Nick foi impedido pela mãe de surfar, que temia pelo esforço físico. Foto: Rodrigo Baida
Em todo o campeonato que participa, o santista Nick Kikuda tem o objetivo de vencer, como todo esportista. Mas, na verdade, só o fato de estar competindo já pode ser comemorado como uma grande conquista. Antes mesmo de nascer, o surfista já dava demonstração de que seria um vencedor e hoje curte cada dia como um presente da vida.
Ele nasceu no Japão, onde seus pais trabalhavam, e ainda aos cinco meses de idade foi submetido a uma cirurgia cardíaca. “Desde que minha mãe ficou grávida, sabia do risco de eu nascer com algum problema, pois os médicos já tinham alertado no pré-natal, que poderia até não andar ou mesmo nem nascer. Mesmo assim, não desistiu. Eu nasci com problema de coração, com a válvula pulmonar fechada e dois sopros bem grandes”, conta.
Se para um adulto uma operação dessas é delicada, imagina para um bebê. O ano era 1999 e, naquela época, o procedimento era de grande risco. Segundo os médicos, Nick tinha apenas 10% de chance de vida. “Um dos médicos falou para o meu pai que era melhor ele me batizar, antes. Foi uma correria e ele saiu de Shizuoka, foi até Yokohama e achou um padre francês para isso. Foram momentos difíceis para eles”, conta o atleta de 15 anos.
A cirurgia foi bem sucedida e, nascido na Terra dos Samurais, Nick foi um guerreiro e conseguiu seguir com sua vida. As marcas dessa vitória ele carrega no peito literalmente. “Alguns falam que foi um milagre de Deus. Trago isso desde cedo, essa vitória”, comenta o jovem, sempre estampando um sorriso no rosto, falando com gentileza, educação, como se estivesse sempre agradecido por estar vivendo aquele momento.
Filho de surfista, Nick acabou herdando essa paixão pelas ondas. No começo foi impedido pela mãe de surfar, que temia pelo esforço físico, ainda mais dentro do mar. Mas já que superou a maior dificuldade, não seria esse o grande obstáculo para praticar o esporte que escolheu.
Desde os sete anos, morando em Santos, ele viu seu pai surfar e convivendo nesse ambiente, a vontade só aumentou. “Meu pai era competidor do Circuito Japonês e do WQS no Japão. Ganhou muitos campeonatos e eu sempre estive no meio do surf. Minha mãe me conscientizava de que eu não podia, para não me cansar e acelerar muito o meu coração, aumentar a pressão. Mas a vontade de fazer esporte só foi aumentando”, afirma, que há dois anos decidiu seguir o que gostava.
E o esporte acabou se tornando um bom ‘remédio’ preventivo. “O surf ajuda demais, na respiração, deixa meus batimentos regulares”, explica o surfista, que na última terça-feira (23), fez pódio na 2ª etapa do Circuito Santos Surf, no Quebra-Mar, e no sábado e domingo (27 e 28), volta a competir, agora na decisão do 19º A Tribuna de Surf Colegial, na praia do Tombo, em Guarujá.
O atleta defenderá o Colégio Marquês de São Vicente e quer melhorar o resultado da etapa inicial, o 25º lugar. Mas acostumado a grandes batalhas e desafios desde os primeiros meses de vida, esse é só um detalhe. E se domingo, estará no pódio ou não, é o que menos importa.
Decisão do 19º A Tribuna de Surf Colegial terá transmissão ao vivo pela internet
A 2ª e decisiva etapa do 19º A Tribuna de Surf Colegial terá início no sábado, às 8 horas e seguem até às 16h. No domingo, recomeçam no mesmo horário e as finais serão disputadas das 12h15 às 14h. Quem não puder acompanhar na praia, tem a opção da transmissão ao vivo pelo
www.triesportes.com.br/surfcolegial. Em disputa as categorias júnior, mirim, iniciante e feminina, com os atletas também somando pontos para a classificação por equipes. Outro destaque é o Desafio Tri FM-AntiQueda de Surf Universitário, com estudantes das faculdades da região, na categoria masculina.