SuperSurf faz clássico no ?Maracanã? do surf

Costinha em Saquarema

Golaço! Essa é a palavra que melhor expressa o resultado da quarta etapa do SuperSurf 2002, realizada entre os dias 31/07 e 04/08 na praia de Itaúna, em Saquarema (RJ), considerada o ?Maracanã? do surf no Brasil ? palco dos grandes festivais do esporte nos anos 70.

Na verdade, o que se viu em Itaúna foram verdadeiros ?clássicos? do surf brasileiro, que se ainda não é penta como nosso futebol, pelo menos está no caminho certo. A vitória do ubatubense Costinha entre os homens comprovou a teoria de que o atual circuito brasileiro não possui favorito, e qualquer um com disposição e determinação pode vencer uma etapa.

Porém, o grande ?craque? desta etapa, que apresentou ondas de até 10 pés na laje de Itaúna, foi o já consagrado e sempre favorito tricampeão brasileiro Peterson Rosa. Desde o início o paranaense mostrou que o buraco é mais embaixo e dropou as maiores, com uma atuação de tirar o chapéu em Saquarema.

Os terceiros colocados também merecem destaque especial. O veterano Pedro Muller, atual presidente da ABRASP, que aos 36 anos encarou um mar difícil e mandou ver, e o também veterano Fábio Gouveia, que a cada dia mostra porque é considerado o maior surfista brasileiro de todos os tempos ? com mais um show de estilo e coragem.

A trajetória de Costinha até a final foi marcada por fatos polêmicos e inusitados. Ele começou vencendo a primeira bateria que disputou, contra o cearense Dunga Neto e o catarinense Raphael Becker. Depois, na terceira fase, avançou numa bateria controversa contra o experiente Tinguinha Lima, por apenas 16 décimos de diferença, onde muitos na areia acharam que Tinga foi superior.

Nas oitavas-de-final, Costinha foi beneficiado com a desistência do carioca Bruno Santos, que embarcou mais cedo para disputar a perna européia do WQS (e marcou o segundo WO da competição ? pois Marcelo Nunes já havia abandonado a prova na terceira fase, contra Tadeu Pereira). Assim, ele nem precisou entrar na água para garantir seu nome nas quartas.

Já na semi-final, Costinha derrotou o inspirado Vitor Ribas, embalado pela vitória sobre o virtual líder do ranking Maicon Rosa. Nas oitavas, Vitinho pegou dois tubaços que acabaram com as esperanças de Maicon de conquistar seu primeiro evento como profissional. Depois o atleta enfrentou ninguém menos que o paraibano Fábio Gouveia na semi-final, um dos favoritos na competição até então. Em uma dura disputa, Costinha carimbou o passaporte para a grande final do SuperSurf de Saquarema.

O vice-campeão Peterson Rosa começou a trilhar seu rumo vencendo o pernambucano Sávio Carneiro e o catarinense Diego Rosa. Na terceira fase, o ?Bronco? deu o troco no catarinense Pedro Norberto, que o havia escovado na última etapa, em Ubatuba (SP). Nas oitavas, Peterson não teve trabalho para vencer o carioca Leonardo Trigo, que ficou precisando de uma combinação de ondas para vencer.

Nas quartas, Peterson dropou as maiores da série contra o baiano Jojó de Olivença, que praticamente assistiu a vitória do adversário sem dropar nenhuma onda consistente. Por fim, Peter pegou Pedro Muller na segunda semi e não deu chances ao carioca, que mesmo assim arrancou aplausos do público pela disposição ao encarar uma mar de 8 pés plus, mexido e tendo que sair e entrar pelo canal a cada onda surfada.

O duelo final foi marcado pela habilidade dos dois surfistas em escolher as ondas certas, poupando energia e atacando o lip sem medo. Peterson inclusive entrou na água por quatro vezes antes da final, um esforço remendo para as condições do mar. Com o apoio do irmão Maicon, ele tentou ao máximo a vitória, mas não superou Costinha, que foi perfeito e comemorou o título ao lado do técnico Eduardo ?Truta? Resende.

?Vencemos o SuperSurf, porra!!?, gritava e chorava ao mesmo tempo Truta, bastante emocionado com o resultado. Bastante criticado em suas atitudes como técnico, o carioca melhorou muito e parece que o resultado foi imediato. Peterson recebeu os cumprimentos do irmão Maicon após sair da água.

?Queria muito vencer essa etapa, mas o Costinha também mereceu o primeiro lugar. Quero apenas me manter na elite e estou torcendo muito pelo meu irmão, que merece como ninguém conquistar o título brasileiro?, disse o Bronco, que também fez o papel de técnico de Maicon em todas as baterias que o caçula disputou.

Com um discurso de campeão no pódio, o vice Peterson Rosa mostrou que o Brasil já possui alguém para apontar como um ídolo no surf, alguém que já conquistou por três vezes o título de campeão brasileiro e vem fazendo a melhor temporada entre todos os brasileiros no WCT 2002.

Alguém que é respeitado lá fora e tem atitude de sobra em qualquer tipo de mar, e que possui experiência de veterano e disposição e surf de grommet (apesar de não ser uma unanimidade em se tratando de estilo). Enfim, alguém que possamos apostar como nosso futuro campeão mundial.

Entre as meninas a história foi um pouco diferente. Ficou claro que com um mar acima dos 6 pés, fica complicado esperar uma apresentação à altura. A disputa das semis e da final foi realizada no inside, com exceção da surfista local Taís de Almeida, que apostou na ida para o outside e levou o título, sobre a também local Alessandra Vieira. Taís pegou apenas uma onda em cada bateria, o suficiente para assegurar a vitória, a segunda em sua carreira profissional.

A próxima etapa do SuperSurf 2002 está marcada para rolar entre os dias 4 e 8 de setembro, na praia da Joaquina, Florianópolis (SC).

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