Exemplo de superação e vontade de viver, Octaviano Bueno, o Taiu, terá um novo desafio em sua vida. Ele é candidato a vereador em Guarujá (SP) e apresenta propostas pertinentes, sobretudo voltadas às ações sociais.
Ex-surfista profissional, ele ficou tetraplégico (sem os movimentos do pescoço para baixo), depois de uma onda mal completada na praia de Paúba, São Sebastião (SP), em 1991.
De lá para cá, sempre foi exemplo de luta pela inclusão social. ?A decisão de me candidatar é porque quero participar e ajudar nas decisões para melhorar a minha cidade. Este é o início. Sei que não é fácil se eleger.
Eu procuro seguir limpo na campanha, sem me envolver com coisas erradas. Vou tentar me eleger desta forma, conscientizando as pessoas de que os representantes do povo devem ser corretos?, explica Taiu.
Animado, ele confia na renovação. ?A Câmara precisa de sangue novo, gente com boas intenções, vontade e idéias boas para fazer do Guarujá uma cidade modelo e atrair turistas fora de temporada. Estou num partido com ideais bem legais?, frisa Taiu, que é filiado ao PPS.
Entre as melhorias que tem planejado está um ponto que sente na pele, a acessibilidade total a cadeirantes e deficientes físicos. O esporte é uma das prioridades, com a criação de pistas de skate, praças, quadras e ginásios e potencializar as atividades na praia. ?Também temos de trazer tecnologia, empregos e cursos na área de informática?, comenta ele, não esquecendo a terceira idade.
?Temos de criar áreas de lazer aos idosos, como mesa de jogos, bocha e pontos de pesca?, relata. A lista de propostas é grande, dando ênfase ao turismo, como a criação de trilhas, teleférico, taxi-bicicleta, sem deixar de esquecer o seu esporte de coração. ?Quero buscar incentivo para criar recifes artificiais?, conta o candidato.
Taiu sofreu o acidente no dia 1 de novembro de 1991, depois de ser desclassificado no Hang Loose Pro Contest na Praia de Pitangueiras, Guarujá. Ele foi treinar em Paúba e ao cair de uma onda fraturou a quarta vértebra cervical, traumatizando a medula óssea.
Depois de muito tempo hospitalizado, voltou para casa e não se entregou. Com apoio de muitos amigos, seguiu acompanhando o mundo do surf e seu quadro físico não o impediu de atuar com sites e até escrever um livro, Alma Guerreira, onde relata várias passagens de sua vida. Atualmente é comentarista de campeonatos de surf e escreve para vários veículos de mídia, como o Waves.
Taiu é considerado, até hoje, como um dos maiores e melhores big riders brasileiros de todos os tempos. Começou a surfar aos 11 anos de idade, com uma prancha de isopor em Pitangueiras, onde segue morando.
Aos 13, viajou pela primeira vez ao Hawaii, com o avô e aos 20 estava morando em Waikiki. Entre suas conquistas estão o sétimo lugar no Pro Class Trials em Sunset Beach, o título brasileiro em 1984 e uma etapa do Paulista em Ubatuba, em 1986.
Enquanto aguarda os avanços da medicina, não deixa de sonhar em voltar a surfar um dia. ?A vida pode nos pregar surpresas, como uma onda inesperada fechando na nossa cabeça. Temos de sobreviver?, diz Taiu. ?As amizades e as vibes que fiz e faço até hoje no surf são os meus maiores tesouros. Nessa situação de hoje, se não tivesse os amigos, o apoio e as boas vibrações, seria muito mais difícil?, comenta.
Mesmo longe do mar, das ondas gigantes que gostava de dropar, Taiu mantém a mesma paixão pelo seu esporte. ?Não existe nada igual à vida do surf aqui no Planeta. Só o fato de poder surfar já está valendo. Nunca esqueçam disso. Não importa se você é freesurfer ou pró, se esteja merreca ou grande. Surf é vida?, afirma Taiu, sem dúvida, um exemplo de superação, força e garra.
Para entrar em contato com Taiu Bueno, envie mensagem para [email protected] .