Ten years after

Bruno Lemos, Off-The-Wall, North Shore, Hawaii

Bruno Lemos em Off-The-Wall. Foto: Duda.
Nos últimos vinte anos tenho acompanhado a trajetória de grandes fotógrafos de surf. Muitos deles, grandes amigos e companheiros de histórias inesquecíveis, como Bruno Alves, Beto ?Cação? Sodré, Sebastian Rojas, Basílio Ruy, Roberto Price, Motaury, Agobar Jr, James Thisted, Roberto Price, Mickey Hoffmann, Sergio Kovacevick, Cícero Lehmann, Levy Paiva, Clemente Coutinho… nossa, tanta gente que daria pra escrever outra matéria, claro.

 

E nesse tempo o surf cresceu muito, mas nem tanto a ponto de absorver toda essa turma de carreira formada no Brasil, com uma ou outra investida nas revistas internacionais.

 

Pipeline, North Shore, Hawaii. Foto: Bruno Lemos / Lemosimages.com.
Por isso que alguns, infelizmente para o esporte, acabaram abandonando a adrenalina das surf-trips e campeonatos para outras ondas mais rentáveis.

 

Enquanto isso, Bruno Lemos, revelado no surf carioca no final dos anos 80, partiu em 1991 para realizar o sonho de qualquer surfista: viver no Hawaii e experimentar sensações extremas oferecidas para quem pratica, fotografa ou apenas aprecia as mais fantásticas manifestações do oceano.

 

Depois de passar quatro anos se familiarizando à vida no paraíso, começou a fotografar e a colaborar com várias publicações e canais de TV por assinatura.

 

No Waves, Bruno participa desde 2003. A princípio, era uma colaboração voluntária e, como sempre, altamente entusiasmada.

 

Com o tempo, e por conta de sua incrível capacidade, o site Hawaii foi reformulado e ganhou uma remada, com atualização constante, altas imagens, entrevistas com personalidades internacionais e brasileiros esquecidos pela mídia… enfim, dá licença, um correspondente extraordinário, como Guto Amorim, na Austrália, e o nosso velho Darsa, o melhor Waveschek do mundo durante a temporada na Indonésia.

 

O site Waves tem vários marcos. E a entrada de Bruno Lemos é um dos pontos-altos de nossa cobertura.

 

E quando tem swell fico naquela ansiedade da espera pelas fotos e dos textos de um novo dia alucinante de surf nas ilhas do Hawaii.

 

E não dá outra, abro o outlook e ele despeja dezenas de imagens, fotos incríveis que dariam para montar ao menos 20 páginas-duplas e mais outras tantas páginas com inserts e outros recursos gráficos delirantes.

 

São imagens maravilhosas e que rendem galerias de fotos de alto impacto, ação tanto dentro como fora da água, sempre uma performance no limite, executada por alguns dos melhores surfistas do mundo.

 

Trabalhar com caras como Bruno Lemos direto do templo sagrado do surf mundial é um estímulo especial.

 

Isso porque além de todo o profissionalismo, humildade e interesse, é um amigo sempre disposto a ajudar os surfistas do Brasil, sejam eles patrocinados ou não por grandes marcas internacionais, mas que possuem retrospecto e que dão sua contribuição em ondas que não são para qualquer um. 

 

Por isso é muito legal aqui apresentar a entrevista e as fotos favoritas de Bruno Lemos, colecionadas nestes 10 anos de altas ondas e aventuras inesquecíveis.

 

Valeu, Bruno! Os internautas do Waves.Terra são muito privilegiados pelo acesso aos visuais de seu escritório natural, as praias do Hawaii.

 

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Clique aqui para ver o vídeo com os melhores momentos da carreira de Bruno Lemos

 

 

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Mark Healy – Pipe Masters. A cobertura deste campeonato é uma marca do trabalho de Bruno Lemos: imagens fantásticas de  uma onda extraordinária, desafio para surfistas e fotógrafos . Foto: Bruno Lemos / Lemosimages.com.

Como tem sido completar 10 anos de fotografia durante esse Pipe Masters?


O Pipe Masters é sem dúvida um dos melhores, se não o melhor campeonato de surf da atualidade.

E como as ondas quebram bem perto da areia é realmente um dos maiores espetáculos da Terra para quem gosta e aprecia o surf. Então é incrível ter mais uma oportunidade de estar presente num Pipe Master.
Este ano não poderia ter sido melhor. Logo no primeiro dia fiquei no canal acompanhando e filmando de perto algumas  performances incríveis.

Inclusive a do meu amigo e xará Bruno Santos, bem como de alguns outros locais que também são meus conhecidos dando um verdadeiro show, talvez num dos melhores dias de surf que eu já vi.

 

Bruno Lemos apresenta suas armas em busca das melhores imagens. Foto: Duda.

