The Game revoluciona o surf competição

Brad Gerlach após uma session em Off The Wall (12/12/01)

Brad Gerlach é o responsável pela introdução do The Game. Foto: Ricardo Macario.
Você já parou para imaginar um campeonato de apenas três horas de duração, em que duas equipes disputam baterias em dois tempos, com intervalo, técnicos, torcidas divididas em lados opostos torcendo acirradamente a favor de seus times?

 

Parece mais um jogo de futebol, basquete ou esportes em geral que estamos acostumados a assistir na televisão, certo? É isso mesmo, mas desta vez trata-se também de um campeonato de surf, um projeto inovador trazido pelo ex-competidor do WCT Brad Gerlach.

 

“The Game” é uma nova proposta para campeonatos de surf, um modelo diferente de tudo que já foi visto até hoje, baseado principalmente na disputa entre equipes. Segundo Gerlach, de 31 anos, a idéia veio do pai dele, há cerca de 10 anos, justamente quando ele desistiu de correr o tour mundial, desapontado com as injustiças e com o desgaste provocado pelo modelo tradicional de competição.

 

Gerlach perdeu o interesse pelas competições no início dos anos 90 e começou a pensar em novas opções para campeonatos de surf. Foto: Tostee/ASP.
De acordo com Brad, o objetivo do novo formato é atrair para a praia um público mais interessado no evento, e tentar amenizar possíveis erros de julgamento que acontecem justamente devido ao longo tempo exigido pelos campeonatos atuais, que levam quase dez horas por dia durante pelo menos três ou quatro dias.

 

“Trata-se de um modelo que visa valorizar todos os participantes, desde os atletas, que passam a trabalhar em equipe, aos juizes, técnicos e principalmente os fãs. Ninguém agüenta ficar sentado na areia por mais de dez horas assistindo as baterias, nem eu que sou um grande fã de surf”, diz Gerr.

 

“Estivemos trabalhando nisso há quatro anos e a coisa evolui de maneira surpreendente”, conta. Com a disputa entre equipes, sendo que os adversários não se encontram na água, Gerlach acredita estar também acabando com o uso de regras de prioridade e outras características do surf competição que considera desestimulantes e injustas.

 

Dino Andino representou a equipe de Orange County no Game. Foto: Chris Owen/Surfinghemag.com.
Vamos ao formato: são duas equipes de oito surfistas cada. Em oito baterias de vinte minutos cada, divididas em dois tempos de quatro baterias, o evento totaliza três horas de duração em média. Quatro atletas da mesma equipe entram na água na primeira bateria, depois quatro do outro time na segunda e assim por diante, nos dois tempos. Cada atleta é julgado em suas duas melhores ondas, e pode ajudar na performance do time a cada onda surfada.

 

Cada time tem direito a três paralisações solicitadas em cada meio tempo, podendo ser usadas para compensar longas remadas ao outside ou em momentos estratégicos durante a competição. Além disso, os resultados são atualizados o tempo todo, e todos podem saber o que precisam para virar o resultado.

 

O mais interessante é que é possível inserir no contexto do surf uma característica comum a todos os outros esportes: a rivalidade sadia entre torcidas, onde o time da casa recebe o visitante e assim por diante, com torcida organizada e tudo mais.

 

Gerr (último a dir) vibra com a vitória da equipe de San Diego. Foto: Chris Owen/Surfinghemag.com.
“Além de ser um formato rápido e dinâmico, é uma disputa de equipes, e ninguém assiste interferências e táticas injustas, apenas uma disputa sadia e competitiva”, orgulha-se Gerlach, que ainda aponta para o detalhe de que é possível desfrutar de todo o resto do dia para surfar as ondas do local onde é realizada a prova.

 

“A troca de experiência proporcionada pela existência de um técnico também é um fator positivo, pois tornará as próximas gerações mais espertas, rápidas e mais motivadas também”, continua. “E este modelo pode ser interessante em qualquer condição de mar, inclusive em ondas como Teahupoo e Pipeline, ou até em ondas pequenas e mexidas, mas vamos dar um passo de cada vez. Se as pessoas gostarem, vamos expandir cada vez mais”, completa Gerlach.

 

A primeira experiência oficial da National Surf League, como é chamado o novo formato proposto por Gerlach, aconteceu no início de novembro, em Cardiff Reef, Califórnia, durante o Rob Machado Surf Classic, envolvendo as equipes de San Diego contra Orange County, ambas dos EUA.

 

Rob Machado, campeão por São Diego no The Game. Foto: Aaron Checkwood/Transworldsurf.com.
O evento reuniu cerca de 200 pessoas na praia, em pleno dia de semana, e contou com apresentação formal das equipes, devidamente uniformizadas, e uma grande festa entre os times e torcidas nas três horas de competição. Segundo Gerlach, “a primeira apresentação do The Game não poderia ter sido melhor”.

 

Agora é tudo uma questão de tempo, mas, se depender do sucesso desta primeira experiência, poderemos estar presenciando o início de uma verdadeira revolução no esporte. Quem viver verá.

 

Mais informações sobre o assunto no site oficial do The Game (www.nslgame.com) ou nos sites Surfingthemag.com e Surfermag.com .

 

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