Na busca de um sonho

Jarvis Gaidzinski persegue as bombas

Waimea Bay, Hawaii Jarvis José Gaidzinski

Sem dúvida alguma, surfar ondas grandes é um desafio para vários surfistas. A mistura de prazer, adrenalina e perigo faz a cabeça de muitos e os desafia a buscar a superação.

Jarvis José Gaidzinski, de 24 anos, começou no surf cedo. Como o ditado diz “filho de peixe, peixinho é”. O catarinense, formado em Engenharia de Materiais, teve como influência direta a sua família, que tinha o esporte como estilo de vida em uma época onde o surf ainda era marginalizado pela sociedade.

Na década de 70, seu pai, primos e tios foram alguns dos primeiros surfistas a desbravarem os picos do Farol de Santa Marta (SC), vale citar Alexandre Gaidzinski (em memória), Jackes Gaidzinski, Edson Gaidzinski Junior, Paulo Bastos e Jarvis Gaidzinski filho.

Curiosamente, a primeira onda que JJ se recorda foi surfada no Hawaii. Aos 6 anos, ele ainda estava aprendendo em Waikiki, mas depois daquele momento, o surf também passou a ser seu estilo de vida – assim como já tinha sido dos seus pais.

Com toda dificuldade de acesso na época, a busca por boas ondas não era tarefa fácil. Correr atrás do ônibus, fazer de tudo para conseguir uma carona, guardar a prancha com o guarda da escola só fazia aumentar a vontade de estar no mar.

Aos 17 anos, Jarvinha estreava nas competições estaduais, mas campeonatos nunca foram seu forte. Havia algo que fazia os olhos do catarinense brilharem mais: as ondas grandes. No começo, tinha medo, receio, mas foram exatamente estes sentimentos que o fizeram buscar a superação. Após sua primeira temporada de inverno no Hawaii, em 2009, Jarvis foi picado pelo mosquito das ondas grandes e, desde então, as gigantes fazem parte da sua busca pessoal.

Um big rider nada mais é do que um cara que surfa ondas de 20 pés ou mais. E se você acha que é pouco, imagine levar um caldo de uma onda de 7 metros e ficar cerca de 30 segundos embaixo da água entre pedras e corais.

“Quando o mar sobe me sinto mais à vontade.”, relata Javinho. No seu primeiro swell em Waimea Bay, pico onde é realizado o “The Eddie”, evento de ondas grandes que honra a vida do icônico big rider e salva-vidas havaiano, Jarvis dormiu na praia ansioso à espera do surf. No dia seguinte foi despertado pela água o varrendo da areia. Até Netuno já sabia que o lugar de Jarvis era lá, dropando as bombas.

Apesar das temporadas havaianas terem lhe proporcionado muitas ondas pesadas, o surfista confessa ainda se divertir muito nas ondas do quintal de sua casa, no Cardoso, Farol de Santa Marta e na laje da Jagua – onde estreou recentemente. A onda da Laje se forma em alto mar a cerca de 5,3 quilômetros de distância da orla de Jaguaruna, e quebra sob uma montanha submersa, separada da superfície por uma tênue lâmina de água com deformidades aleatórias absolutamente imprevisíveis em cima das pedras ou “chupa cabras” como também são conhecidas. 

Além disso, Jarvis também é engajado em projetos socioambientais. Aos 17 anos, junto com seu pai, fundou seu próprio negócio, no qual atua com gerenciamento de materiais reciclados urbanos e industriais e divide seu tempo entre o mar e a empresa. Mas aí fica a dúvida: E se o swell entrar na segunda-feira?

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