Depois de aproximadamente 40 horas de viagem, acabo de chegar a Indonésia, mais especificamente na lendária ilha de Bali. Como companhia, um amigo que conheci há 40 anos, na beira de uma praia e com uma prancha de surf embaixo do braço.
Apesar de ficar longe do mar durante longas temporadas, o surf ainda representa muito na minha vida e é com toda certeza um dos meus principais prazeres. Bem diferente do meu amigo Claudjones, que faz do surf seu prazer e o seu trabalho há muitos anos.
Estou pela primeira vez na Indonésia. Preocupado se conseguirei aproveitar as ondas que estão à minha espera. Nos últimos oito meses emagreci mais ou menos 10 quilos e além de correr com frequência, na medida do possível, fui surfar nos finais de semana.
Todo esse processo de preparação foi feito junto com o Claudio, que por sinal, é o principal responsável pela minha presença na Indonésia. Vou ficar hospedado numa pousada onde estão dois amigos dele, Marcus Reis e Guilherme Luz. Eles serão nossas principais companhias durante a trip.
Logo no primeiro dia está quebrando 2 metros sólidos. Sou quatro vezes pego pelas séries vezes e, no final da tarde, o saldo é: nenhuma onda surfada, muitos caldos e aquela sensação de não ter me preparado o suficiente para fazer a trip.
Preocupação que só os amigos surfistas entendem. E eles passaram a me incentivar. Cláudio, incentivou a seu modo. Dele, tomei foram boas broncas. “Porra, por que não pegou aquela onda? Não vai me falar que veio aqui pra fazer massagem na praia?”, brincou.
Marcus, com um sorriso de canto de boca, me acalentava com as lembranças e dificuldades do seu primeiro dia de Indonésia.
Na manhã seguinte, o mar abaixou um pouco. Com o incentivo da galera, que ganhou Darcy como reforço, um brasileiro gente finíssima que mora metade do ano em Bali, comecei a ganhar confiança. Mesmo assim, não surfei bem e não me senti à vontade no outside.
Foi num dia menor em Uluwatu, com Gui e Marcus, que comecei a me sentir melhor no mar e peguei algumas ondas. As séries tinham 1,5 metros e estava relativamente fácil surfar. A segurança que os caras me passaram aumentou minha confiança. Nessa hora, é muito bom ter amigos por perto.
Durante minha estadia em Bali, ficou clara a magia de um lugar onde a arte em todas as suas formas, a religião e o surf convivem em perfeita harmonia.
Come-se muito bem e barato. As refeições são sagradas. É a hora em que os amigos se encontram e comentam o dia de surf, os momentos mais absurdos e engraçados.
Quase no final da trip, conheci Paulinho Rossi. Ele chegou cheio de histórias de G-land e colocou a maior pilha para irmos até lá.
Depois de 10 dias em Bali, fomos parar em G-land. Um surf camp no meio de uma reserva florestal onde tudo é voltado e preparado para o surf. Surfistas do mundo todo vão exclusivamente para lá, cada um com sua história e com seu nível de experiência.
Em G-land conheci Fabinho e Alain. Dois brasileiros que moram na Austrália. O fotógrafo Sebastian Rojas, um velho conhecido, também estava no pico. Darcy e Claudjones chegaram com Luiz Lovasz depois de terem passado o maior perrengue com o bote que quase afundou na travessia.
Era a magia do surf em toda sua essência: novos e velhos amigos, adrenalina pura, superação e beleza natural.
Vale dizer, G-land é uma onda que respeitei bastante, mas não deixei de cair nenhum dia. Afinal, respeito demais vira cagaço.
De volta a Bali, um novo swell atinge o Bukit. Novamente altas ondas e algumas fotos até foram publicadas no Wavescheck. Marcus e Gui voltaram ao Brasil e passei a surfar na companhia do Claudio e do Darcy, que conhece muito bem as bancadas de Bali e vivia me dando uns toques de como surfar a onda, onde se posicionar no mar, etc…
Na noite do último dia, recebi um elogio do australiano Jim Banks na mesa de jantar e na frente de todos. Ele falou de um tubo meu de backside (não dava para acreditar). Olhei para o lado e o dei de cara com dois grandes sorrisos. Eram Claudjones e Darcy rindo para mim. Obrigado, Jim, seu comentário me fez ganhar o mês.
Teri makassi (obrigado em balinês) a todos os amigos, pois na vida o que vale mesmo, são as grandes amizades e as boas lembranças.