Válido como segunda etapa do Circuito Brasileiro Profissional de Longboard, o Petrobras Longboard Classic aconteceu entre os últimos dias 12 e 14 de junho no município de Serra (ES).
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Pelo terceiro ano consecutivo, os melhores longboarders do país invadiram as águas vermelhas de Jacaraípe e proporcionaram mais um espetáculo para o público capixaba.
O campeonato foi um sucesso, com nova estrutura e muita organização, o que agradou bastante aos atletas. O público prestigiou em massa e assim como o staff local, que trabalhou no evento e não mediu esforços para receber a elite do longboard brasileiro.
O ponto fraco foram as condições do mar que se apresentaram inconstantes e isso acabou interferindo nos resultados de muitas baterias.
Para se ter uma idéia, nas oitavas de final, Alessandro Abolição passou praticamente toda a disputa com Rodrigo Sphaier sentado no outside esperando por ondas que não vieram. Além de Abolição, outros nomes sofreram com a falta de ondas, como Eduardo Bagé, Mica, Mullinha, Matheus Cunha, Robledo Oliveira e eu mesmo.
No entanto, quando as séries deram as caras o show de surf foi garantido. Umas das melhores baterias foi entre Rodrigo Sphaier / Phil Rajzman e Picuruta / Deca que travaram duelos acirrados, com boas ondas surfadas e muita disposição dos competidores.
O nível técnico do circuito brasileiro está cada vez mais alto e esse campeonato mostrou gratas surpresas, como as excelentes performances de Jéferson Silva (Jejé), André Luís (Deca) e Alex Salazar (Leco), surfistas jovens e de notória qualidade técnica que mostraram vontade de surfar e grande evolução nas baterias homem-a-homem.
Na primeira semifinal, Leco enfrentou Sphaier numa bateria empolgante e que dividiu opiniões sobre o resultado. Já no final da disputa, o santista ficou precisando de uma nota acima dos nove pontos e depois de surfar bem sua última onda, jogou a batata quente nas mãos dos juízes, mas a nota saiu abaixo do que ele precisava.
Leco saiu da água reclamando bastante do julgamento e Rodrigo Sphaier foi ovacionado pela galera do Rio, que gritou a cada onda surfada pelo local de Saquarema.
Na outra semi, um duelo de titãs: Picuruta contra Amaro Matos. Com notas não muito altas, o Gato passou pelo Amarinho, que ainda teve a chance da virada numa boa direita, mas acabou não tendo sorte na sequência das manobras.
Vale destacar a apresentação do Amaro nas oitavas, quando derrotou seu conterrâneo Rodney Costa numa virada espetacular com muita determinação e sangue frio, mostrando que experiência, técnica e vontade formam uma combinação poderosa.
A final entre o Gato e o Sphaier começo quente, com os dois surfistas pegando uma onda atrás da outra. O carioca conseguiu boa sintonia com as séries e investiu nas esquerdas para abrir uma boa vantagem. Quem conhece bem o Picuruta sabe que ele não se abala em situações adversas, pelo contrário, é mestre em reverter resultados difíceis e muita gente esperava que ele fizesse isso, quando para surpresa geral ele abandonou a disputa faltando pouco menos de dez minutos para o término.
Conversei com ele logo que saiu da água e ele disse que entrou na bateria desanimado com o julgamento por causa do resultado da bateria entre seu filho Leco e o Sphaier.
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Na interpretação do Picuruta, o Leco não teve suas notas valorizadas como deveria e segundo ele próprio isso o acabou deixando sem vontade de competir na final. Em dez anos de circuito brasileiro e mundial, nunca vi o Gato desanimar em função de julgamento, mas ali ele parecia bastante chateado e preferiu abandonar a disputa deixando claro sua insatisfação.
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Ele fez questão de conversar com seu adversário dizendo que não teve intenção de desrespeitá-lo, tanto que subiu ao pódio mostrando respeito não só ao adversário, mas também ao público, à organização e patrocinadores do evento.
O campeão Rodrigo Sphaier permaneceu no mar até o minuto final e garantiu assim sua primeira vitória no Circuito Brasileiro Profissional. Uma vitória que veio coroar as grandes apresentações do atleta em etapas passadas nos últimos dois anos.
Sphaier é um cara calmo e de poucas palavras fora d?água, mas tem um surf agressivo e fluído que combina perfeitamente nose ridings estilosos e manobras explosivas na rabeta. Pode-se dizer tranquilamente que é um surfista completo e totalmente enquadrado nos critérios de julgamento do longboard moderno internacional. O Gato continua liderando o ranking brasileiro e Sphaier aparece na segunda colocação.
Feminino Com uma nova geração bastante promissora, o longboard feminino mostrou o que está por vir quando começarem as etapas do circuito brasileiro profissional.
O nível técnico começa a deslanchar para outros patamares, com surfistas como Fernanda Daichtman, Chloé Calmon e Rayane Amaral, que fizeram boas apresentações e provaram grande evolução técnica e tática.
Em alguns momentos da competição, as três surfistas citadas acima tiveram performances sólidas e garantiram notas altas e muita vontade de ganhar. Além delas, Thiara Mandelli, que é um pouco mais experiente, completou a final, ficando com uma ótima terceira colocação.
Chloé liderou até a metade da disputa, mas Fernanda esperou pela sua onda e marcou o maior escore da competição, uma nota acima dos oito pontos surfada com muita velocidade nos noseridings e curvas de base trocada, conseguindo assim boa vantagem para a segunda colocada (Chloé).
As meninas arriscaram manobras difíceis como hang ten, knee turns e sweet stances. Os juízes estavam atentos e valorizaram quem conseguiu fazer bem a leitura das ondas e surfou com velocidade.
Foi assim que Fernanda Daichtman conseguiu sua terceira vitória consecutiva e seu segundo título do Petrobras Longboard Classic, o mais tradicional campeonato de longboard do Brasil.
Continuem pendurados!