobras. Com a maré secando, andamos mais 500 metros ao lado esquerdo e conhecemos uma onda buraco, com vários tubos, fundo de areia que quebra na beira. Pegamos boas ondas durante todo o dia.


A variação de maré na Nicarágua é impressionante, podendo chegar a 7.5. No quarto dia, alugamos um barco e fomos a Manzanilo, esquerda que rola colada em um costão. Pico com fundo de pedra, bom na maré seca enchendo, onda rápida e longa.

 

Depois fomos a Popoyo, uma das melhores ondas da região. Fundo de pedra com areia, um pico onde a mesma onda quebra perfeita para os dois lados em qualquer condição de maré. Nesse pico aconteceu algo inesperado comigo ao sair do mar depois de mais uma boa esquerda.

 

Fui “ferroado” por uma arraia, a pior dor que já senti na minha vida. Fui direto ao posto de saúde, que fica ao lado direito da entrada do Rancho Santana. Lá, fui muito bem atendido, tomei várias medicações na veia, como corticóide, relaxante muscular e outros.

 

Foi mais uma experiência no surf. Depois de sete horas já estava bem melhor. Se não tomasse medicação,
a dor permaneceria por dois dias e ainda correndo o risco de uma possível reação alérgica ao veneno.
  

No quinto dia, já estávamos familiarizados com alguns picos e as melhores condições de acordo com a maré. Nicarágua é um lugar onde guerrilhas, sofrimento e ódio andavam juntos.

 

Durante a nossa estadia no barco, conversei com o capitão que presenciou a época das guerrilhas. Ele relatou: “Que tempo de sofrimento! Mas brigamos por um ideal, pois não poderíamos ficar escravo da ditadura militar”.


Hoje, Nicaragua está bem mais tranqüila. Os americanos têm investido cada vez mais no mercado imobiliário e a quantidade de surfistas vem crescendo a cada ano. Independente de qualquer coisa, ainda é possível pegar boas ondas em vários fundos de pedra, sem ninguém.


Gostaria de agradecer a Maresia, que sempre acreditou no meu surf e proporcionou várias viagens, inclusive esta que acabei de relatar. Fiquem com Deus! Até a próxima trip!