Surf seco

Trinta anos de história

Taiu era um assíduo frequentador de Sunset

Taiu em momento de intimidade com Sunset, uma de suas ondas preferidas no Hawaii, quando já era frequentador assíduo do North Shore nos anos 80. Foto: Arquivo pessoal Taiu.
Há cerca de trinta anos, quando eu tinha 13 anos e um avô muito gente boa, fui parar no Hawaii. Era julho de 1976 e passei duas semanas em Waikiki, em frente ao pico de Number Three?s.

 

Naquela época as pranchinhas já dominavam e aproveitei para comprar uma Ben Aipa Stinger 6?4. Na ocasião, Aipa foi super legal quando eu era um cliente acompanhado do avô.

 

Sete anos mais tarde, quando morei no Hawaii, ele se negou a me ajudar a começar a carreira de shaper e ainda ameaçou chamar a imigração. Atitude típica de um havaiano FDP.

 

Lá é possível encontrar de tudo, desde o cara mais gente fina até alguém querendo te dar porrada ou te arrancar um dinheiro.

 

Michael Ho, em foto de 1978, era um dos ídolos de Taiu no arquipélago havaiano. Foto: Southern.com.

Eu tinha como referência de bons surfistas na época a galera da praia das Pitangueiras, Guarujá (SP).

 

Nomes como Paulo tendas, Guloseimas, Kincas, Dragão, Robi, Luis ?Feio? Sala, Ade, Egas, que era o rei das ondas pequenas e já usava uma biquilha fish, o Baleia,  Zanotto, Christian e Dodô, Pier Palumbo, o Teixeira, que era big rider, Roberto Alves e o Gorilão do Maluf, Dominic Rice, filho do californiano Johnny Rice, shaper que morou lá naquela época, Christian Wolters, de pranchinha bem pequena, e alguns santistas que despontavam de 5?8, como o então jovem Picuruta Salazar e seus irmãos Almir e Lequinho, entre outros como Olavo Rolim, Jayme Daige, Neco Carbone e Rosulo Mahe.

 

No Guarujá o cara que mais ajudava os mais novos era o já falecido Preto. Exímio longboarder, dono de um legítimo espírito Aloha e também da loja número um do Guarujá, a Surfcenter.

 

O cara era muito gente boa na água. No Hawaii eu via vários caras bons de longboard, inclusive o sacana do Ben Aipa, que arrepiava, mas todos eram no máximo tão bons como o Preto. Naquela época eu não conhecia o Rio e nunca nem tinha ido até Ubatuba.

 

Depois de ver pessoalmente um fundo de coral, fiquei surfando sem cair da prancha durante três dias. Foram alguns amigos nessa barca, meu irmão Totó e meu primo Guto, o Ricardo Waquil e o Paulo Dana. Foi muito pra minha jovem cabeça.

 

O sol era forte, a gente pegava onda até ficar com os olhos inchados e a pele queimada, pois era verão. Para mim, eram só bancadas de sonho, desde Public?s e Kaiser?s até Ala Moana, mas Number Three?s era a melhor.

 

Cheguei a pegar tubo no final da viagem, evoluí muito, foi a maior escola de surf e de vida. De noite via aquela cidade maluca, com japoneses loiros, cabeludos, samoas, era pesado.

 

Via grupinhos de havaianos em becos fumando pakalolo, eles me chamavam e eu, sentindo o cheiro daquela erva tão mal falada pela minha avó, saía correndo de medo.

 

Foi uma época animal, em que meus ídolos eram Buttons Kaluhiokalani e Mark Liddel, além de Michael Ho. Hawaii é isso. Hoje vejo a molecada embarcando bem nova, tipo Sidney Guimarães, Caio Ibelli e outros pimpolhos, e fico só imaginando a cabeça deles.

 

No ano seguinte, em 1977, fui ver o Waimea 5000 no Arpoador, evento internacional que rolou no Rio de Janeiro. Daniel Friedman e Pepê Lopes fizeram a final depois de derrotarem todos os ídolos da Surfing e Surfer da época.

 

Mas, esta história fica pra próxima.
Aloha!

 

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