Com o término da segunda etapa do SuperSurf 2002, no último dia 26 de maio, em Itacaré (BA), ficou evidente o sucesso do formato adotado há dois anos pela ABRASP (Associação Brasileira de Surf Profissional) e pelo Grupo Abril, organizadores do circuito brasileiro profissional.
Com a entrada da Volkswagen como principal patrocinadora do circuito este ano, oferecendo uma picape Saveiro para o campeão, aumentaram também as expectativas em relação ao futuro dos atletas brasileiros, que hoje possuem o mais forte circuito nacional do mundo, tanto em prêmios como nível técnico e equilíbrio entre competidores.
A escolha de Itacaré para sediar a segunda etapa também foi um marco na história dos campeonatos nacionais. Apesar de não ser o lugar ideal no ponto de vista comercial, os atletas optaram pela realização da etapa devido ao grande potencial de surf ? que ficou provado nos cinco dias em que rolou o evento, com boas ondas entre 1 e 1,5 metros.
A festa começou com as triagens, realizadas dois dias antes do início do evento principal na praia da Tiririca. Um total de 45 surfistas se inscreveu para disputar as duas vagas oferecidas pela Abril, uma para os homens e outra para as mulheres.
Dois cearenses do Titanzinho faturaram as vagas sem dar chances aos adversários. Fábio Silva e Tita Tavares, que viria ainda faturar o evento principal. Fabinho inclusive havia ficado em segundo nas triagens em Maresias, na primeira etapa, e dessa vez não desperdiçou a oportunidade.
Após muitas disputas, insatisfações com o julgamento e surpresas, as finais aconteceram em clima de expectativa sobre quem seriam os novos lideres do ranking 2002 e o campeão desta segunda etapa.
O mais cotado era o carioca Léo Neves, que apresentou um surf forte e radical na primeira bateria das quartas-de-final contra o baiano Jojó de Olivença. Com apoio da torcida, Jojó impôs um ritmo forte e abriu boa vantagem no início da bateria. Porém, Léo virou o jogo e no final deixou o baiano precisando de mais de 7 pontos para vencer.
Na bateria seguinte, Tânio Barreto, atual campeão brasileiro, começou a trilhar seu caminho para o título contra o santista Beto Fernandes. Apesar de ser considerado um dos melhores surfistas brasileiros da atualidade, Beto não conseguiu superar a tática de Tânio, que utilizou a marcação como principal arma para chegar na final. Beto saiu da água contrariado, enquanto Tânio comemorava a passagem para a semifinal.
No terceiro confronto das quartas, o baiano Armando Daltro venceu por uma pequena margem de pontos o paulista Eric Miyakawa e também garantiu presença na semi. O último a carimbar o passaporte para o domingo foi o cearense Dunga Neto, derrotando o também paulista Tinguinha Lima, que vinha surpreendendo a garotada sendo o mais velho do circuito, com 38 anos.
Na primeira semi Tânio conseguiu neutralizar a determinação de Léo Neves com uma escolha de ondas consciente e forte marcação nos minutos finais da bateria. Já Léo falhou na escolha das ondas e apostou alto na espera de uma onda salvadora. A vitória do alagoano foi contestada por muitos na areia, que queriam ver mais surf e menos jogo tático dentro da água.
?Isso é jogo sujo. Quero ver ele vencer surfando. Desde o ano passado o Tânio vem utilizando essas manhas pra ganhar?, desabafou Léo Neves após a bateria.
Já Mandinho assegurou sua vaga na final vencendo Dunga Neto na segunda semi, com placar apertado e apoio da torcida num mar mexido e difícil. A final da etapa baiana do SuperSurf 2002 foi marcada pela demora na entrada das ondas e inconsistência do surf de Daltro, que praticamente entregou o título nas mãos de Tânio ao cair repetidas vezes da prancha.
?Acho que foi a pior final da minha vida. Mas valeu, o Tânio começou bem e soube administrar a vantagem?, disse Mandinho.
Tânio tirou uma boa nota no início da bateria e garantiu mais um título na carreira. ?Consegui mostrar meu surf na final e saí vencedor. Às vezes temos que usar as cartas que temos à mão, e foi o que fiz contra o Léo na semifinal. É parte do jogo?, declarou Tânio, que se tornou o primeiro surfista a vencer duas etapas do SuperSurf desde a sua criação, em 2000.
Entre as mulheres, Tita simplesmente dominou todas as baterias que disputou para levar o título. A final foi contra a carioca Andréa Lopes, campeã da primeira etapa em Maresias e líder isolada do ranking após o vice na segunda etapa.
Para Roberto Perdigão, diretor executivo da ABRASP, o circuito brasileiro atingiu a maturidade com a implantação do SuperSurf. ?Hoje temos um circuito extremamente forte e competitivo, com a mais alta premiação em âmbito nacional do mundo. Com uma divulgação mais ampla, o surf tem tudo para se tornar um esporte de interesse geral no país?, acredita Perdigão.
A próxima etapa do SuperSurf 2002 será realizada na praia de Itamambuca, em Ubatuba (SP), entre os dias 03 e 07 de julho.
*Agradecimentos especiais à Sport Patrol.
Resultados finais do Super Surf em Itacaré
1) Tânio Barreto (AL)
2) Armando Daltro (BA)
3) Léo Neves (RJ)
3) Dunga Neto (CE)
5) Jojó de Olivença (BA)
5) Beto Fernandes (SP)
5) Eric Miyakawa (SP)
5) Tinguinha Lima (SP)
9) Lucinho Lima (CE)
9) João Gutemberg (RJ)
9) Joca Júnior (RN)
9) Romeu Cruz (SE)
9) Wagner Pupo (SP)
9) Sávio Carneiro (PE)
9) Otávio Lima (PB)
9) Guga Arruda (SC)
Feminino
1) Tita Tavares (CE)
2) Andréa Lopes (RJ)
3) Jacqueline Silva (SC)
3) Brigitte Mayer
5) Francisca Pereira (SP)
5) Viviane Maria (RN)
5) Alessandra Vieira (RJ)
5) Alcione Silva (RN)
Super Surf 2002 ? ranking brasileiro após duas etapas
1) 1.360 ? Armando Daltro (BA)
2) 1.320 ? Tânio Barreto (AL)
2) 1.320 ? Marcelo Trekinho (RJ)
4) 1.260 ? Fabrício Júnior (RN)
5) 1.220 ? Beto Fernandes (SP)
6) 1.130 ? Leonardo Neves (RJ)
6) 1.130 ? Alexandre Almeida (RJ)
8) 1.110 ? Wagner Pupo (SP)
9) 1.050 ? Dunga Neto (CE)
10) 1.010 ? Eric Miyakawa (SP)
10) 1.010 ? Tinguinha Lima (SP)
12) 1.000 ? Sávio Carneiro (PE)
13) 930 ? Jojó de Olivença (BA)
13) 930 ? Maicon Rosa (PR)
15) 900 ? Otávio Lima (PB)
15) 900 ? Danilo Costa (RN)
15) 900 ? Tadeu Pereira (SP)
15) 900 ? Jair de Oliveira (SP)
15) 900 ? Joca Júnior (RN)
Ranking brasileiro feminino
1) 1.860 ? Andréa Lopes (RJ)
2) 1.470 ? Viviane Maria (RN)
3) 1.340 ? Brigitte Mayer (RJ)
4) 1.230 ? Suelen Naraisa (SP)
5) 1.220 ? Francisca Pereira (SP)
5) 1.220 ? Alcione Silva (RN)