Meu nome é Antonio Fleury, sou empresário e faço um trabalho como voluntário para a ONG O’Surfe, que tem por objetivo ensinar a shapear pranchas e treinar o surf de alto rendimento, além de ser escolinha para os iniciantes, sendo idealizadores do projeto tão humano o casal Henry e Patrícia Lelot, e trabalhamos com crianças carentes das áreas da Rocinha e do Terreirão, Rio de Janeiro (RJ).
Pois bem, sempre fazemos surf treinos com as crianças semanalmente, e no último final de semana fomos convidados a participar de um treino em São Conrado pelo Ricardo “Bocão”, líder comunitário na Rocinha, que faz um trabalho social belíssimo com as crianças de lá.
Ele nos pediu o apoio técnico como lycras, prêmios e tudo mais que fosse necessário para o bom andamento do treino, fomos ajudá-lo mais que prontamente, pois ele é um grande parceiro de O’Surfe, sempre indicando crianças para nós.
Como a rede de franquias Spoleto é nossa parceira, levamos mais de 50 quilos de massa e molho, além de guarácamp e biscoitos, para serem destribuídos às crianças, o que prometia ser um dia muito agradável para todos nós.
Mas, infelizmente tivemos uma grande decepção. Armamos nossa tenda como base de apoio para as crianças guardarem as roupas,mochilas, isopor com as bebidas e proteger do sol aqueles que não estivessem competindo.
Nossa tenda de 3 x 3 metros, cedida pela Spoleto, tinha o nome da marca impresso. Nada mais justo estar silcado o nome de nossa maior patrocinadora – oferecendo mais de uma tonelada de alimentos por ano.
A Surfrider Foundation, na pessoa do senhor Cacau Falcão, dizendo-se detentor do evento que ali aconteceria, simplesmente disse para nós que não ficaria bem para ele aqui no Brasil, ter uma barraca com uma marca com mais visibilidade do que a dele, por conta das parcerias que a Surfrider Foundation tem com outras marcas no Brasil e nos deu a sugestão de cobrir o logotipo com uma “canga”.
“Cobre com umas cangas que vai ficar bom”, afirmou.
Disse ainda que tínhamos que informá-lo com antecedência de que estaríamos apoiando a escolinha de surf da Rocinha, pois ele é o apoiador principal e deveria ter sido avisado, não nos permitindo permanecer no evento e nem muito menos com a barraca.
Isso nos deixou mais indignados, pois o lado social que a Surfrider tanto prega, e de quem eu sempre fui fã, mostrou-me muito claramente que o senhor Cacau Falcão está só jogando para a platéia.
E que essa coisa toda é só marketing e um egocentrismo latente deste senhor. Pois, para nós da O’Surfe, toda ajuda é sempre bem-vinda, principalmente para as crianças que às vezes não têm o que comer em casa, muito menos na rua.
Fiquei realmente muito decepcionado, pois a O’Surfe já participou de diversos campeonatos e nunca um organizador preocupou-se com isso, pois estávamos ali só para somar. E todos que chegam para perguntar sobre a nossa barraca, sempre saem felizes quando falamos da grande ajuda que recebemos da Spoleto, uma superparceira da ONG e principalmente do surfe, apoiando diversos atletas de ponta.
Infelizmente tivemos que nos retirar, pois parceria é parceria e se a barraca não pôde aparecer deixamos todo o alimento para as crianças, pois elas não têm culpa de nada. E só fizemos isso para não prejudicar o Bocão, que é apoiado pela Surfrider.
Mas, com certeza, disso tudo quem realmente saiu perdendo foram as crianças, por pura vaidade, egoísmo e egocentrismo.