Por amor ao esporte, Danilo Couto e Rodrigo Resende dão duro no Hawaii para dropar as maiores ondas do mundo. Foto: Bruno Lemos / Hawaii Surf Pix. |
Quanto vale um ídolo? Na minha opinião, viver sem Senna, Michael Jordan, Guga, Ronaldinho, Burle, e cia tornaria nossas vidas muito monótonas. Sem falar que a indústria sofreria um colapso.
Quem não compra uma camisa 9 da seleção por causa do Ronaldo? Ou um óculos que esteja na cara do Burle? Ou liga 21 por causa da Ana Paula Arósio?
É claro que cada um desses ídolos e produtos chamam a atenção de um determinado público-alvo. Por conta disso, com certeza cada um tem um peso na balança, ou melhor dizendo, valem mais ou menos $$$.
Porém, é justamente isso que vem me chamando a atenção nos últimos anos, a situação dos atletas de ondas grandes no mercado do surf. Parece que os maiores articuladores do surf brasileiro querem minimizar o real valor desses ídolos, que aparecem na mídia aberta como nunca nenhum surfista conseguiu antes e reaqueceram o mercado.
Para quem não sabe, 90% dessa galera que arrisca as próprias vidas em ondas bizarras são os que possuem os salários mais baixos entre os surfistas profissionais. Não podemos deixar de agradecer nossos patrocinadores, mas a vida de um atleta é curta e se não lutarmos por melhores recursos, ninguém fará isso por nós. Se hoje um atleta do WCT gasta alguns mil dólares por mês, o mesmo ocorro conosco. Não é nada barato ir para o Hawaii e fazer bate-voltas incessantes para Maui, Maverick’s e Cortes Bank, na Califórnia, além de trips de meio de ano, ter dois ou ate três jet-skis por aí e bancar todas as despesas.
Como seus companheiros, Sylvio Mancusi arrisca a vida para fazer o que gosta e pede mais valorização do mercado. Foto: Fabiana Nigol. |
O mercado necessita do Neco, Moura, Herdy, Gouveia e Rocha, mas Burle, Resende e cia também são indispensáveis. A vitória de Burle no Mundial de Todos os Santos e do Resende na Tow-in World Cup abriu espaço na mídia internacional e nacional e favoreceu atletas do WCT, mercado, empresários e público. A união faz a força. Os competidores conseguiram o espaço deles e agora necessitamos do nosso.
Sei que posso sofrer represálias, mas a questão aqui não é ofender esse ou aquele, e sim começar a correr atrás do que é nosso e deixar claro para o grande público que ídolos como Rodrigo Resende, Eraldo Gueiros, Sylvio Mancusi, Danilo Couto, Pato, Romeu Bruno entre outros dão um duro danado para se manter cinco meses por ano no Pacifico e os outros sete ao redor do mundo atrás de ondas grandes, formando fãs que compram surfwear nos quatro cantos do país.
Eraldo tem loja, Burle restaurante, Danilo Couto e Resende dão um duro danado no Hawaii com atividades paralelas e eu escrevo para tudo que é lado. E com certeza ainda sobram contas negativas para todos no final. A modalidade é nova e como tal ainda sofre, mas temos que começar a correr atrás de nossos ideais. Conheço ídolos do passado do futebol que hoje passam fome, mas a modalidade cresceu e conquistou seu espaço.
Pelo fato de o tow-in usar jet-skis e ser uma mistura de algumas modalidades, seria interessante corrermos atrás de empresas de fora do nosso mercado. Eu acharia justo pelo menos em um futuro próximo podermos juntar alguma coisa, em vez de dividas, principalmente pelo amor que dedicamos à modalidade. Amor. Porque sem a motivação dele não estaríamos com um sorriso e uma sensação ímpar correndo em nossas veias assim que nos deparamos com uma série de 60 pés.
Não tem dinheiro que pague uma vida. Acredito que deve ser a mesma sensação que a galera da F1 sente durante uma corrida. Amor, adrenalina, paixão. Indescritível a sensação logo apos uma sessão animal em Jaws, Maverick’s ou Cortes. E com certeza é essa vibração que contagia o público ao abrir uma revista especializada ou assistindo as matérias na TV.
Boa vida? Com certeza, mas não pensem que é fácil. Nem de longe. E o Ronaldinho e o Senna também não fazem parte dessa história? O amor e talento natural também os contagiaram. Cada um com o talento que Deus deu. Bola para frente.
Aloha!