Tops do WCT viajam preocupados com a guerra

Danilo Costa - super surf 2003 maresias

Danilo Costa está na Austrália, pronto para a próxima etapa do WCT, em Bells Beach. Foto: Ricardo Macario.
O potiguar Danilo Costa já está na Austrália e os outros oito representantes do Brasil na elite mundial do ASP World Championship Tour (WCT) 2003 embarcam nesta semana para participar de duas provas naquele país, e na seqüência de mais duas, no Tahiti e Ilhas Fiji.

 

Sem exceção, todos estão preocupados com a guerra entre Estados Unidos e Iraque, mas concordam com a decisão da ASP (Association of Surfing Professionals) em não paralisar o Circuito Mundial de Surfe Profissional.

 

Nesta segunda-feira (07/04) começa o primeiro evento de nível máximo 6 estrelas do WQS (World Qualifying Series) em Margaret River e entre os dias 15 e 26, também na Austrália, eles participam da segunda etapa do WCT 2003, o Rip Curl Pro, em Bell’s Beach.

 

Depois, vêm mais duas etapas seguidas do WCT: o Billabong Pro Teahupoo, nos dias 06 a 18 de maio, no Tahiti, e o Quiksilver Pro, nos dias 25 de maio a 06 de junho, nas Ilhas Fiji. É uma série decisiva na disputa pelo título mundial da temporada, já que todos os três eventos valem o máximo de 1.200 pontos no ranking do WCT 2003.

 

“Esse é o meu trabalho e tenho que faze-lo, mas vou viajar via África do Sul para não correr o risco de ficar preso em algum aeroporto dos Estados Unidos, caso os mesmos venham a ser fechados momentaneamente”, contou o paraibano Fábio Gouveia, o mais experiente da “seleção brasileira” no WCT 2003. “Só que a Austrália também está na parada ajudando a coalizão anglo-americana, então seja o que Deus quiser”, emendou Fabinho.

 

Os irmãos Teco e Neco Padaratz estão preocupados com a Guerra, mas concordam que o show não pode parar. Foto: Pierre Tostee/ASP World Tour.
Já o catarinense Neco Padaratz, brasileiro mais bem colocado no ranking com o quinto lugar conquistado na etapa de abertura do WCT 2003, no início de março em Queensland, também na Austrália, aprovou a decisão da ASP.

 

“Sempre viajo preocupado, ainda mais agora com este clima de guerra. Mas o mundo não pode parar por culpa de algumas pessoas. Este é nosso trabalho e, se pararmos, como vamos alimentar nossos filhos?”, questionou Neco. O seu irmão mais velho, Flávio Padaratz, embarca domingo para a Austrália e critica os Estados Unidos nesta tentativa de derrubar Saddam Hussein do poder no Iraque.

 

“Acho que está explícito que a guerra é uma questão mais comercial do que qualquer outra coisa. Acredito até ser uma disputa pessoal entre os dois líderes por questões que aconteceram no passado com outro membro da família Bush. Mas, acima de tudo, é o ser humano mostrando o extremo do seu egoísmo, insegurança e falta de cumplicidade. Não apontaria um causador, mas é fácil saber quem serão as vítimas”, falou Teco Padaratz.

 

O pernambucano Paulo Moura concorda: “Os dois lados estão errados, tanto os EUA com o seu presidente arrogante na sua luta contra o terrorismo e com claras ambições financeiras, quanto o ditador Saddam Hussein com suas atitudes sanguinárias”. Mas, ele aponta um lado positivo por ser brasileiro:

 

“Ninguém sabe ao certo quais serão os rumos reais dessa guerra e isso nos deixa preocupados por estar longe de casa. Mas tenho muita fé em Deus, somos brasileiros e brasileiro é sempre bem recebido em qualquer lugar do mundo”. Dos nove brasileiros que fazem parte da elite mundial do WCT 2003, o único que resolveu viajar uma semana antes para a Austrália, a fim de competir já no WQS de nível 3 estrelas que termina domingo em Newcastle, foi o potiguar Danilo Costa, que ainda não havia estreado na competição até a quarta-feira.

 

Paulo Moura destaca o carisma dos brasileiros para não ter problemas com hostilidade em tempos de guerra. Foto: Ricardo Macario.
“Em cada conexão de vôo, só passa a guerra na televisão, com pessoas fazendo protestos no mundo inteiro. Você nunca sabe o que vai acontecer, ainda mais numa viagem longa como essa, mas temos que arriscar porque este é o nosso trabalho e nenhum esporte parou por causa disso ainda”, falou Danilo, único estreante do Brasil no grupo dos 44 surfistas do WCT 2003.

 

Os outros brasileiros são Peterson Rosa (PR), os irmãos Flávio e Neco Padaratz (SC), Fábio Gouveia (PB), Guilherme Herdy (RJ), Victor Ribas (RJ), Paulo Moura (PE) e Armando Daltro (BA).

 

A expectativa é de que eles consigam um melhor desempenho do que na abertura da temporada na Gold Coast, Austrália, onde só Neco Padaratz conseguiu avançar até as quartas-de-final do Quiksilver Pro. Todos responderam estar bastante confiantes nesta fase decisiva de três etapas seguidas do WCT 2003.

 

Ranking WCT 2003 – 1 etapa
 
1 Dean Morrison (Aus) 1200
2 Mark Occhilupo (Aus) 1032
3 Mick Fanning (Aus) 876
3 Pat O’Connell (EUA) 876
5 Neco Padaratz (Bra) 732
5 Joel Parkinson (Aus) 732
5 Taj Burrow (Aus) 732

5 Jake Paterson (Aus) 732
17 Peterson Rosa (Bra) 480
17 Paulo Moura (Bra) 480

17 Armando Daltro (Bra) 480
33 Flávio Padaratz (Bra) 288
33 Fábio Gouveia (Bra) 288
33 Guilherme Herdy (Bra) 288
33 Victor Ribas (Bra) 288
33 Danilo Costa (Bra) 288

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