Aos que correm atrás do prejuízo, o último evento do ano da divisão de acesso, em Sunset Beach, sempre traz surpresas. Fim de ano no Hawaii é sempre uma incógnita. O certo é que dê ondas, mas muitas vezes nem sempre aquele swell arrumado cai na janela do evento ou no dia da bateria de algum surfista que vem esperando aquele momento pra tentar pular pra primeira divisão.
Uns são big riders natos e estes, claro, torcem pro marzão. Outros ainda têm pouca experiência, e se o mar não estiver cascudo, existem grandes chances de um bom resultado. No início do ano, muitos atletas que estão no WCT, por exemplo, focam única e exclusivamente neste circuito. Uns têm o nível de surf e a certeza de que a classificação para o ano seguinte virá. Outros, mesmo com nível e também um pouco abaixo por diferentes fatores, preferem sempre estar correndo tudo quanto é evento importante pra não correr o risco de ficar fora da próxima temporada.
O ano vai passando e aqueles que não vinham bem começam, a todo custo, a correr atrás do prejuízo. Para os brasileiros, a perna que antecede o Hawaii foi de extrema importância, e aqueles que se aproveitaram têm um ânimo a mais e seguem pra “finaleira” esperançosos. Aos que não usufruíram de um bom resultado, o tudo ou nada no Hawaii é adrenalizante. Ali entra uma galera de peso e com descartes baixos, muitas vezes ainda sem completar a soma dos resultados. Acabam rolando enormes pulos no ranking em caso de boas colocações.
Raoni não se deu bem durante o ano. Já passou algumas vezes pela degola e faz do Hawaii seu ponto de escape. Deixou de correr eventos, mas já ganhou em Sunset e obteve uns pontos importantes em Haleiwa, como de costume, na semana passada.
Este ano temos dois casos distintos: o de Ítalo Ferreira, que consegue sua classificação prematuramente, e de Wiggolly Dantas, que já vem na estrada há alguns anos com ótimas performances e bagagem em ondas de todos os tipos. Mas, o que isso mostra? Mostra que nem sempre aquele cara em ascensão consegue o tão sonhado lugar na primeira divisão a curto prazo. Quantos caras tentam há anos, e quando já quase sem esperanças, pulam para o WCT?
Esperança é a última que morre, e acredito que, para algumas empresas, vale esperar pelo investimento feito. Outras que não o fazem, às vezes perdem o que fizeram por falta de crença no atleta. Mas existem diferentes patamares de empresas, pois umas não aceitam atletas do pelotão de baixo, pois faz parte de sua característica, e neste caso não tem o que discutir.
Por outro lado, atletas precoces são poucos, mas, pra nossa sorte, a entrada de Ítalo fortalece mais uma vez a ascensão dos brasileiros. Àqueles que perdem suas vagas, nada melhor que rever o ano e dar o gás para o retorno. É como se fosse uma bateria perdida, pois avalia-se os erros para se fortificar pra próxima.