O que mudou do primeiro Pipe Masters que cobriu em 95 para o deste ano?


Algumas coisas mudaram sim, mas existem muitas coisas que ainda estão iguais. Tipo o Kelly Slater, continua dando o show dele de sempre. E continua sendo o favorito. As ondas também continuam iguais, aquele  tubo perigoso e perfeito…
O que mudou na minha opinião é sem dúvidas o número de pessoas assistindo na areia, o número de fotógrafos e mídia especializada. E, sem dúvida o trânsito que está impossível. Achar vaga para estacionar nem se fala.
Outra coisa que não existia era a transmissão ao vivo pela internet, e agora também para televisão, como neste ano pelo Sportv.

A tecnologia desenvolvida pela empresa brasileira Beach & Bite é a responsável por tudo isso e proporcionou um número ainda maior de espectadores no mundo inteiro.
No meu caso também não mudou muito. Os equipamentos que estou usando no momento talvez sejam melhores dos usados há 10 anos. Também estou representando e colaborando para um  maior número de veículos, alguns que nem existiam antigamente.
Mas a fissura de estar ali presente vendo as baterias, torcendo pelos brasileiros e estando na expectativa de capturar boas imagens e fazer um bom trabalho também continuam as mesmas de sempre.

 

O que é importante para sobressair na sua carreira de cinegrafista e fotógrafo no competitivo meio do surf?
Fotografar surf talvez seja um dos mais competitivos, difíceis e ingratos segmentos da fotografia. Falo isso, pois são muitos os fotógrafos de surf hoje em dia. Os equipamentos são geralmente os mais caros. A lente padrão do fotógrafo especializado atualmente é uma 600mm F4.0 da Cannon, que custa de US$ 5 mil a US$ 7 mil (fora os acessórios).

E, se ele quiser fotografar dentro d’água, a brincadeira encarece ainda mais. Sem contar que todo esse equipamento fica exposto à areia, vento, maresia e, às vezes, até chuva…
Então, para se sobressair nesse meio, você tem que ter primeiro uma grana para adquirir um bom equipamento.

Depois, disposição para carregar toda essa tralha pra lá e pra cá. E, acima de tudo, o principal, querer ser um fotógrafo de surf. Tem que ter muita força de vontade e perseverança, pois as barreiras e dificuldades serão muitas, principalmente no Brasil, onde o mercado ainda não é tão forte quanto o australiano e o americano.
Aqui fora é muito comum vermos fotógrafos viver exclusivamente da fotografia de surf e até chegam a se aposentar como fotógrafos de surf. Já no Brasil são poucos que conseguem viver e se sustentar nesse meio. Quando eu comecei a surfar, os principais fotógrafos da época eram  Alberto Sodré, Beto Issa e alguns outros.
Hoje em dia eles continuam fotografando, mas não é surf, o que é uma pena, pois é essencial para o esporte termos fotógrafos com experiência em nosso meio.
Aqui vemos caras mais velhos como Jeff Divine, Jim Russi, Aaron Chang, caras que estão ainda totalmente na ativa e vivendo com o trabalho. Warren Bolster, por exemplo, acabou de se aposentar, fez sua vida como fotógrafo de surf. Então isso dá gosto de ver.
Tomara que o mercado no Brasil um dia melhore para que possamos ver esse tipo de coisa acontecendo. Pois estou vendo um grande número de fotógrafos da nova geração com muito talento para a fotografia de surf, mas se o mercado não estiver bom, provavelmente a maioria vai virar fotógrafo de moda, publicidade ou de casamento, ramos mais fáceis onde é maior a grana envolvida.

Então, o básico para se sobressair nesse ramo são essa vontade, disposição, talento e saber se valorizar, saber vender o seu trabalho.

 

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Bruno Lemos mostra que também é capaz de gerar imagens radicais. Foto: Duda.
Além de fotos você também faz vídeo. Dá pra fotografar e filmar ao mesmo tempo?

Eu sempre gostei mais de foto, mas como o equipamento de vídeo era mais barato, comecei fazendo vídeo, sempre com uma câmera de foto ao lado. Mas nunca tive uma supertele-photo para fazer imagem de fora d’água.
Então  consegui uma caixa-estanque para foto e iniciei fazendo fotos dentro d’água.

Com o tempo, as fotos foram saindo nas revistas, fui juntando uma grana e consegui, depois de muito tempo, comprar um “canhão” pra fazer de fora d’água.

Hoje tenho uma plataforma dupla que dá pra filmar e fotografar ao mesmo tempo se alinhar bem as duas câmeras.

Jorge Pacelli, Jaws, Maui. Foto: Bruno Lemos / Lemosimages.com.
Mas o ideal é fazer um ou outro. Geralmente, quando a luz está melhor faço fotos. Se estiver um pouco nublado faço vídeo.

