Danilo Couto

Um drop na redação

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Danilo Couto visita redação do site Waves. Foto: Rafael Sobral.

Danilo Couto redefine limites do big surf com esta onda em Jaws. Foto: Tracy Kraft.

Durante passagem pela cidade de São Paulo (SP), o big rider baiano Danilo Couto aproveitou para visitar os amigos do site Waves na última quarta-feira. 


Atual vencedor do Billabong XXL na categoria Ride of the Year, prêmio mais cobiçado pelos surfistas de ondas grandes em todo planeta, este brasileiro é responsável por colocar o surf de ondas grandes em um novo patamar e redefinir os limites do big surf na remada.


O baiano venceu o prêmio de Ride of the Year no último mês e embolsou um cheque de US$ 50 mil pela direita monstruosa surfada na remada, na temida bancada de Jaws, Maui, em fevereiro. Ele também foi finalista nas categorias Monster Paddle e Best Performance.


Esta foi a quinta vez que Danilo Couto representou o Brasil no prêmio. Em 2004, concorreu na categoria Maior Onda (Jaws). No ano seguinte, Tubo do Ano (Jaws, primeiro tubo surfado com êxito de backside).


Em 2007 disputou na categoria Melhor Performance (entre outras atuações, um tubo histórico em Pipeline, remada em Jaws, e surfou o swell gigante em Puerto Escondido, México). Já na temporada passada foi novamente finalista na categoria Maior Onda (Jaws).


Confira abaixo uma rápida e exclusiva entevista com o big rider, na qual ele fala sobre a repercussão do prêmio no Brasil, os próximos limites a serem quebrados em ondas grandes, analisa a nova geração brazuca e palpita sobre o ASP World Tour.


O que te traz a São Paulo?

 

Estou pegando as ondas de São Paulo agora (risos). Vim cumprir alguns compromissos profissionais com meu patrocinador e aproveitei para visitar a galera aqui do Waves, que sempre me deu apoio e fez a divulgação do meu trabalho.

O que mudou na tua vida depois do prêmio no Billabong XXL?

Grandes mudanças e novos horizontes. Tenho uma estrutura melhor para trabalhar daqui pra frente e reconhecimento maior do meio. Agora vou me preparar para uma nova fase, ajustar os detalhes e aproveitar esta estrutura melhor para buscar novos feitos.

Só coisa boa acontecendo e vibrações boas de todos que participaram torcendo muito e mandando energias positivas. É legal vir aqui e receber isto tudo do povo brasileiro.

Depois de toda emoção e comemoração na premiação na Califórnia (EUA), como foi a recepção e a comemoração quando você chegou ao Brasil?

Tem sido bem calorosa, muitas manifestações de satisfação vindas de todo mundo, uma coisa até difícil de descrever, mas são só energias boas de todos que torceram e acompanham o surf.

Muitas pessoas já vinham torcendo por mim, mesmo porque já fui finalista deste concurso outras vezes, mas desta foi muito especial, não só por ter ganhado o prêmio, mas pela maneira como aconteceu. É muito bom sentir esta alegria de todos e saber que o pessoal vibra pelos brasileiros pelo mundo afora.

 

Qual a importância de Yuri Soledade e Marcio Freire no teu dia-a-dia com as ondas grandes e na questão de puxar os limites. Como é a relação entre vocês?

Primeiramente nós crescemos juntos, temos a mesma idade. Competíamos nos campeonatos na categoria Mirim com 14 anos de idade, há muito tempo atrás no Circuito Baiano. Ainda quando moleques, viajávamos juntos pelo Circuito Nordestino. Somos muito amigos.

Me mudei para o North Shore, enquanto o Yuri e o Marcio ficaram em Maui. Faz muito tempo que surfamos juntos no Hawaii e esta exploração de Jaws na remada foi feita em conjunto. Nós fizemos um time. É surreal explorar o templo das ondas grandes com os amigos de infância, às vezes não dá nem pra acreditar, são sempre momentos muito especiais.

Eu peguei aquela onda, mas assim como fui eu, poderia ter sido o Yuri ou o Marcio. O prêmio foi para nós três, o time que trabalhou isto em conjunto. Eu estava no lugar certo, na hora certa, a onda veio e eu fui. Eles realmente têm uma importância muito grande, pois esta energia de amigos de infância é muito importante lá fora.

 

Depois de pegar Jaws em condições como aquelas na remada, qual é o próximo limite do big surf a ser superado?

