Um surfista na mesa de negócios

Teco Padaratz - Billabong Pro J-Bay 2003

O atleta Teco Padaratz dá expediente durante o Billabong Pro J-Bay 2003. Foto: ASP World Tour/Ellis.
O atleta Flávio “Teco” Padaratz, atual 31º colocado no ranking do WCT, é um dos principais responsáveis pela realização da etapa brasileira da primeira divisão do Circuito Mundial em Santa Catarina.

 

Nesta entrevista, Teco conta como levou o WCT para as praias catarinenses e revela como está sua expectativa em relação ao evento.

 

Como foi possível trazer a etapa brasileira do WCT para Santa Catarina?


Eu já venho de olho neste evento, junto com o Avelino (Bastos) e o Xandi (Fontes), há uns quatro anos. Este ano eu sabia que o evento estava para cair por falta de patrocínio ou algo do tipo. Aí, investi nele não só porque seria um excelente negócio, mas  também porque se não tivesse tentado corríamos o risco de não ter uma etapa do WCT no Brasil. No fim tudo foi se encaixando, por intermédio do trabalho extraordinário do Avelino e do Xandi, e eu pude trabalhar em várias frentes para alcançar o objetivo quase impossível de levantar um patrocínio como esse.
  
Como você vê o fato de o principal patrocinador (Nova Schin) não ser do mercado e investir cerca de US$ 500 mil no evento?


Acho que é quase um marco na história do esporte. Sei que já foi investido muito dinheiro antes nos eventos que rolaram no Rio de Janeiro. Mas, este evento vem com uma forca de mídia muito grande, por intermédio da excelente campanha da Nova Schin. Eles resolveram apoiar um esporte que tem muito para mostrar e ainda é tratado de maneira equivocada pela publicidade. Talvez, a partir de agora as pessoas passem a entender um pouco mais.
 

Fora da água, Flávio é um profissional polivalente: é sócio-diretor da Tropical Brasil, apresenta programas de TV e trabalha nos bastidores da ASP para realizar um mega evento do WCT em casa. Foto: Divulgação.
Como você recebeu a notícia quando foi realmente confirmada a etapa?


Fui assimilando bem devagar. Na verdade as coisas foram se encaixando e até agora nem tudo está terminado. Acho que somente depois de uns dias do fim do evento é que vou terminar de receber esta notícia.
 
Como será a logística do campeonato, que possui estrutura móvel em uma área muito grande?

 

Estamos preparados para ir aos principais picos de Santa Catarina. Para isso tivemos o apoio de várias associações ao longo da costa. Em alguns lugares já temos  uma estrutura esperando por nós. Em outros teremos uma unidade móvel que é auto-suficiente e que pode chegar a vários picos rapidamente. Mas, a sede do evento será mesmo na praia da Joaquina, pois lá é o berço das grandes etapas que já rolaram na história do surf brasileiro.
 
Como você vê o fato de Santa Catarina concentrar as duas etapas brasileiras do Circuito Mundial (WCT e o WQS), uma vez que você é de lá e lutou pela realização do WCT em seu Estado?

É uma conseqüência muito triste da crise brasileira, pois a idéia sempre foi ter o segundo WCT no Brasil. Mas, isso não era permitido pela ASP. Agora, é gratificante saber que ao menos temos estas duas etapas, pois sabemos que assim que o Brasil se recuperar, podemos voltar a ter pernas fortes no circuito.
 

Mesmo focado na etapa brasileira do WCT, o catarinense abocanhou um quinto lugar na última etapa do circuito, em Mundaka, Espanha. Foto: Tostee/ASP.
Além de surfista, você tem atuado em outras frentes: é sócio-diretor da Tropical Brasil e agora também está por trás da organização do evento. Como você vê esse momento em sua carreira e, além de competir, qual será seu papel durante a realização da prova?

 

Bom, tudo isso que você me vê fazendo são coisas que adoro fazer, senão provavelmente não estaria fazendo. Mas, elas dão trabalho sim. No Nova Schin Festival eu vou surfar e trabalhar para a imprensa por intermédio da Globo e Sportv. O resto da organização não é comigo. Eu nem posso, mesmo que eu queira, pois é regra da ASP. Também vou tocar com minha banda no segundo dia do festival de música.
 
Como está sua expectiva em relação ao campeonato (como organizador e competidor, afinal, você conhece muito bem essas ondas)?


Acho que temos na mão uma grande etapa de surf, que foi agregada a um evento de entretenimento muito profissional. Espero poder dar ao público todo tipo de condição para assistir a um show de surf. É muito trabalho, este é meu primeiro ano. Mas tenho uma equipe que está provando ser muito competente.
 
Como repercutiu entre os atletas do Tour a realização do evento em Santa Catarina? Você acredita que todos participarão?


Acho que eles gostaram muito desta mudança, pois Santa Catarina, em especial Florianópolis, é muito bem vinda na Associação. Temos todo o habitat necessário para um esporte como o surfe. Acho que todos que puderem estarão lá.

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