A segunda edição do Madeirite Trópico terminou no final da tarde do último domingo na praia da Guarita, Torres (RS).
O festival reuniu surfistas pioneiros do Rio Grande do Sul, atletas de renome, mulheres, garotos, crianças e rolou em dois dias de muito sol e boas ondas no berço da modalidade no estado.
Aproximadamente 150 competidores caíram na água e apesar de ser nomeado um campeão em cada uma das oito categorias disputadas, o evento não tem caráter competitivo e a camaradagem predominou nas baterias.
Destaque para a participação de Roberta Borges, primeira campeã brasileira de surf profissional (1985) e de Marco Antonio Potthoff Silva, primeiro campeão gaúcho em 1968.
“As pessoas aqui hoje com seus filhos e netos são as mesmas que deram início ao surf no Rio Grande do Sul. E as baterias rolam sem pressão nenhuma. São apenas de apresentação. O importante é manter o espírito do surf vivo, vir para a Guarita e pegar onda com a galera”, conta Roberta, que faturou o primeiro campeonato brasileiro feminino da história na praia de Itamambuca (SP), outro pico lendário do litoral brasileiro.
Ainda com a lycra de competição, Marco Antonio Potthoff Silva relembra a final de 1968. “Foi aqui mesmo. Rolaram ótimas ondas e os competidores da época são os legends de hoje. Ser o primeiro campeão e correr o Madeirite Trópico como tal é uma grande honra. Esse evento tem que existir para sempre”.
Sílvia Ahrons, primeira campeã gaúcha em 1969, também marcou presença na Guarita. Segundo a ex-atleta, o Madeirite Trópico faz a comunidade do surf na região voltar ao passado. “Isso tudo é muito família e me deixou super emocionada”, diz Sílvia, com os olhos marejados.
Por falar em família, a categoria Pais e Filhos chamou atenção do público que superlotou o curto trecho de areia do point. Os legends formaram duplas com seus moleques e meninas e tiraram a maior onda nas valas do inside. “Estar de volta onde tudo começou e cair no mar com o João para competir foi muito legal. Por sinal, todos os meus filhos pegam onda, inclusive a caçula”, afirma André Johannpeter.
“Na correria do dia a dia atual, sabemos como é difícil arrumar um tempo para surfar com os amigos e familiares. Portanto, nosso objetivo é reunir famílias e amigos em torno do surf e manter a tradição”, explica Guga Schifino, diretor de expansão da Trópico, rede de surf-shops gaúcha responsável pela organização do festival.
“O Madeirite cumpre dois importantes papéis. No primeiro, olha para trás e valoriza as gerações que descobriram o surf no Sul do Brasil. No segundo, olha para a frente e com a categoria Sementes, por exemplo, incentiva a nova geração. Tudo isso em clima de confraternização”, comenta Leonardo Meneghetti, ex-repórter de surf e atual diretor geral do Grupo Bandeirantes de Comunicação no Rio Grande do Sul.
Neco de volta Outro destaque desta segunda edição do festival foi a presença de Neco Padaratz, campeão do já antigo WQS em 2003 e 2004. O catarinense voltou recentemente da Califórnia (EUA) onde morou por um bom tempo e encontra-se sem patrocínio.
“Voltei da Califa com minha mulher e meu filho e estamos nos readaptando à realidade brasileira. Perdi o patrocínio e agora não sei direito como vai ser. Investi em um novo blog e sigo na batalha”, explica Neco.
Pedra Dura Na mesma situação está seu camarada Rodrigo Pedra Dornelles, um dos homenageados na festa oficial do Madeirite Trópico 2012. Apesar de gabaritado às disputas, o representante gaúcho do circuito mundial desistiu de correr as etapas da divisão de acesso do WT por não ter condição de bancar as trips do próprio bolso.
Campeões do Madeirite Trópico 2012
Presidentes da Federação Gaúcha de Surf Tuca Gianotti
Sementes (sub 9) Pedro Henrique Quadrado
Sementes (sub 12) Gustavo Borges
Flores (Feminino) Roberta Borges
Campeões da Taça Trópico Neco Padaratz
Pais e Filhos Eduardo Coufal e família
Anos 70 Ricardo Gordo Coufal
Anos 80 Eduardo Neto
