Mickey Bernardoni

Surf, câmera e ação

Mickey Bernardoni, Las Flores, El Salvador

 

Mickey Bernardoni voa em El Salvador. Foto: Diego Motta.

Quando assisti às produções de Mickey Bernardoni e seus parceiros nos filmes de Galápagos e Costa Rica no Waves, fiquei muito bem impressionado com a qualidade do material apresentado.

O cuidado e a qualidade da direção de fotografia destas produções são, na minha opinião, os grandes atributos que se revelam em imagens carregadas de sentido e conteúdo – e não apenas reunidas ao acaso em videoclipes de ação, como acontece com tantas produções que são lançadas todo dia e que em nada acrescentam à linguagem dos filmes de surf.

Fico ainda mais contente em constatar que Mickey é um jovem diretor que já carrega toda uma história com o surf e as artes, além de uma sólida bagagem de estudos e por um

 

Atrás das lentes a ação continua no Rio de Janeiro. Foto: Gabriel Spaniol.

desejo de inserir as melhores qualidades técnicas e estéticas da fotografia de cinema para o ainda incipiente mercado de filmes de surf nacional.

Na entrevista a seguir, o diretor e surfista de Balneário Camboriú fala sobre sua trajetória e visão sobre o mercado de filmes de surf.

Conte um pouco sobre tua trajetória pessoal e como se envolveu com a produção audiovisual de surf.

Meu contato com o surf teve início muito cedo, aos quatro anos de idade. Meu irmão, Sandro Bernardoni, tinha uma fábrica de pranchas chamada Skip Free em Balneário Camboriú. Isso me aproximou ao esporte. Competi por vários anos desde as categorias de base ao profissional e hoje me dedico ao free surf.

Já minha relação com o audiovisual se dá creio que muito por minha mãe, a Lair Bernardoni que é uma renomada fotógrafa artística. Comecei há uns 14 anos atrás brincando com edições de surf em VHS e discman e hoje a brincadeira virou parte da minha vida. Hoje trabalho como editor de vídeos em projetos diversos e venho me profissionalizando na área de direção de fotografia.

Como surgiu o projeto dos filmes na Costa Rica e Galápagos? Qual a proposta destas produções, e como você procurou traduzir isso na captação de imagens e edição?

Os vídeos da Costa Rica e Galápagos são alguns segmentos de um projeto que tenho com o também surfista e artista Marcos Sifu. Com o apoio da Nivana Super Trips estamos viajando para diferentes países com a proposta de captar de uma maneira diferenciada os locais por onde passamos, procurando mostrar o surf, cultura e beleza destes lugares através de uma rica fotografia e edição. Nossa idéia é estar lançando para o ano que vem um fime englobando todas estas viagens.

A equipe se revezou nas filmagens certo? Como decidiram quem ia fazer o “sacrifício” de ficar atrás das câmeras enquanto os outros curtiam as ondas em uma sessão clássica? Rolou algum fato inusitado por conta disso?

Isso é algo que fazemos a muito tempo, não só estamos acostumados como gostamos de estar atrás da câmera. Geralmente nos revezamos em uma hora a uma hora e meia cada um. O sacrifício existe, é claro, ver o mar lindo terral enquanto está atrás da câmera e sabendo que na hora de entrar no mar pode virar o vento e acabar com tudo acontece e muito, mas a satisfação de poder ver uma uma manobra ou uma onda incrível depois de filmada, que poderia ter sido perdida, é gratificante.

Infelizmente sempre acontece de passar um pássaro na frente de um aéreo ou algum turista olhando o mar parar na frente da câmera bem na hora de um tubo, mas a gente procura rir pra não chorar, quem filma e fotografa sabe muito bem como é isso.

Quais os filmes e artistas que mais inspiram o teu trabalho, dentro e fora do surf? Qual tua visão sobre a produção atual de filmes de surf?

Eu cresci assistindo aos filmes do Herbie Fletcher, Jack McCoy e Taylor Steele. Isso sem dúvida foi lapidando minha linguagem. Admiro muito o trabalho e a simplicidade do Jack Johnson, que consegue traduzir muito do lado soul em seus filmes e músicas.

Gosto de coisas diversas, porém bem feitas. Acho que atualmente existem bons filmes de surf, não digo tanto no cenário nacional, mas fora. Muitos diretores estão preocupados em resgatar uma linguagem mais cinematográfica e isso soma muito a um bom filme.

 

 

Claro que isso é uma opinião mais artística, pois um filme bonito não quer dizer que seja um filme de alta performance, às vezes não são nem um pouco, mas essa beleza estética é o que me chama mais a atenção em assistir e nesse quesito os filmes de surf nacionais ainda precisam evoluir.

Hoje em dia, com o avanço e a democratização da tecnologia, ficou muito mais fácil para qualquer pessoa produzir seus próprios filmes e conteúdos audiovisuais. Como você procura diferenciar teu trabalho em termos de fotografia e linguagem?

Vejo tanto o lado negativo como o positivo sobre isso, pois ao mesmo tempo que facilita a produção não necessariamente significa que sairão só coisas boas e isso abre um grande espaço para se diferenciar.

Eu procuro sair um pouco do tradicional e tento sempre captar boas imagens, é o que gosto de fazer e aliando isso a um surf de qualidade o resultado pode ser muito bom. Já por outro lado, deixando a estética de lado, acho legal essa facilitação das produções, já que para produzir este tipo de coisa geralmente custa caro e às vezes o mais importante é passar uma mensagem e uma emoção, seja ela captada por um celular ou por uma câmera de cinema.

Fale um pouco sobre teus projetos futuros.

Tenho estudado muito fotografia e quero trabalhar com cinema, seja com surf ou não, mas sei que o caminho é longo. Estou trabalhando em alguns projetos de viagens e filmagens com o Marcos Sifu e isso é o que estou dando mais atenção no momento. Espero em breve lançar boa parte destas produções.

 

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Surftrip technicolor

Surftrip technicolor II

 

Para conhecer mais sobre o trabalho de Mickey Bernardoni acesse o Vimeo.

 

Fonte Surf e Cult

 

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