Maria das Graças Tavares, a Tita, de apenas 23 anos, arregaçou o WQS em 98 e faturou uma vaga no WCT/99. Depois de ser bicampeã em Haleiwa, a local do Titanzinho já é uma ameaça às australianas, norte-americanas e havaianas.
Seu surf de tendências futurísticas é uma das grandes esperanças do esporte nacional, bem como de seu patrocinador, a marca Maresia. Direto do Hawaii, onde está se preparando para a temporada de 99, Tita conversou com nosso correspondente Levy Paiva.
Como foi o ano de 98?
Foi meio difícil porque eu machuquei o joelho logo no início do ano em Fernando de Noronha. Fiquei afastada do mar e das competições, mas eu sabia que mesmo contundida eu precisava competir porque precisava dos pontos para me posicionar melhor no ranking. No segundo semestre, já melhor, pude juntar todas as minhas forças e dar um bom gás, com um surf bem radical e com muita pressão, o que é a minha característica. Fiz a final do campeonato de Haleiwa com a australiana Laine Beachley e foi uma bateria muito disputada, porque ela surfa muito. Com a pressão feita por australianas e havaianas, na praia e dentro da água, houve uma dificuldade ainda maior. Mas eu venci, conseguindo uma vaga para o WCT deste ano. Agora quero dar um gás logo no começo na Austrália. Quero a primeira etapa do circuito.
Agora você é a miss Haleiwa, já que ganhou duas vezes no mesmo pico. Como é essa onda?
Eu não poderia imaginar ganhar uma etapa no Hawaii, quanto mais duas vezes. A Joinedille foi a responsável pela primeira vitória. Ela mora aqui há vários anos, conhece a onda como ninguém, e me deu todas as dicas fora e dentro da água, já que ela foi a minha “caddie” na final. Ela ajudou para que eu me posicionasse melhor no pico, me alertando sobre a correnteza. Tive um aproveitamento total das ondas, dentre outras coisas. E, pela segunda vez, eu já sabia tudo de cor, me concentrei e levei de novo o caneco, e agora vou batalhar bastante para conquistar o tricampeonato.
#
Depois do período de contusões em 98, você busca o título mundial de 99?
Eu não tive férias em 98 e passei batido para 99. Estou treinando muito bicicleta, corrida… Aqui no Hawaii surfo todos os dias entre três a quatro vezes por dia, coisa que as gringas não fazem. Tudo porque este ano eu quero, se Deus quiser, vencer o título mundial para o Brasil e para a Maresia, meu patrocinador.
Qual é seu quiver?
É uma coisa muito pessoal, depende de cada atleta. Eu estava usando as pranchas Radical, mas aí eu experimentei uma prancha Ricardo Martins e melhorei bastante meu surf: ficou mais explosivo, mais rápido. Acho muito importante ter uma boa prancha , principalmente para nós que moramos no Ceará e nunca tivemos um equipamento de ponta. Agora estou muito orgulhosa depois que passei a usar os “foguetes” do Ricardo Martins. Ficou mais fácil fazer as manobras, dar uma batida e voltar mais rápido para dar outra logo a seguir. E o que vale numa bateria do WCT é a quantidade e a qualidade de manobras por extenção da onda. Agora, ao voltar para o Brasil , vou pegar um quiver novo do Ricardo e vou para Kirra, na Austrália. Serão quatro pranchas: 5’8″ , 5’9″ , 6’0″ e 6’1″.
Qual a sua mensagem para a galera que navega na Internet e que torce por você?
Queria dizer para as meninas do Brasil, e de todo o mundo, que se vocês têm o surf na veia, na mente e estão a fim de surfar, que não tenham vergonha, pois o esporte é saudável para o corpo e para alma, e, se Deus quiser, para os próximos anos, aí na virada do milênio, teremos mais meninas brasileiras no tour. Estamos precisando dar uma dura nas gringas, formando um bom time brasileiro para as competições internacionais.