Tesouro dourado

Snapper Rocks, Coolangatta, Gold Coast, Austrália

Snapper Rocks, o sonho dourado na Austrália. Foto: Nancy Geringer.
A Gold Coast australiana pode ser considerada a “menina dos olhos – de ouro” do surfe mundial. Localizada na costa leste da Austrália, a região possui cerca de 40 quilômetros de faixa litorânea, que vai da praia do Spit, em Southport, até chegar a Duranbah, em Coolangatta, Sul da “Goldie”, como é chamada na gíria local.

 

A Gold Coast abriga uma incrível quantidade de direitas perfeitas – todas bem próximas uma das outras, como o Superbanks (Snapper, Rainbow Bay, Greenmount, Coolangatta e Kirra), além de “Alley Rock”, em Currunbim, e  Burleigh Heads.

 

Snapper Rocks, cobiçada direita da Gold Coast. Foto: Nancy Geringer.
Esse pedaço do paraíso está situado numa latitude similar ao da regiao Sudeste no Brasil – o que explica o clima tropical, com água quente durante boa parte do ano, bem como no Brasil.

 

Além de revelar lendas do esporte como Michael Peterson e Wayne “Rabbit” Bartholomew, presidente da Association of Surfing Professionals (ASP), a região é base de diversos competidores da elite, como Mick Fanning, Joel Parkinson, Luke Egan, Dean Morrinson, Mark Occhilupo, Beau Emerton, Bede Durbidge e Troy Brooks, bem como de inúmeros talentos da nova geração e free surfers.

 

Essa combinação de fatores torna a Gold Coast uma das regiões mais intensas e propícias para o surfe do mundo, além de ser a região mais visitada na Austrália – nao só pelo surf, mas também pela diversidade de parques temáticos e competitiva industria hoteleira. Sem falar na famosa e agitada vida noturna nas boates e cassinos de Surfers Paradise.

 

“Aqui é o melhor lugar do mundo. E ainda tem os cassinos para completar. Para mim esse é o melhor lugar do planeta”, afirmou o havaiano Bruce Irons durante o banquete da ASP no final de fevereiro.

 

Surfe todo dia – Localizada ao Norte, está ‘The Spit’, uma onda mais de pico numa área pouco habitada. Descendo um pouco, chega-se a Narrowneck, praia de fundo artificial de areia e que funciona muito bem com vento Nordeste, proporcionando boas esquerdas, ao contrário dos picos de Coolangatta, que não  quebram com vento Nordeste, com apenas uma esquerda em Duranbah.

 

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Visual de Duranbah com a estrutura do projeto de retirada de areia ao fundo. Foto: Nancy Geringer.
Já Surfers Paradise é indicada para banhistas. Surfistas devem ficar atentos às bandeiras do sistema de segurança, pois os salva-vidas locais não são muito  tolerantes.

 

Miami e Broad Beach também possuem boas ondas, mas fecham com swell acima de 6 pés.

 

Aí,  entram em ação os points breaks de direita. Para ter idéia do potencial, ao longo de cerca de 30 quilômetros, entre a praia de Duranbah,

em Coolangatta, e Burleigh Heads,

pode-se contar pelo menos cinco point-breaks perfeitos.

 

 

Snapper Rocks, uma surf school natural. Foto: Nancy Geringer.

Coolangatta é uma cidade bem pacata. Às 22 horas, em uma caminhada pela rua principal, você encontra ao menos meia dúzia de estabelecimentos abertos.

 

Também é possível constatar, num rápido role, uma grande quantidade de aposentados que migram de outras regiões para desfrutar da paz e da qualidade de vida.

 

Snapper Rocks, Rainbow Bay, Greenmount e  Kirra formam a pista de manobras mais cobiçada planeta: Superbanks, uma direita que começa atrás das pedras de Snapper, um pouco balançada, mas muito tubular.

 

Depois forma uma seção de tubo ao chegar em Rainbow Bay. Isso ocorre quando o swell atinge a costa com a ondulação de Sul/Sudeste. A onda emenda, passando pelo morro do Greenmount, com uma seção com normalmente o dobro de tamanho, gerando um tubo largo, profundo e rápido.

 

Chegando ao meio da praia de Coolangatta é hora de acelerar e manobrar adiante, sempre tentando encaixar em mais um tubo, até iniciar a seção na famosa e lendária Kirra, que com a construção do Superbanks perdeu o ângulo devido ao excesso de areia ao redor dos molhes. Mas, passou a ser uma das seções mais rápidas do Superbanks.

 

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A onda do Superbanks pode atingir mais de 2 quilômetros em toda sua extensão. Foto: Nancy Geringer.
Como surgiu o Superbanks – Mas, nem sempre foi assim. O Superbanks passou a existir em 2001, com uma forcinha dos governos de Queensland e New South Wales, unidos para melhorar a navegação na entrada do Rio Tweed e acabar com a erosão  nas praias de Coolangatta.

 

Surgiu então o Tweed Gold Coast Sand by Pass, projeto milionário financiado pelos dois Estados, e que consiste em retirar a areia do rio e jogá-la em quatro pontos diferentes: Duranbah, Frogs, Snapper e Kirra.

 

É uma areia que vale ouro para os surfistas da Gold Coast. 

 

Marcelo Nunes curte a Gold Coast. Foto: Nancy Geringer.
O posicionamento da areia no fundo do mar criou essa incrivel direita. De acordo com Guto Amorim, correspondente do Waves Austrália, o local Damon Harvey foi o sortudo que pegou a onda mais extensa do Superbanks. Competidor  do WQS, Harvey percorreu cerca de 2,3 quilômetros em dois minutos.

