Enfim chegamos ao Billabong Pipe Masters, última evento do WCT no ano que pode dar a Gabriel Medina o título de primeiro brasileiro campeão mundial de surf. A etapa que pode entrar pra história como divisor de águas no surf nacional e internacional também marca a despedida da nomenclatura da ASP (Association of Surfing Professionals), que a partir do ano que vem será WSL (World Surf League). Eis aqui tudo o que você precisa saber sobre o evento.
HISTÓRIA
O campeonato mundial de surf mais famoso que existe surgiu em 1971, com o nome de “Hawaiian Masters”. O formato era de apenas uma bateria de 6 competidores e foi vencido pelo havaiano Jeff Hackman em seu ano de estreia. Em 1976, a competição se tornou parte do então inédito World Tour.
Em 81, o australiano Simon Anderson venceu o evento com a inovadora triquilha, abrindo caminho para a prancha mais usada pelos surfistas atualmente. No ano seguinte, o havaiano Michael Ho venceu o evento com o pulso engessado.
O maior campeão da história do Pipe Masters é Kelly Slater, que levantou a taça sete vezes. A última vez que o evento foi vencido por um havaiano foi em 2006, no quarto título de Andy Irons. Atualmente, a maior aposta do Hawaii é John John Florence, atual campeão da Tríplice Coroa Havaiana e vice-campeão do Pipe Masters no ano passado.
O Pipe Masters nunca foi vencido por um brasileiro, mas já foi cenário de excelentes apresentações verde-amarelas. Entre os que já chegaram às semifinais do evento, estão Peterson Rosa (1994), Guilherme Herdy (1996), Renan Rocha (2000) e Paulo Moura (2004). Em sua campanha rumo à semifinal, Renan Rocha arrancou tubo nota 10.
O legend brasileiro Pepê Lopes foi o único a disputar uma final em Pipe, em 1976. Na época, o Circuito Mundial era organizado pela IPS, com 18 convidados e baterias de seis pessoas. Na final, Pepê terminou na sexta colocação, atrás de Rory Russell (1o), Gerry Lopez (2o), Paul Naude (3o), Mark Richards (4o) e Mike Armstrong (5o).
Em 2011, em seu ano de estreia no Tour, Gabriel Medina descolou um quinto lugar em Pipe, melhor colocação do brasileiro até agora. Em 2012 foi 9º e em 2013 obteve o 13º lugar.
ONDA
Considerado por muitos como a onda mais letal do planeta, Pipeline é uma bancada de coral rasa e irregular. Quebra até 15 pés ou mais, com swell de noroeste, sendo a melhor época do ano de outubro a março. Com ondas maiores, as bancadas de fora (conhecidas como 2º e 3º reefs) podem ser encaradas. Representa um desafio extremo no mundo do surf, com um drop vertical que pode lhe render o tubo da vida. Fora das competições, o crowd é simplesmente insano.
“Primeiro ela te intimida”, diz Kelly Slater sobre a temida onda. “Depois você encontra a força para tentar surfá-la. Então você a entende, você passa a querer sempre mais”.
Enquanto “Pipeline” é o nome específico da esquerda, também pode ser incluído para citar Backdoor, uma direita ligada a Pipeline que funciona com swell de norte ou noroeste. A rasa bancada de Off The Wall, mais à esquerda do Backdoor, e o beach break de Ehukai, à direita de Pipe, são outras ondas próximas ao pico.
COMPETIÇÃO
Três atletas disputarão o título de campeão mundial de 2014 durante o Billabong Pipe Masters. Gabriel Medina, local de Maresias de apenas 20 anos, busca trazer o primeiro título para o Brasil. Mick Fanning, 33, almeja o tetracampeonato em Pipe. O veterano Kelly Slater, de 42, busca seu décimo segundo título mundial.
As chances de título dos três ficaram assim:
Se Medina terminar em segundo, o título mundial é dele.
Se Medina terminar em terceiro, Fanning terá de vencer o Pipe Masters para ganhar o mundial. Slater fora da competição.
Se Medina terminar em quinto, Fanning terá de vencer o Pipe Masters para ganhar o mundial. Slater fora da competição.
Se Medina terminar em nono, Fanning precisa chegar em segundo ou melhor para ganhar o mundial. Slater fora da competição.
Se Medina terminar em 13º ou 25º, Fanning precisa de um terceiro lugar para vencer um título mundial ou ficar em quinto para levar a corrida pelo título a um surf-off*.
Se Medina terminar em 13º ou 25º, Slater precisa ganhar o evento.
*O surf-off acontece quando dois atletas terminam o ano empatados na primeira colocação do ranking. De acordo com Renato Hickel, Tour Manager da ASP, o ideal é que a decisão seja feita numa “melhor de três”, com três baterias de 30 minutos entre os dois atletas. Caso não haja tempo para realizar a melhor de três, haverá apenas uma bateria de 35 minutos para decidir o campeão.
Esse ano a ASP cortou o número de convidados havaianos para apenas 2 wildcards, que são vencedor e vice das triagens. Eles cairão no primeiro round, nas baterias de Gabriel Medina e Mick Fanning.
Os desfalques confirmados para Pipe são Adriano de Souza (Mineiro), Taj Burrow e CJ Hobgood. O irlandês Glenn Hall, o australiano Mitch Coleborn e o havaiano Dusty Payne substituirão os lesionados.
A janela do Billabong Pipe Masters vai de 8 a 20 de dezembro. O fuso horário do Hawaii é de 8 horas a menos que no Brasil. Isso quer dizer que se a competição começar às 8 da manhã lá, aqui no Brasil o início será às 16 horas (horário de Brasília).
Confira as baterias atualizadas* do primeiro round do Billabong Pipe Masters
1 Joel Parkinson (Aus) x Julian Wilson (Aus) x Glenn Hall (Irl)
2 Michel Bourez (Tah) x Sebastian Zietz (Haw) x Raoni Monteiro (Bra)
3 John John Florence (Haw) x Matt Wilkinson (Aus) x Mitch Coleborn (Aus)
4 Kelly Slater (EUA) x Adam Melling (Aus) x Dusty Payne (Haw)
5 Mick Fanning (Aus) x Aritz Aranburu (Esp) x a definir**
6 Gabriel Medina (Bra) x Dion Atkinson (Aus) x a definir**
7 Jordy Smith (Afr) x Jadson André (Bra) x Jeremy Flores (Fra)
8 Kolohe Andino (EUA) x Freddy Pattachia Jr. (Haw) x Travis Logie (Afr)
9 Josh Kerr (Aus) x Kai Otton (Aus) x Brett Simpson (EUA)
10 Owen Wright (Aus) x Adrian Buchan (Aus) x Mitch Crews (Aus)
11 Nat Young (EUA) x Filipe Toledo (Bra) x Alejo Muniz (Bra)
12 Bede Durbidge (Aus) x Miguel Pupo (Bra) x Tiago Pires (Por)
*As baterias foram atualizadas porque o atleta CJ Hobgood teve de deixar a competição.
**Wildcards das triagens.