Os campeonato de Pipeline, Paracuru e Fernando de Noronha deram início ao novo tour mundial da ASP.
Com a novidade do sistema de pontuação dos campeonatos que eram WQS e a reciclagem periódica da elite, tudo ficou muito mais dinâmico.
Este ano promete com essa mudança, justamente neste momento que o Brasil atravessa, a nível de quantidade de ótimos surfistas experientes e muitos novos indo para o tour.
Este ano já aconteceu muita coisa.
Começando com a atuação dos brasileiros no mundial Pro Junior em Narrabeen. Foi só a primeira etapa e o nosso time é forte.
No mundial da ISA na Nova Zelândia, Gabriel Medina rouba a cena novamente com duas ondas perfeitas, uma nota 10 e a outra 9,9. Talvez a ordem das ondas desta vez obrigou os juízes a tirar um décimo na segunda onda do Medina , porque a primeira foi ligeiramente um pouco mais espetacular.
Dá-lhe Medina, caminhando passo a passo com sua base-raiz da ´Mãe Maresias´, esse garoto de 16 anos é o garoto-sensação do planeta surf.
O pequeno gigante Adriano de Souza espera o inicio do World Tour para estrear junto com a sua tropa de elite do pelotão dos top 6. Mineiro é muita evolução em andamento. Eu vi uma única onda dele este ano surfada no Monduba, Guarujá. Quem não está acostumado, estranha. Bota ´compromisso´ nisso! E esta palavra é chave no critério de hoje.
Alejo Muniz, depois dos resultados de Paracuru e Noronha, ocupa no momento o posto número 1 do pelotão que vai poder participar do WT, o antigo WCT, a partir de agosto. Esse é um cara que se continuar assim, em breve vai lutar pelo titulo mundial.
Ele demonstra ter uma garra feroz e já superou adversários dificílimos. Ele está sempre se adaptando às condições mais adversas de onda. Ele tem todas as manobras no repertório e sabe muito bem pontuar uma onda. A sua performance em Sunset de 4 a 5 metros valeu o prêmio ‘Rookie of the Triple Crown 2010´.
Teve brilhante performance no campeonato no Norte da Califórnia, o ColdWater Classic, na legendária onda de Steamer Lane, em Santa Cruz. Ondas geladas e volumosas de 3 metros e uma semifinal revela sua facilidade de adaptação.
Heitor Alves é um dos melhores surfistas do mundo. Ele é um cara que saiu no limite do WT. Começou a pontuando bem para voltar. Ele tem experiência, talento, garra e todo repertório que hoje está supervalorizado no critério.
No Jadson é impressionante ver a sua radicalidade e verticalidade. Ele decola literalmente de frontside e seu ´backhand ataque´ é base lip com alto potencial para tirar notas altas. Vamos ver como esse talento selvagem vai se comportar, como os juízes vão digerir o seu surf nas ´pistas´do WT. Ele está em progressão total.
Wiggolly Dantas é outro garoto que está chegando, passo a passo. Ele manda bem nos tubos, tem disposição em Pipeline e isso cria reputação. Ele vem desta nova geração, que tem inúmeros moleques bons e treinados aqui no Brasil. Como eu disse, ele está chegando devagar, em passos sólidos e aguardando a sua hora.
Willian Cardoso é o Monster Power surf da atualidade, com 90 quilos e muita flexibilidade. Quando pode vencer, seja em 1 ou 5 metros, este gigante amassa. Lembro das etapas da Espanha com o mar de 4 metros.
A luta não é fácil para ninguém e o Willian tem uma patada superior na face da onda. O surf dele lembra as performances do Mr. Gary Elkerton, ex–Kong ou o Pancho Sullivan, mais recente.
Outro que surfa muito nas baterias por aí é Hizunomê. Em Noronha ele teve apresentações excelentes em diversas baterias, tem um bom seeding e está no seu momento.
Ian Gouveia, que com toda sua experiência acumulada desde bebê com o pai e mestre Fabio Gouveia, é um dos garotos que deram a evoluída. Suas milhas de tubos rodados e as manobras modernas no pé, com o seu DNA e sua alma de surfista tube rider, de um ano para cá o surf dele está chamando a atenção.
Os mais experientes e os não menos perigosos são deste grupo : Leo Neves, Raoni, Pablo Paulino [tem que se focar], Pedro Henrique, Gustavo Fernandes e ainda acrescentando o cearense Marcio Farney, todos com potencial de chegar junto.
Marco Polo faz parte deste grupo e geração. Ele está começando o ano no WT e sua vida foi trabalhada para isso. Ele é determinado e conhece bem uma competição. Acredito que ele pode surpreender nos corais. Vai lá, Pólo, você pode.
Tem muita gente nova e boa, tanto aqui no Brasil como pelo mundo afora que estarão surfando na mira dos juízes da ASP.
Este ano o head-judge ano não será mais Perry Hatchet, um profissional excelente com 12 anos na função mais ´de responsa´do tour. O juiz-cabeça tem uma responsabilidade e poder extremos.
Tomara que o próximo não seja um australiano psico, como foi a gestão sacana do Mr Fooks, que me ferrou em diversas baterias como juiz e arrasou resultados de muitos brazucas da geração Peterson Rosa. Mr Fooks, I don´t like you.
O episódio que rolou este ano no Ceará, no confronto final entre o Heitor Alves e o Alejo Muniz foi questionável e cruel. Foi muito duvidosa a decisão dos juízes na hora do desfecho da bateria.
O que eu considero questionável foi uma nota [8,40] computada numa onda claramente inferior a uma onda seguinte surfada [8,23].
Com transmissão pela internet e replay, a decisão dos juízes nunca foi tão observada de perto por milhares de torcedores e pessoas entendidas do assunto.
Uma onda curta, com três manobras grandes de outside, pode valer uma nota excelente, acima dos 8. Mas uma onda com duas ótimas manobras [nada de espetacular] e na terceira o atleta embica, que fosse uma nota no critério bom alto, talvez um 7,83.
Mas, mesmo que a nota saísse no patamar acima de 8, como aconteceu, uma onda surfada depois de computada essa nota, que teve começo, meio e fim, com quatro manobras no percurso, sendo duas manobra ´grandes´ , o head-judge não poderia ter deixado isso passar no sistema de replay e comparação (observação: procure ver essa bateria no Youtube).
Estou cansado de saber que isto acontece e os que mais sofrem serão sempre as vítimas.
Boa sorte aos competidores e aos juízes. O show tem que continuar. Uum resultado justo e uma batalha limpa é o que todos nós queremos ver. Aloha.
Taiu Bueno tem apoio da Hang Loose e Reef