Um dos pontos que marcaram o sucesso do Hang Loose Pro Contest 30 anos foi justamente o clima de “revival” do evento. Aliada à presença de Gabriel Medina, que foi um natural convite ao público, e ao sol, a estratégia de celebrar o histórico campeonato de 1986 criou um ambiente especial na etapa da WSL Qualifying Series 6000, em Florianópolis (SC).
O que se viu foi algo parecido com o que rolou há três décadas nas areias da Praia da Joaquina, sem dúvida, um emblemático palco para o surfe, sobretudo por aquela competição que trouxe de volta o Circuito Mundial ao Brasil. O palanque remeteu à estrutura da época e para “atiçar” a memória dos antigos participantes a parte interna foi decorada com fotos da edição histórica.
Para criar todo esse cenário, um trabalho minucioso de pesquisa foi realizado pelo gerente de marketing da Hang Loose, Tom Toledo, que já era um estudioso da história da marca e no último mês “mergulhou” mais ainda nos arquivos para garantir um resultado primoroso. E tudo isso em menos de um mês.
“Com a proposta do Xandi (Fontes, organizador do evento e diretor geral da WSL South America) houve o mote de trazer de volta o Pro Contest para a Joaquina com essa ideia de reviver e comemorar os 30 anos, um evento que marcou uma história, um momento importante para o surfe nacional. A nossa ideia foi justamente que a arte e estrutura remetesse ao que foi o campeonato, só que trazendo um pouco dos elementos mais atuais da marca”, contou Tom Toledo.
Na parte externa, foi trabalhada uma comunicação bem semelhante ao que era em 86, ajustado ao tamanho do palanque atual, e o interior, área de atletas, acessos, beach marshall, trouxeram colagem de imagens daquela edição, com uma “pegada” mais moderna.
“A ideia era a galera que viveu aquele momento ter essa lembrança, e a molecada de hoje, que tem menos de 30 anos e não participou daquela festa, entender o que foi e até servir de comparativo”, explicou Tom Toledo.
“Então, a gente vê as fotos de três décadas atrás e as de agora e a única coisa que mudou foram as roupas e um pouco da construção. De resto, o público em peso na areia, surfe de qualidade. Foi bem essa a intenção, fazer essa brincadeira do passado com o atual”, disse Tom, ressaltando a responsabilidade do trabalho realizado, sobretudo pelo tempo muito curto de produção.
O gerente de marketing da Hang Loose ressaltou que por ser um evento que marcou muito a história do surfe, a expectativa também era grande. “Tivemos efetivamente 15 dias para poder realizar tudo. Na verdade, não foi fácil. O campeonato fez parte de um momento muito legal da vida das pessoas que estiveram lá em 86. Então queríamos repetir esse sentimento e a responsabilidade era enorme, era uma questão quase cirúrgica”, destacou.
“E como estou há 12 anos na Hang Loose e direto estou olhando os arquivos, até como pesquisa pessoal para poder direcionar as novas campanhas, eu já tinha um pouco desse caminho andado de entender a história, mas realmente foi uma situação bem mais complicada, para atender as expectativas 30 anos depois”, defendeu Tom Toledo.
Ele lembrou que nas suas pesquisas para desenvolvimento de campanhas sempre usa o Hang Loose Pro Contest de 86, por ser um momento marcante da empresa. “Bebo nessa fonte para nortear a minha linha de criação e não perder a essência da marca”, argumentou Tom, complementando que o start do trabalho foi da foto de Bruno Alves, que está no pôster oficial do evento. “De onde saiu todo o restante da comunicação”.
Além de Bruno, houve reforço de outros fotrógrafos como Marcelo Laxe, Beto Issa e Basílio Ruy. “Quando estava produzindo o material com a WSL, encontrei com o Basílio e, por coincidência, ele estava com um monte de cromos da época. Ficamos alucinados com essas imagens, que eu nunca tinha visto. Foi muito legal, ajudou bastante na pesquisa e somou para contar a história. Deu uma facilitada quando encontrei com ele”, revelou.
Com o trabalho todo feito, restava sentir o retorno do público e Tom confessou que não sabia qual seria o resultado. “Era um pouco semelhante ao Álfio (Lagnado, proprietário da Hang Loose) em 86. Ele foi lá e fez e não sabia o que ia dar, no que ia repercutir. Esse ano, a única diferença é que eu tinha a responsabilidade de já ter tido um evento de grande sucesso. Esperava se manter isso ou pelo menos não deixar a desejar na comunicação. Pelo que vivi esses dias na Joaca, está bem semelhante. A galera curtiu”, avaliou.
“Daquela época, só não quebrou aquele mar histórico, mas o clima de festa, a galera na praia está igual. Quase que um festival, transbordando um QS como a gente conhece hoje. Toda essa carga dessa comemoração dos 30 anos trouxe um clima de celebração muito bacana. Com todo mundo que participa, trabalhando ou de expectador, o sentimento é o mesmo”, complementou Tom.
Há quase 13 anos na Hang Loose (ingressou em 7 de janeiro de 2004), Tom Toledo iniciou como diretor de arte e hoje assumiu o papel de gerente de marketing, mas sem deixar a criação. Além disso, fotografa para a marca nas viagens com os atletas. Formado em Artes Plásticas pela FAAP, iniciou na Venice Mag, em 86 e também participou do projeto Nuts, jornal de surf, skate, música e comportamento. “Viajo com a equipe, faço todo material de venda, campanhas, tags, enfim tudo que utiliza imagens, site”, completou.