Palanque Móvel

Torcedor fanático solta rojão

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Bruno Santos, campeão do Billabong Pro Tahiti 2008 em Teahupoo, para alegria da torcida brasileira. Foto: ASP Rowland / Covered Images.

?Encha o peito, solte o grito da garganta e confira comigo no replay!? ? É campeão!

 

Demorou quase seis anos, nossa, como demorou! Bruno Santos veio do trials para ensinar como fazer o que nosso time da elite não conseguia!

 

No evento principal, como wildcard, ele barrou Fanning, Taj, CJ, o melhor surfista brasileiro do tour (Mineirinho) e ainda calou a torcida local no Tahiti ao derrotar Manoa. Será que o cara sabe lidar com pressão?

 

Especialista em tubos, o atirado surfista niteroiense veio embaladíssimo com o vice nas triagens para chegar ao evento principal sem temer a nada nem ninguém. Frontside estiloso, sem firula, sorte na dose certa e muita coragem.

 

O atleta reuniu todos os ingredientes que um campeão de etapa de WCT necessita. Porém, como crítico, só destaco que faltando poucos minutos para acabar a bateria final, Bruno tinha a prioridade, devia ter colado mais no taitiano e não devia ter pego aquela onda pequena e ainda tentado um aéreo girando. Se viesse uma onda com um tubinho, o local tiraria os 5,17 que precisava. Prova de que a sorte também esteve com nosso atleta.

 

A trajetória de Adriano de Souza também foi sensacional. Ratifico ainda mais que o atleta do Guarujá é o atleta brasileiro mais completo da atualidade. Está surfando com o sorriso no rosto, estilo, pressão e garra. Entubou bem fundo e não temeu quando o mar ficou um pouco mais pesado. Ao contrário, atrasou bonito com o corpo e não fugiu do lip. Perdeu por pouco para o campeão da etapa quando o mar já estava menor e inconstante.

 

Torci para Mineiro levar justamente pela pontuação do ranking, já que Bruno Santos é ?café com leite?, ou seja, não é top 44. Mineiro, em sexto no ranking, bem colado em Mick Fanning (5º) e com menos de mil pontos atrás de Slater (1º), agrada demais!

 

É esse o ponto principal da coluna, ou seja, não adianta em nada tirar um 10 na bateria e não avançar de fase. Claro, Leo Neves, meus parabéns, mas não adianta! Admiro a coragem e a audácia que o atleta teve em algumas palavras em recente entrevista, contudo, queimou a língua ao falar de quem não devia em hora inapropriada. Energia?

 

Lembro da época em que Renan Rocha tirou aquele 10 em Pipeline. Foi um alvoroço na imprensa e entre os atletas brasileiros. Fiquei supercontente também como Torcedor Alienado, afinal era uma época em que as notas máximas não eram tão comuns, principalmente porque o circuito era disputado em ondas de não tão boa qualidade. Depois que foi implementado o Dream Tour, isso mudou e notas 10 começaram a aparecer com bastante freqüência.

 

Contudo, depois que virei Torcedor Fanático, vim a descobrir numa estatística da ASP que Renan era o recordista de 33as posições nos campeonatos de WCT.

 

Moral da história: tirar 10 em onda buraco é maneiro, mas o torcedor brasileiro quer ver fazer bonito no campeonato inteiro!

 

Bruce Irons levou a bateria contra Leo com regularidade, não foi com um lampejo de talento. Quem quer ser bom, precisa ir mais além, mas ainda não convenceu ninguém de que vai subir mais no ranking.

 

Pupilo de Marcelo Simon, Heitor Alves, promessa de muito talento, debutou bem nos caroços e fez uma ótima bateria no primeiro round contra Taylor Knox e Rodrigo Dornelles! Mostrou personalidade, também se jogou sem medo e encarou as condições naturalmente.

 

Faltou um pouco de sorte e de ondas na derradeira bateria contra Kai Otton. O australiano é um insano nos tubos, desde criança acostumado em condições pesadíssimas. Foi bom ver Mineirinho ganhar de um cara desses no round seguinte.

 

Neco também teve bons momentos, entubou e tirou notas altas no pico que quase lhe tirou a vida. Mas convenhamos que ainda falta muito para seguir em frente em condições como as de Teahupoo. Esquerda buraco definitivamente não é a sua especialidade. Alternou tubos com algumas vacas meio estranhas.

 

Pedra também fez bem parecido com o Neco. Surfou bem alguns tubos, tava com jeito de quem esteve concentrado e afim de beliscar um resultado mais expressivo. Percebia-se nitidamente em sua feição que queria sair de qualquer jeito dos tubos, mas complicou-se em condições ditas fáceis para quem quer surfar ondas como aquelas num circuito de primeira divisão.

 

Foi fraco no primeiro round, não fez nenhum belo tubo. No segundo round, perdeu para um dos caras que mais ?merece? ser derrotado pelos brasileiros: o falastrão Jordy Smith.

 

O Jihad é goofy e surfou de base trocada? Não é possível, Jihad, a sua maior nota no campeonato foi um 3.60! Não teve nem um lance emocionante maior que uma guilhotinada do lip no pescoço! Nem o patrocinador vai ter uma foto bacana pra ilustrar um anúncio com a lycra do campeonato!

 

Sei que Teahupoo é complicado, WCT é pressão e tudo mais. Mas pessoal, vamos lá, né!

 

Toda vez que estou ligado nas transmissões estou conectado com amantes e entendidos do esporte ao redor do mundo. Coleto opiniões e análises antes de vir aqui e escrever detalhes tão importantes sobre performances de atletas de alto nível.

 

Fazia tempo que eu não tinha um consenso de opiniões tão grande e uma certeza tão clara de que Jihad Khodr está devendo demais no WCT. Essa etapa foi o ápice de como ?não se deve fazer?.

 

Jihad, se você pretende ficar no WCT, fique mais um mês no Tahiti treinando para as outras etapas e para o ano que vem.

 

“Tubos de Teahupoo: curvem-se para nosso atleta Bruno Santos, ele vai passar!”.

 

Bruninho, obrigado! Hoje vou levar a brasileirada ao pub aqui na Austrália, vamos brindar com chopp de água salgada e gritar: É CAMPEÃÃÃÃÃÃÃÃO!!!!!!!!!!