Tales Araújo

Trauma na Costa Rica

Tales Araújo, Essential Costa Rica Open 2016, Esterillo Este, Parrita.

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Esterillo Este, Parrita, Costa Rica. Foto: WSL / Andrew Nichols.

 

Na última quarta-feira, o QS 3.000 que acontece em Parrita, Costa Rica, foi paralisado devido à presença de um crocodilo no pico de Esterillo.

O animal voltou a assustar os atletas nos dias seguintes. Nesta sexta-feira, a etapa foi novamente interrompida.

O ubatubense Tales Araújo estava na água disputando a quinta fase junto com o pernambucano Luel Felipe, o português Tomas Fernandes e o argentino Santiago Muniz, atleta radicado em Bombinhas (SC).

Faltando pouco mais de 13 minutos para o término, logo depois de surfar uma onda, Tales se deparou com um crocodilo e ficou apavorado. 

“Peguei uma onda, acho que era a minha terceira na bateria, dei duas rasgadas e ela ficou ruim, aí abandonei antes de fechar. Logo que saí da onda, a minha prancha estava estranha, meio que balançando. Quando remei, senti um vácuo. Alguns metros adiante, vi os olhos de um crocodilo e logo depois ele emergiu e vi seu corpo inteiro. Comecei a gritar feito um louco para o jet-ski que fazia a patrulha na água. Não via mais nada, só fiz virar a prancha e ir para a areia. Foi difícil demais”, explicou Tales ao Waves, ainda bastante assustado.

A bateria foi paralisada e os atletas saíram da água. Segundo o atleta de Ubatuba, foi a terceira vez que um crocodilo foi visto na praia durante o campeonato. “Ontem apareceu um crocodilo durante a categoria feminina e soube disso hoje, quando cheguei para disputar a primeira bateria do dia. Como foi logo cedo e estava bastante concentrado para competir, nem estava pensando nisso”, continuou Tales.

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Tales Araújo durante a quarta fase da prova. Foto: WSL / Johan Pacheco.

 

A praia de Esterillo fica próxima a duas saídas de rio. Depois do incidente ocorrido no primeiro dia, a organização da etapa chegou a disponibilizar dois jet-skis durante as baterias, mas, segundo Tales, a patrulha ocorre depois da zona de arrebentação. O crocodilo visto durante a disputa feminina estava próximo à areia.

Em julho deste ano, o norte-americano Arthur Becker perdeu a sua perna direita depois de um ataque de crocodilo em Tamarindo, quatro horas ao norte de Esterillo.

Traumatizado com essa sequência de episódios na Costa Rica, Tales Araújo ainda não sabe se irá disputar os minutos pendentes da sua bateria em Esterillo, na manhã deste sábado.

 

“Já é a terceira vez que isso acontece neste campeonato e há pouco tempo teve um ataque. É difícil, como competidor, largar uma competição por causa de um animal, mas a partir do momento em que vi aquele crocodilo de frente, eu vi que a minha vida poderia… ou um braço, uma perna… poderia ser com outro amigo meu… É difícil, não sei, não tenho palavras neste momento, não sei a decisão que irei tomar. Vou conversar com a minha família, a minha psicóloga, a minha namorada, mas está difícil. Não estou com vontade alguma de surfar, só queria ir para casa agora”, finalizou o atleta. 

Mais tarde, a WSL North America emitiu uma nota sobre o assunto. “Todos nós somos extremamente gratos por ninguém ter se ferido no pico”, disse Brian Robbins, tour manager da entidade regional. “As rápidas ações da segurança na água foram incríveis e a rápida resposta da equipe foi louvável. A segurança dos nossos atletas é a principal prioridade da WSL e tomamos a decisão de paralisar o evento imediatamente. Queremos expressar a nossa profunda gratidão à equipe de segurança aquática pelo apoio e por ajudar a manter os nossos atletas seguros”, concluiu Robbins.

Brasileiros no QS Além de Tales Araújo e Luel Felipe, estão na quinta fase da prova os brasileiros Marcos Corrêa, Lucas Silveira, Deivid Silva, Ian Gouveia e Yago Dora. O grande destaque do dia foi Deivid, que arrancou uma nota 10 dos juízes e somou 8.67 em sua segunda melhor onda. “Foi uma bateria divertida. Algumas ondas estavam oferecendo boas seções para aéreos e estou muito feliz por fazer um 10 na última onda. O pico lembra muito a minha casa e treino nessas condições sempre que posso. Estou amarradão por vencer a bateria. Este é um evento muito importante para mim, com 3.000 pontos, mas estou me sentindo confiante e focado em fazer o meu trabalho”, revelou Deivid, que obteve nota máxima depois de mandar um aéreo rodando e atacar muito bem uma esquerda.

Luel Felipe, que estava na bateria interrompida no fim de tarde, também brilhou na fase anterior e obteve 9.93 em sua melhor onda.

A direção de prova se reunirá às 6:30 horas deste sábado (horário local) para avaliar as condições do mar juntamente com a equipe de segurança aquática.

Veja um vídeo de Tales Araújo logo depois da bateria:

 

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