Tesouros perdidos de Maui

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A ilha de Maui possui inúmeros picos, secretos ou não, em sua costa, e swell por lá é o que não falta. Foto: Duda / Hawaii Surf Pix.

Quando comecei a surfar, lia as trips em algumas revistas e sempre ficava aquela pergunta: será que pode dar tudo tão certo em uma barca de surf?

 

Alguns finais de semana atrás, finalmente tive a resposta. Esperei quase 20 anos pra saber e viver essa experiência.

 

Tudo comecou há alguns anos, quando Guilherme Tâmega botou na cabeça que surfaria Jaws com sua bodyboard.

 

Conversavamos muito sobre a possibilidade, prancha, custos e, claro, os riscos. Mas nunca vingava de rolar.

 

A performance de Mega Tâmega deu o nome para esta esquerda alucinante. Foto: Duda / Hawaii Surf Pix.

Este ano, com o final do Super Tour acontecendo em Maui, pegamos gosto pelo vôo de meia hora que sai de Oahu e no primeiro big swell que rolou, o cara veio logo dizendo que era chegada a hora.

 

E lá fomos nós, em plena segunda-feira, no último avião. Atrasados e revistados até os ossos no aeroporto, entramos na nave faltando um minuto para encerrar o embarque.


Chegando em Maui, fomos para casa de Jimmy Hutaff, bodyboarder das antigas e superlocal da ilha de Maui. A previsão era de altas ondas, com um swell gigante.

 

Acordamos no dia seguinte às quatro da manhã

Finalmente Guilherme Tâmega mata a vontade de surfar a temida Jaws. Foto: Duda / Hawaii Surf Pix.

e fomos até o cliff, na busca de alguém para

puxar GT.

 

Pude ver e fortografar o pico – Jaws – e estava insurfável pelo crowd. Cheguei a ver quatro duplas na mesma onda.


Desistimos da empreitada e fomos dar uma volta. Foi quando descobrirmos a luz. Jimmy nos levou a uma esquerda que, não adianta insistir, não direi onde fica. Igual ou no mínimo muito parecida com Teahupoo, Taiti.

 

Um buraco com ondas de 8 a 10 pés, às vezes com 12 pés, dobravam no reef afiado de Mega’s point, nome dado pela forma com que nosso ídolo brasileiro, Guilherme “Mega” Tâmega, surfou as esquerdas. Manobras absurdas com direito a bodyboard quebrado no meio e tudo.


A esquerda vinha e quebrava um buraco que já deixa saudades. A ondulação entra na baía e forma uma direita que apelidei de Taúba, por me lembrar minha amada Paúba, no litoral paulista. Depois de rodar uma direita perfeita ela ainda tinha força pra formar no inside uma esquerda onde ficava uma galera surfando de longboard.


Depois disso, fomos dirigindo pela freeway e nunca havia visto uma cena como aquela. Para onde eu olhava via ondas quebrando. Era direita, esquerda, gorda, cavada, de todos os gostos e com terral. Um cenário que pensei não ser possível, o que seria pouco provável em uma data tão certa.


Depois demos uma olhada em um pico chamado Hole Mills, uma esquerda que rolava com uns quatro pés que, tirando Pipeline, poucas vezes vi uma onda tão perfeita. Do lado direito rodava uma direita mais que perfeita, como Off the Wall, que apelidei de DD’S. Subimos em um barranco e demos de cara com uma baía com altas ondas também.


Depois do almoço nos indicaram um pico chado Ledgs, praia bastante freqüentada. Era um pier de pedra e a onda vinha correndo. Parecido com a Joatinga, no Rio de Janeiro, só que com dois metros. E rola até oito 8 pés.


No final dessa aventura, GT matou a vontade de domar o monstro e encarou Jaws de frente. Mas essa já é outra história.

 

Confira mais fotos desse dia inesquecível para o bodyboard brazuca.