No último dia 15 de novembro – domingo -, um fato se repetiu, praticamente um ano depois de já ter ocorrido no mesmo local. A área entre as praias do Porto e da Ribanceira, onde está localizada a Praia D’água, um dos melhores picos de surf de Imbituba, e ainda totalmente protegida, coberta por rica vegetação típica e principalmente butiazeiros – que já é considerada uma espécie em extinção -, foi atingida por um incêndio de grandes proporções.
Ainda na madrugada de sábado para domingo, moradores constataram os primeiros focos, e acionaram o Corpo de Bombeiros de Imbituba, e até o helicóptero da corporação esteve presente para combater o incêndio, retirando água do mar para tentar debelar as chamas. Durante do dia, as chamas que começaram a queimar a vegetação, possivelmente, próxima ao antigo bar Farol, se alastraram morro acima, empurradas pelo vento sul que soprava no momento.
As chamas de tão altas, atravessaram a pista asfaltada que faz o acesso ao bairro Vila Esperança – Praia da Ribanceira -, queimando também mais um grande trecho de área coberto por butiazeiros. Durante a tarde, bombeiros e moradores tentavam evitar que o fogo se alastrasse ainda mais, e a Polícia Militar foi acionada para conter o tráfego de veículos e para o atendimento de um acidente entre veículos provocado pela fumaça que encobria a pista, quando tentavam atravessar o local.
Segundo informações de moradores, algumas pessoas que tentavam atravessar a fumaça com seus carros – e até as chamas -, acabavam passando mal com problemas respiratórios provocados pela densa nuvem que se formou no local, impossibilitando a visibilidade. Para alguns destes moradores, o fato se transformou num mistério, já que o incêndio, mesmo involuntário, como uma ‘combustão espontânea’, por exemplo, teve inicio a noite, quando o orvalho cobre a vegetação durante a madrugada, deixando-a úmida.
Ainda no local, e posteriormente nas redes sociais, diversas pessoas se manifestaram exigindo uma explicação de como este incêndio pode ter sido iniciado, já que para muitos esta área deveria estar protegida, mas vem sendo alvo de interesses imobiliários nos últimos anos.
A área pertence a antiga CODESC – Companhia de Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina -, mas está sob análise da CODISC – Companhia de Distritos Industriais de Santa Catarina -, e foi leiloada há alguns anos atrás, mas suas matriculas ainda não foram liberadas, por conta deste levantamento que vem sendo realizado.
Ainda nos anos 90, já se comentavam histórias sobre o futuro do local, que passava por construções de resorts a condomínios de luxo. Até hoje nada disso aconteceu. Mas, para alguns moradores, alguns fatos novos têm corroborado para este problema.
Este incêndio, intencional ou não, serviu de alerta para muitos, e mais que isso, pode ter servido também para descaracterizar boa parte desta área, matando centenas palmeiras de butiás e vegetação predominantemente peculiar, além de animais que vivem na região e ninhos, podendo tornar o local para uso variado, ou mesmo, facilitando o uso especulativo dela perante órgãos de meio ambiente.
Para muitos, que assistiram desolados e tristes as cenas quando passavam pelo local, e que também se declararam nas redes sociais ao ver as fotos do incidente, se foi essa mesmo a intenção, uma forma arcaica de ‘engabelar’ instituições responsáveis pela fiscalização e outorga de bens, o tiro pode ter saído pela culatra.
A Associação de Moradores do bairro Vila Esperança – AMVE -, onde está localizada a praia da Ribanceira, vizinha da praia d’Água, vai encaminhar documentos com denúncias e solicitação de explicações sobre o fato.