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Volta às origens

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Mick Fanning comemora título mundial durante Hang Loose Santa Catarina Pro 2007. Foto: ASP Tostee / Covered Images.

O Hang Loose Santa Catarina Pro realmente foi uma boa surpresa para todos nós, brasileiros, pois quase não acontece por desistência inesperada do antigo patrocinador.


A combinação de sucesso fez aquele velho e bíblico ditado: ?o bom filho à casa torna?. Primeiro foi a volta da Hang Loose, que chegou para ficar e fazer o maior evento do esporte no Brasil e em Santa Catarina.

 

Um evento histórico como aconteceu no distante ano de 1986, quando o circuito mundial voltou ao Brasil, com a estréia do Hang Loose Pro Contest na Joaquina.

 

O Teco, que hoje tem a licença do WCT no Brasil, já foi um garoto com o patrocínio e  apoio da Hang Loose, a partir do ano de 1989.

 

Ao lado de Fábio Gouveia, quando a dupla se aventurou no circuito mundial de forma integral, eles fizeram história no início da era dos bem sucedidos surfistas brasileiros da ASP.

 

Este ano, a parceria Teco / Xandi Fontes, juntamente com a Hang Loose e mais o governo do estado catarinense e a prefeitura de Imbituba, uniu toda uma vibração positiva que ajudou a atrair o swell perfeito nos dias finais, para a decisão do título mundial 2007, conquistado pelo australiano Mick Fanning antecipadamente e dividido com os golfinhos, baleias e seu amigo de infância Joel Parkinson, que disputava na água a semifinal, quando o título definitivamente passou a ser de Fanning.

 

Loucura é ser consagrado campeão mundial no outside valendo vaga para uma final de WCT. Fanning mostrou mais uma vez seu foco e concentração nesta condição.


Foi muito bom participar do campeonato na torre de transmissão. Como surfista e internauta, sou daqueles que acompanho as transmissões pelo computador quase sempre. 

 

Estar do outro lado é bem diferente. Para se ter uma idéia, somente  no dia das finais foram enviadas 21,7 mil mensagens e confesso que, com toda aquela movimentação, fica difícil de ler e comentar tantas mensagens. Imaginem então o total de acessos dos que nunca nem mandam mensagens.

 

Em muitos campeonatos, devido ao espaço na torre ou difícil acesso pelas escadas, faço os comentários a distância, sem ver o monitor.

 

Logo que comecei a fazer isso, o lendário Jorge Mula, do Guarujá , pai do vice-campeão mundial de longboard Danilo Mulinha, era quem me levava palanque acima deitado no seu ombro, como na guerra. Eu vi alguns gringos na época chocados com a cena, mas no Brasil é isso, irmandade e ?survival instinct?.

 

O WCT está num nível técnico absurdo dentro d’água. Mr. Slater puxou o  nível técnico nos últimos 15 anos e alterou o critério de julgamento. O resultado está aí, todo mundo arrepiando e alguns como sempre num nível acima da média.

 

Mick venceu, Austrália de volta ao topo do mundo; agora tem uma fila de ozzies famintos e o próximo pode ser Joel Parkinson.

 

Ano que vem tem a estréia da dupla Smith / Reynolds, que pode chegar já fazendo barulho, mas a experiência também conta muito.

 

Em relação aos brasileiros, as quartas-de-final estão como barreiras psicológicas. Não está fácil, mas o nível técnico dos brazucas pode avançar mais, principalmente se utilizarem mais concentração e preparo psicológico, um aditivo que os estrangeiros parecem ter a mais na hora da decisão…