Acho que dá pra fazer ainda mais coisas em Jaws. Dá pra pegar onda maiores, tubos realmente lá dentro e sair, remar em outros lugares e muitas outras coisas a serem exploradas.

O bom disso tudo é que tem muito lugar novo para ser explorado e um leque de coisas a serem feitas. Vou priorizar novos desafios, quero fazer algo diferente e para isso vou ficar sempre de olho nas previsões.

Depois do dia que você pegou a onda vencedora do XXL, notamos que a cada dia novos big riders do mundo todo chegam ao line up de Jaws em busca de ondas gigantes na remada. Você foi um dos pioneiros. Estes surfistas estrangeiros te pedem alguma dica ou algo do tipo?

Este ano especificamente rolou esta troca de informações, pois o pessoal já estava acompanhando que nós brasileiros vínhamos nos dedicando a isto. Eu, o Marcio Freire e o Yuri Soledade dedicamos bastante tempo nos últimos cinco anos para remar em Jaws.

Várias pessoas como o próprio Greg Long, Shane Dorian, Nathan Fletcher e outros que gostam de remar em dias bem grandes, sinalizaram que estavam afim de ir. Escolher o dia correto em Jaws na remada é muito importante. Eu já estava com um conhecimento desenvolvido para analisar a previsão e escolher estes dias, então os chamei e eles foram.

Somos um grupo bem pequeno e sempre rola este intercâmbio entre aqueles que estão priorizando remar nos dias bem grandes mesmo. Nada mais natural que a galera seja unida, pois quando estamos lá fora em situações extremas, precisamos de pessoas que estejam realmente dispostas a puxar o limite e que não vão puxar o bico.

 

É um time que sempre tem que estar afinado, todos na mesma batida, para todos saírem dali vencedores e bem, pois com a mãe natureza em um dia de fúria como aquele, é importante estar com um time de força.

Entre os moleques da nova geração brasileira, em quem você vê um talento para big rider?

Dos mais novinhos, que eu presenciei este ano é o carioca Lucas Silveira. Ele tem 15 anos e realmente um bom apetite pra ondas maiores, como Pipeline, Backdoor e outras ondas grandes. Ele sempre vai lá pra fora.

Não me lembro de ter visto antes um moleque tão novo já gostar assim de ondas grandes. Já vejo ele no Hawaii há várias temporadas. Desta galera mais novinha eu apostaria nele.

Para um moleque novo como ele ter futuro como big rider, que dica você daria?

Tem que se dedicar muito, fazer boas escolhas, estudar um pouco os mapas e entender bastante do oceano, isso é muito importante. Lembrar-se sempre que planejar e decidir onde vai, também é muito importante. Muito respeito ao mar e equipamento de ponta. Quem se foca no que quer cedo, chega mais rápido lá. Se a pessoa sente que gosta de ondas grandes tem que se dedicar cedo.

O baiano Dennis Tihara é outro que se destacou muito neste ano. Ele já é de outra geração, mas também é novo. Pegou bastante onda grande neste ano e teve uma participação ótima na temporada.

Não vi muita coisa dele na mídia e nenhuma marca para patrociná-lo, mas acho que ele é um atleta de grande futuro e tem um apetite que dá para ver no olho o quanto ele gosta de ondas grandes.

Além do cenário de ondas grandes, os brasileiros têm se destacado também no surf profissional de performance, como é o caso do Adriano de Souza que está na liderança do ASP World Tour e outros brasileiros que têm dado muito trabalho nas etapas do ASP Prime. Como você enxerga este momento do surf brasileiro.

Acho que no surf de performance estamos muito bem servidos. Temos esta geração com grande potencial que está aí hoje, mas ainda acho que esta galera tem que dar uma atenção mais forte às ondas pesadas e surfar com pranchas maiores, porque o final do circuito é no Hawaii, em Pipeline. Se estiver grande, faz a diferença estar à vontade.

Hoje em dia, o nível do brasileiro em surf performance já é o mesmo que dos surfistas internacionais. Na hora que conseguirmos mesclar esta habilidade que já existe hoje, com um bom desempenho no fim do ano nas ondas havaianas, teremos um campeão mundial.

Estamos bem perto, o Mineirinho está liderando o Tour. Vou torcer para que ele tenha um bom Pipeline Masters no fim do ano.

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Vou deixar aquele abração pra galera toda do Waves que acompanha nossas aventuras pelo mundo afora. Estaremos sempre futucando para aprontar mais alguma forte e instigar a galera. Corram atrás dos seus sonhos.