Hoje em dia está uma febre! E que bom… Um monte de gente, principalmente surfistas, tem algum programa relacionado ao ambiente em que escolhemos tocar nossas vidas, seja pela profissão ou por puro prazer. Viva o surf e os canais de TV alternativos!
Lembro muito bem da época em que ficava antenado esperando a hora do Realce. Ainda moleque, na praia do Bessa, em João Pessoa, as informações demoravam, e quando alguma emissora resolvia exibir o programa ali em meu estado, rapidamente sumia do ar em um curto período. Quando já estava viajando ininterruptamente, no fim dos anos 80, meu pai se encarregava de gravar todos os programas em VHS para que na minha volta curtisse o que havia perdido. Era uma maravilha! Ficava o dia todo vendo os programas atrasados.
O tempo foi passando e os pioneiros Ricardo Bocão e Antônio Ricardo, foram diversificando os projetos, criando programas e migrando de emissoras, até que finalmente o sonho deles se realizou com criação do Woohoo, o próprio canal. Sempre estive próximo dos caras, já que foram anos gravando o circuito mundial em uma ralação danada! Hoje lembro e eles também devem lembrar disso com nostalgia. Nos anos de 2002 a 2004, estive com Antônio e Bocão mais vezes, já que além do circuito mundial eles estavam empenhados em capturar imagens e entrevistas com variadas personalidades do surf para o documentário “Fabio Fabuloso”, que viria a estrear no fim daquele ano.
E numa destas andanças, lembro que Antônio falou: “Fia, quando a gente tiver nosso próprio canal, você vai ter um programa!”. Desde que adquiri a minha primeira câmera no começo de 89, tinha o hábito de gravar o surf, fosse pelo prazer ou apenas pela necessidade do treino e aperfeiçoamento em geral. Durante a produção e a partir do lançamento de Fabio Fabuloso, que também foi dirigido por Pedro Cezar, passei involuntariamente a gravar ainda mais, a ponto de dizer que captar imagens em vídeo e foto havia se tornado um vício.
Achei interessante e nem imaginava que pouco tempo depois o Woohoo estaria no ar e aos poucos ia ganhando mais e mais audiência em todo o Brasil. Em maio de 2006 foi a estreia, e lembro de já em 2007 estar enviando minhas fitinhas em miniDV com gravações dos eventos e das viagens em que participava. A coisa era natural e não tinha uma rotina. Aliás, a rotina era sempre estar gravando. O nome Rái Êite 100 Tripé” veio em mente pelo formato anterior às MiniDV, ou seja, as Hi8, que em inglês pronuncia-se High Eight – High definition 8mm (alta definição em oito milímetros), que sucedeu ao formato 8mm, também conhecido como Video-8.
Bom, nem sei se era ou é isso ao certo, pois aí já estou entrando em uma coisa técnica e comigo este aspecto não é a bola (neste caso, a prancha) da casa, pois o foco é a simplicidade. Como costumo falar e brincar, comigo é só rec & play.
E o “100 (sem) Tripé” veio das imagens caseiras, muitas vezes inviáveis para se assistir em um canal de TV, tal a falta de estabilização e qualidade na maioria das vezes causadas pela falta de um tripé ou de um tripé decente. A brincadeira colou e o nome pegou, agora muita gente já consegue dizer o nome do programa, mesmo com grande interrogação. A ideia sempre foi também usar muitas imagens de arquivo, mas como não paro de gravar coisas novas, o projeto “No tempo em que os Bichos Falavam” ficou em segundo plano, pelo menos até o presente momento. Mas vem até sendo aproveitado aqui no Waves, como podem acompanhar em arquivos do “Espêice Fia”, cujo nome, tal como o Rái Êite, carrega a pitada da zoeira com tons do “nordestinês”.
Gravar o Rái Êite é uma delícia por não ter uma obrigação com nada, vai tudo no “flow”. Não tem aquele lance de fazer material disso ou daquilo, cobrir esse ou aquele evento e nem respeitar sequências. As coisas vão acontecendo sem ter nada programado e “mi camera es sú camera”, ou seja, todo mundo pode pegar a filmadora e gravar alguma coisa, fazer uma chamada, ou seja, realmente participar.
Quem acompanha o canal e o programa consegue avaliar direitinho este aspecto. E no clima da zoeira, a galera se diverte. Prova disso são os amigos dos meus filhos Igor e Ian, que volta e meia também pegam a câmera e gravam umas andanças quando estão na companhia dos dois. Sempre surgem umas “peças raras” que, na hora em que estou fazendo a semi edição, racho o bico de tanto rir. O mesmo deve acontecer com o Eugênio Sarmento, cara encarregado da edição e que dá um tapa na coisa para que o programa fique redondinho. E redondinho vai ficar cada vez mais, pois os equipamentos “chibatas” que tenho devem melhorar, logo a qualidade das imagens também. O canal não para de crescer, rapaz! E diz a lenda que até um “jagunço” fará umas duas ou três viagens por ano na minha cola pra dar um help. Mas nada que tire a essência do programa. Muito pelo contrário: tendo um “câmera”, as coisas podem fluir ainda mais e não irei deixar de surfar algumas vezes pra ter que gravar ação ou qualquer outra coisa.
Não reclamo disto, mas ficar mais tempo na água é melhor ainda, né? Bom, é isso. Agora é a turma acompanhar pra ver o que rolou no fim do ano em gravações passadas na Indonésia e Hawaii, como também as novas no Master da CBS em Porto de Galinhas e a surf trip em Fernando de Noronha. Sem contar com imagens que o Ian acaba de despejar aqui em meu HD, onde perambulou pelo Hawaii, Califórnia e nos eventos do QS do início da perna australiana.