Surf seco

Surf de alto nível

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Australiano Trent Munro lidera o WCT em um ano que promete ser bastante disputado. Foto: ASP World Tour / Karen.

Depois da realização de duas etapas do WCT 2005, o ranking já mostra nomes diferentes no topo.

 

O australiano Trent Munro, várias vezes carrasco dos brasileiros nos WQS, lidera o circuito, mas nas próximas etapas, que acontecem nos reefbreaks de Teahupoo e Fiji, este quadro pode ser alterado.

 

O aussie Mick Fanning parece ser um dos que vão estar nas cabeças este ano, depois de ficar afastado por contusão durante quase todo o ano passado, ele parece estar ainda melhor, no ritmo e em sintonia com a vitória.

 

O tricampeão Andy Irons está melhor do que

O atual campeão brasileiro Renato Galvão está em constante evolução e tem tudo para ser um dos destaques do surf mundial nos próximos anos. Foto: Ricardo Macario.
nunca e deve encabeçar o topo do ranking, principalmente quando o mar estiver tubular, além de seu irmão Bruce, que a qualquer momento pode começar a ganhar sem parar também.

 

Além destes, existe o contingente americano com Slater, Wardo, Hobgoods e mais os novos australianos como Bede Durbidge, Tom Whitaker e Troy Brooks, que já andam fazendo-se notar.

 

O tour esta ficando cada vez mais disputado, tanto para eles como para nós, mas os picos do WCT são bem diferentes.

 

É claro que tudo para nós é mais difícil. Dizem que está tudo globalizado, nós temos juízes e o Renato Hickel lá dentro, mas a sede da ASP, o presidente e o juiz-chefe são australianos e, para quem não sabe, eles são bastante patriotas e têm o surf como esporte nacional – como é o futebol para nós.

 

Nunca vi tamanho constrangimento depois da final do Pro Junior em North Narrabeen. Pela transmissão na internet senti que os locutores australianos estavam sem rumo, assistindo mais uma vitória de um sul-americano, desta vez de nome Pablo.

 

Sem nenhum australiano nas semifinais, até um surfista alemão apareceu na fita, de nome Marlon Lipke, que venceu o defensor do título Adriano de Souza. Isso sem falar que entre as mulheres a jovem peruana Sofia Mulanovich tem tudo para reinar por um bom tempo.

 

O novo critério de julgamento da ASP está valorizando bastante a variedade de manobras, aliando o surf power com o moderno, além do estilo e fluidez. Agora fica ainda mais difícil para arrancar notas acima de 8 em qualquer condição de mar. Alguns nomes brasileiros devem assimilar e se moldar a estes novos critérios.

 

Nós temos alguns representantes respeitáveis no tour, como Neco Padaratz, Peterson Rosa, Raoni Monteiro, Paulo Moura, Marcelo Nunes, Victor Ribas e Renan Rocha. A partir de agora vai ser difícil em qualquer ano e quem está lá precisa de uma grande inspiração para “roubar a cena” e liderar o ranking WCT.

 

Desde o surgimento da ASP, os critérios de julgamento mudaram bastante. A principal mudança foi a soma das duas melhores da bateria. Já houve épocas em que eram somadas as quatro melhores ondas. Naquela época o competidor não podia esperar muito e acabava tendo que pegar algumas ondas ‘auxiliares’.


O  critério ainda dava ênfase na quantidade de manobras e valorizava a distância percorrida (funcional) para incentivar e deixar prosseguir o surf conservador. Foi uma época que o surf andou de lado.

 

O surf power demorou para ser o principal diferencial dos melhores do mundo e somente em 2000 isso mudou, o que atrasou o lado de alguns nomes de gerações passadas. Se competisse com os critérios atuais, nomes como Gary Elkerton poderiam ter no mínimo um título mundial, Martin Potter teria mais que um e Tom Carroll no mínimo três, sem falar de outros power surfers que teriam se destacado bem mais.

 

A tática e a estabilidade emocional contam muito na competição, porém o critério é a essência e este favoreceu muita gente técnica e com surf ‘macio’ nas décadas de 80 e 90. Um exemplo caseiro é o carioca Leo Neves, que com a valorização do power surf em 2000 no livro de regras da ASP – e conseqüentemente no da Abrasp – ganhou dois títulos brasileiros, além de algumas Saveiros.

 

A nova geração mundial e brasileira está aí para elevar ainda mais o nível com estilo, fluidez e harmonia. Veremos quem serão os nomes que vão ocupar o topo da lista do SuperSurf. Os antigos ainda quebram e tem a tarimba. Gouveia, Herdy ou Jojó e Pedro Müller podem surpreender.

 

O campeão Renato Galvão, que hoje é um dos melhores competidores do mundo, além de ter um surf de manobras bem agressivas e com estilo, é uma nova ameaça. Outros nomes que devem despontar tanto aqui como lá fora devem ser Simão Romão, Bernardo Pigmeu, Adriano de Souza, Pablo Paulino, Jean da Silva, Adilton Mariano, Flavio Costa, entre outros que não estou citando e são nomes importantes.

 

Aloha e muitas alegrias em 2005.