Metade das baterias da repescagem foram para a água nesta segunda-feira (1/3) no Quiksilver Pro, primeira etapa do ASP World Tour 2010.
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As ondas quebraram com pouco mais de 1 metro nas séries e a formação melhorou a cada bateria na maré vazia, fato que proporcionou ótimos tubos, ondas armadas, lisas e com bom espaço para inúmeras manobras.
O time brazuca sofreu duas baixas. Os catarinenses Neco Padaratz e Marco Polo foram derrotados em seus duelos e estão fora da prova.
Ambos apresentaram um nível de surf completamente diferente do primeiro round e buscaram melhor performance em suas baterias.
Neco entrou em cena primeiro e mostrou enorme disposição no quarto duelo do dia. Em sua primeira onda arrancou três tubos. Na segunda chutou a rabeta com muita pressão e jogou água para todos os lados três vezes seguidas e ainda conseguiu um chapeuzinho no final.
O catarinense está de volta à sua boa forma e exibiu o surf power pelo qual é conhecido. Continuou pegando uma onda atrás da outra, colocando força nas manobras e botando para dentro dos tubos sempre que possível, porém o norte-americano Damien Hobgood investiu apenas nas melhores ondas da série e trabalhou dentro do creitério esperado pelos juízes para vencer a bateria por 16.57 a 13.53 pontos.
“A gente treina, observa e analisa tudo. Profissionalmente falando, eu analiso detalhes e por isso que fico tão intenso e me sinto tão mal de não conseguir me expressar mais dentro da água. Na verdade, auto-crítica e análise são coisas totalmente subjetivas, então quem sou eu, né!?”, diz Neco Padaratz.
“A gente faz o que pode e o que mais sabemos fazer dentro da água. Eu sou um cara que luta pelo que faz, não perco tempo à toa e acho que posso também falar quando acho que as coisas são diferentes, porque estou aqui há 15 anos e tenho condições suficientes de saber como é uma vitória e como é o detalhe que fica para um lado ou para o outro da linha. A gente sabe muito bem quando perde e quando vence”, fala o catarinense.
“As três ondas do Damien realmente foram três boas da série, mas acho que o surf deveria ser julgado de uma forma mais específica. Usei toda força que tinha na minha vida ali naquele momento e diversifiquei minhas manobras. Dá para ver que o mar não tem muito tubo e consegui pegar seis na bateria. Mesmo assim não fui bem julgado por nenhum deles. Sei lá, achei que o tubo seria a grande arma aqui, como geralmente é, mas infelizmente o julgamento é subjetivo e fica sempre na mão dos outros”, lamenta Neco Padaratz.
Já o estreante na elite Marco Polo, correu atrás do resultado o duelo inteiro e encaixou belas manobras precisas em suas ondas, mas nada pode fazer para deter o inspirado sul-africano Jordy Smith, que entrou em sintonia total com o pico e pegou a melhor onda do evento até o momento, avaliada em 9.93, sendo que três juízes deram nota 10.
Para isto ele pegou a melhor da série, arrancou um belo tubo logo no início, bem extenso e ainda no outside, para depois completar com uma sequência de manobras. Derrotado pelo placar de 17.86 a 10.27 pontos, Polo encerra sua primeira participação no ASP World Tour.
“Você sempre quer impressionar o público e quem está assistindo, mas na verdade às vezes você só precisa deter seu adversário e fazer boas pontuações. Agora só surfei 70% ou 80%. Nas próximas rodadas darei tudo de mim”, diz Jordy Smith.
“Senti que agora o mar tinhas ondas mais constantes e neste round todos já estavam um pouco mais aquecidos, escolhendo as melhores ondas e e usando toda técnica para surfar bem, esta foi a diferença de um round para o outro”, analisa Marco Polo.
“O nível dos atletas muda muito do WQS para o ASP World Tour. Aqui eles realmente surfam muito bem, dentro do critério do juízes, enquanto no WQS já é um pouco mais misturado. Aqui você tem que definir pelo menos duas ou três manobras bem fortes para conseguir uma onda excelente. Já no WQS, com duas manobras fortes você entra no critério excelente. Isso que eu senti bastante observando algumas baterias”, explica Marco Polo, que irá correr o WQS de Margareth River mas optou por não ir a Tasmânia, já que pretende chegar uma semana antes em Bells Beach e treinar para a próxima etapa.
Integrante do quadro de juízes do ASP World Tour, o brasileiro Luli Pereira esclarece os novos critérios de julgamento da entidade.
“O critério foi reajustado neste ano, mas basicamente ele só incluiu a combinação de grandes manobras. Baseado nas condições que temos hoje aqui, que são ondas que oferecem uma combinação de grandes manobras e repertório, estes são os nuances principais que estamos observando”, fala Luli Pereira.
“Claro que o compromisso e o grau de dificuldade das manobras escolhidas são muito importantes e bem levadas em consideração. Os atletas que estão conseguindo fazer as manobras mais compromissadas e com maior grau de dificuldade, conseguindo mesclar dentro da parte crítica com outras manobras diferentes e não repetindo a mesma manobra durante toda extensão, estão sendo melhor avaliados”, explica o juiz.
“Os atletas podem apresentar manobras com muita força e bem difíceis, porém não serão bem avaliados se não exibirem uma variação no repertório. Se a onda oferecer possibilidade, pedimos que os atletas combinem grandes manobras com alto grau de dificuldade e sempre utilizem repertório, fazendo assim uma leitura variada da onda”, finaliza Luli Pereira.
Além da atuação de Jordy Smith, os surfistas que se destacaram na tarde desta segunda-feira foram Taj Burrow e Dane Reynolds.
Uma nova chamada para avaliação do mar acontece nesta terça-feira.
Confira mais fotos e informações em nossas próximas atualizações.
Segunda fase do Quiksilver Pro 2010
1 Taj Burrow (Aus) 14.84 x Garrett Parkes (Aus) 11.83
2 C.J. Hobgood (EUA) 14.93 x Blake Ainsworth (Aus) 12.76
3 Bobby Martinez (EUA) 10.07 x Craig Anderson (EUA) 8.70
4 Damien Hobgood (EUA) 16.57 x Neco Padaratz (Bra) 13.73
5 Dane Reynolds (EUA) 17.36 x Blake Thornton (Aus) 10.23
6 Jordy Smith (Afr) 17.86 x Marco Polo (Bra) 10.27
7 Kieren Perrow (Aus) 14.87 x Travis Logie (Afr) 13.37
8 Fredrick Patacchia (Haw) 16.10 x Tanner Gudauskas (EUA) 15.56
9 Dean Morrison (Aus) x Matt Wilkinson (Aus)
10 Kai Otton (Aus) x Nathan Yeomans (EUA)
11 Kekoa Bacalso (Haw) x Jay Thompson (Aus)
12 Mick Campbell (Aus) x Adam Melling (Aus)
13 Michel Bourez (Tah) x Patrick Gudauskas (EUA)
14 Ben Dunn (Aus) x Daniel Ross (Aus)
15 Roy Powers (Haw) x Andy Irons (Haw)
16 Drew Courtney (Aus) x Luke Stedman (Aus)
Para conferir mais fotos, acesse o Flickr Gabriel Teixeira.