 

Quais momentos marcantes nestes 10 anos de praia?
Acho que depois que inventaram o tow-in e começaram a surfar Jaws o surf entrou para uma outra dimensão. E eu, como admirador e amante das ondas grandes, me identifiquei muito com isso. Acho isso talvez uma das coisas que mais me chamou a atenção e marcou nesses 10 anos de carreira.

 

Existe alguma foto ou imagem que você gosta ou aprecia mais?
É difícil falar sobre uma foto ou uma imagem em particular. Com certeza existem algumas imagens que marcaram a minha carreira, com a foto de Rodrigo Resende em Waimea, quando ele ganhou o primeiro prêmio Big Trip.

Também gosto de algumas fotos incríveis finalistas do Billabong XXL nos últimos dois anos em Jaws.

Também foi lá que  consegui capturar uma onda do Garrett Mcnamara pegando aquele tubaço que entrou para a história alguns anos atrás. Essas assim como outras que agora não me lembro são algumas cenas inesquecíveis.

Recentemente também fiz uma boa foto de Bruce Irons no Backdoor, um dos lugares mais difíceis e perigosos  para se posicionar dentro d’água na minha opinião. Por isso, foi muito gratificante.

 

Já pensou em desistir ou parar de fotografar surf para se envolver em algum outro ramo de fotografia?
Hoje em dia faço casamentos, portraits e qualquer outro tipo de foto que for solicitada. Mas o prazer de entrar num mar e sair com uma foto boa não se compara com os outros tipos de fotografia. Então, acho que enquanto tiver esse tipo de sentimento dentro de mim vou continuar fotografando o surf.

 

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Keale Kealohe, filho de Bruno, fotografado em Vall´s, North Shore, Hawaii. Foto: Bruno Lemos / Lemosimages.com.
Quais fotógrafos de surf você mais admira profissionalmente?
Hoje em dia vemos muitas fotos iguais ou parecidas. Tipo aquelas tradicionais feitas com uma supergrande angular dentro d’água ou as de fora bem fechadas, com o shutter speed bem alto. Então, fica até difícil conseguir diferenciar muito o trabalho de cada um.

Mas, sem dúvidas tem alguns fotógrafos que se sobressaem.

Scott Aichner, por exemplo, consegue se diferenciar muito da maioria pelo posicionamento extremamente ousado dentro da água, assim como Cris van Lennep. O trabalho de Sean Dave também me agrada muito. E são fantásticas as fotos feitas por Warren Bolster por controle-remoto.

Line up de Jaws, Maui. Foto: Bruno Lemos / Lemosimages.com.

No Brasil tenho vários amigos fotógrafos que já me ajudaram muito e sou fã de todos eles. Mas a coragem de Sebastian Rojas faz ele se destacar.

Sem contar que ele é um dos mais antigos do Brasil e um dos poucos que continua firme até hoje no ramo. É um exemplo a ser seguido.

 

Quais os planos para o futuro?
Gostaria muito de continuar a fotografar surf, pois é muito gratificante, é o que gosto de fazer. E vou continuar a fazer outros tipos de fotos como de casamento, pois tem um bom mercado aqui no Hawaii.

Na área de vídeo, não sei se estarei produzindo algum meu.

Vou continuar a colaborar com projetos de amigos, como Rafael Melin e outros que me pedirem imagens. E, na  televisão, vou tentar consolidar algumas parcerias com produtoras e canais de TV que gostam e confiam no meu trabalho.

 

E o que você gostaria de dizer aos internautas do Waves e fãs do seu trabalho?
Apenas gostaria  de agradecer primeiro a Deus, por ter me dado, acima de tudo, saúde, força e disposição para fazer esse trabalho. Assim como  ter aberto tantas portas para mim nesse meio.
Também gostaria de agradecer a todas as pessoas que diretamente ou indiretamente me ajudaram e colaboraram de alguma forma para que eu pudesse chegar aonde cheguei. Sem dúvidas, foram muitas batalhas.

Quando você está iniciando uma carreira, seja ela qual for, vai sempre depender da boa vontade de alguém, ou de alguém que possa vir a te dar uma chance para mostrar o seu trabalho, seu potencial.

Comigo não foi diferente, graças a Deus muita gente me ajudou e alguns me deram chances que realmente fizeram a diferença.

Não preciso dizer nomes, mesmo porque são muitos e se eu esquecer de alguém, como já aconteceu antes, depois vão ficar chateados.

Mas cada um que já fez algo por mim sabe quem é e eu agradeço de coração.
Também queria agradecer todo o staff da Waves por ter me dado a oportunidade de fazer parte dessa equipe e de poder mostrar um pouco o meu trabalho.

Quem sai ganhando com isso é o surf e os usuários assíduos que também ajudam a fazer desse site o melhor do Brasil e um dos melhores do mundo. Grande abraço e aloha, bl.

 

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