 

A façanha ocorreu graças a entrada de um ciclone na costa leste australiana em 2002.

Amorim conta que Harvey dropou a onda no outside de Snapper e foi parar ao Norte de Kirra.

 

Quando saiu da água, os amigos já o esperavam na areia. A comemoração rolou no melhor estilo aussie, com a galera indo direto para um pub e o dia entrou para a história de Coolangatta.

 

Frogs é a proxima parada. Situada logo acima de Snapper, é uma onda que quebra em frente a uma parede de pedras, com maioria de bodyboarders no pico. Depois de passar um morro, chega-se a Duranbah, onde também há opção de esquerdas.

 

Se quiser variar um pouco, dá para ir um pouco além e descer cerca de 65 quilômetros ao Sul, onde está localizada Byron Bay, Broken Heads e Lennox Head, já no Estado de New South Wales.

 

Byron é uma cidade pacata no melhor estilo hippie, com boas direitas e um visual paradisíaco, cercada por parques à beira da praia. Já Lennox Heads quebra numa bancada de pedra localizada em frente a um penhasco num estilo totalmente diferente, com grandes pinheiros completando o visual.

 

Tops aprovam – A maioria dos atletas é enfática sobre este pedaço de paraíso. “Adoro a Gold Coast. Tanto é que neste ano vim para cá bem mais cedo, para aperfeiçoar o inglês, surfar e me familiarizar ainda mais com os demais integrantes do Tour”, conta Peterson Rosa, brasileiro melhor colocado no ranking do WCT 2004 na décima posição.

 

Ele chegou a Gold Coast no dia 2 de fevereiro e foi embora no ultimo dia 13 direto para o WQS de Margaret River, em Western Austrália.

 

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Greenmount, com Kirra ao fundo. Foto: Nancy Geringer.

Quem tambem se amarra no pico é o hexacampeao mundial Kelly Slater, que permaneceu na área até o último dia 20 treinando diariamente em Snapper Rocks e Duranbah.

 

Slater aproveitou até os últimos instantes e saiu daqui somente no dia 20 para aproveitar um swell ao sul de Manly e curtir o astral de Sydney, de onde segue para a etapa do WCT em Bells Beach, no Estado de Victoria, Sul da Austrália.

 

“Acho esse lugar incrível. Calor, altas ondas sempre, várias opções para o surf. Às vezes tenho vontade de morar por aqui? Se não

Burleigh Heads é mais um paraíso de direitas da Gold Coast. Foto: Nancy Geringer.
viajasse tanto durante o ano, seria uma ótima opção de base”, admite Slater.

 

Logo depois da primeira etapa do WCT, também garantiram o show por pelo menos mais uma semana em Snapper Rocks um crowd de campeões mundiais: os havaianos Andy Irons, tricampeão mundial, e o conterrâneo Sunny Garcia, campeão em 2000; bem como o local Mark Occhilupo, que faturou o título em 99.

 

“Esta época é punk para um freesurf, pois você disputa as ondas com vários campeões. Olha para um lado, está o Kelly Slater, vira para o outro e encontra o Andy Irons. É uma loucura. Acaba sendo melhor deixar eles surfarem!”, diz Diogo Rodrigues, brasileiro que vive na Austrália desde 2000.

 

Locais como Mick Fanning, Joel Parkinson, Luke Egan, Dean Morrinson e Mark Occhilupo complementam o treinamento no Surfing Australia High Performance Centre (HPC), no complexo de Casuarina Beach, norte de New South Wales, cerca de 15 minutos ao sul de Coolangatta.

 

O HPC é um centro de treinamento especifico para o surf, com alta tecnologia em equipamentos e excelentes profissionais. O local possui acomodação quatro estrelas, piscinas semi-olímpicas, academia de última geração e atividades como Yoga e Pilates.

 

O treinamento tem suporte da Comissão Australiana de Esportes e da Surfing Australia, entidade responsável pelo esporte no país. Os Tops, bem como os melhores atletas juniores, têm acompanhamento de treinadores, avaliações físicas, dieta especial, entre outros serviços destinados ao aumento de performance.

 

O centro oferece ainda treinamentos para atletas de outros paéses, contando com o auxilio técnico de Sasha Stocker, ex-campeão mundial amador.

 

Vale destacar o fato de a perna do circuito mundial ter começado em grande estilo pela região, com atletas locais dominando tudo. Mick Fanning derrotou o norte-americano Chris Ward na final do Quiksilver Pro; Josh Kerr faturou o Quiksilver Air Show e Stephanie Gilmore levou o Roxy Pro.

 

Mas, como nem tudo é perfeito, o problema dos surfistas aqui é o crowd, principalmente em Snapper e Rainbow Bay, onde é impossivel contar o número de cabeças na água.

 

“Surfar chega a ser difícil, pois o crowd atrapalha a execução das manobras. Muitas vezes você tem que desviar para não atropelar alguém na onda”, diz Marcelo Nunes depois de uma session em Snapper.

 

“A molecada é fogo aqui. Não alivia, entra em todas as ondas”, revela o potiguar.

 

Mas, para o Kelly Slater, isso não é problema. “Realmente o crowd é pesado, mas aqui tem muita onda. É só esperar a vez e pegar a sua”, diz o Top.

 

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Interessados em obter mais informações sobre a região, picos para surfar e como fazer para estudar na Austrália, devem entrar contato com Guto Amorim pelo email gutoamorim@waves.com.br .

 

 

 

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