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Surfista de São Tomé e Príncipe, Jéjé Vidal vivia com a sua mãe em uma roça, onde ajudava a plantar bananeiras e retirar o cacau desde pequeno. Aos 9 anos, perdeu o seu pai e foi abatido por uma grande tristeza.
Com o tempo, começou a perceber que o seu pai não iria voltar nunca mais. Para lidar com a tristeza, tentou arranjar alguma coisa para fazer.
Na escola onde estudava, viu alguém surfar pela primeira vez. Pedro Almeida, um português, foi observado dias seguidos por Jéjé, que despertou uma grande vontade de aprender o esporte.
Com quase 11 anos, agarrou em um pedaço de uma tábua da sua cama e entrou no mar. Aprendeu a nadar com duas garrafas de plástico, uma em cada braço. Quando entrou na água com os amigos, começou a pegar as primeiras espumas nesta tábua e o sentimento foi único.
Algum tempo depois, o português Paulo Pichel ofereceu uma prancha ao menino. “É principalmente ao Paulo, a quem tenho a agradecer por tudo e por onde estou hoje. Era a coisa mais valiosa que eu tinha. A prancha era tudo “, recorda Jéjé, que começou a surfar diariamente e criou a paixão pelo mar.
Ele teve o privilégio nascer em frente a Santana, uma direita incrível. É onde mais gosta de surfar com os seus amigos. É nesta praia que será realizada a final da prova masculina do Pro Surf São Tomé, antes da entrega de prémios e a festa de encerramento do campeonato.
Voz da América também é mencionada pelo atleta como uma onda perfeita, também point break, uma direita longa, incrível. O acesso é desafiador, mas oferece tantas seções que ao final da onda os surfistas ficam completamente exaustos.
A Praia Melão é outra direita em um local paradisíaco, ao lado de um rio, onde Jéjé gosta de ir com os amigos surfar, colher frutas, subir nos coqueiros para beber água de coco e relaxar.
Aguizé é um lugar que ele guarda no seu coração. Não só pela paisagem deslumbrante, mas a praia tem um rio onde as mães vão lavar a roupa. Jéjé acostumou-se desde muito cedo a ajudar a mãe nessa tarefa. É também um lugar histórico, onde aconteceu a plantação e a exportação do cacau.
Ainda se conta a lenda do Barão da Roça de Aguizé, que dizia entrar com o seu cavalo branco no mar em Aguizé e sair diretamente na boca do inferno, em Cascais, Portugal.
“As ondas de Aguizé são muito boas para dar aéreos, porque é uma praia de fundo de pedra, com várias seções e uns picos cruzam com outros formando diversas junções. E é muito fácil fazer o take off”, relata o surfista.
Nesta praia, existe uma onda chamada Pico da Cruz, onde ele surfou pela primeira vez com o seu irmão e algumas pessoas. O local é batizado com o seu nome de família “Cruz”. É uma onda super perigosa, com fundo de pedra e ouriços. Super raso, mas para quem quer pegar tubos é a onda certa. Jéjé diz que quer muito levar Nic Von Rupp para surfar essa onda e diz que deve acontecer em breve.
Há ainda a Boca do Inferno, onda difícil de sair, com muitos ouriços e pedras. Rolam esquerdas e direitas. Nos dias grandes é propício para o tow-in.
A praia de 7 ondas é considerada uma das melhores para os iniciantes. Por conta disso, a primeira geração de surfistas femininas do projeto SOMA foi iniciada nessa praia.
É onde acontece a prova feminina, no segundo dia de campeonato. A prova será de manhã e à tarde haverá uma expression session, onde todos os surfistas presentes serão convidados a participar.
Segundo Jéjé, a Praia de Porto Alegre é o ponto menos explorado da ilha, por se encontrar bastante ao sul em relação aos restantes picos de surfe. É nesta praia que será realizada a primeira etapa masculina e o primeiro dia do Pro Surf São Tomé. “É uma direita incrível”, afirma o surfista.
Rivalidade entre irmãos
Jéjé conta que o seu irmão ganhou o campeonato nacional em São Tomé e ele começou a querer vencer também. Essa disputa aumentou o seu foco e o surfista terminou campeão no ano seguinte, repetindo esse feito por três anos consecutivos, sendo ainda o campeão nacional atual.
Jéjé Vidal passou por muitos momentos difíceis em Portugal. Graças a ajuda de vários surfistas portugueses, ele conseguiu se estabelecer, angariar patrocinadores e continuar a sonhando e evoluindo. Ele participou recentemente de etapas do QS em Portugal, colocando pela primeira vez São Tomé na WSL.
Vidal não vai a São Tomé há 8 meses, e está ansioso para voltar e reunir-se com os seus amigos agora em setembro, durante o campeonato.
São Tomé já não tem um campeonato nacional desde 2016. S surfista tem falado semanalmente com os seus amigos, que estão entusiasmados pelo evento. “Estamos animados para ver todo o potencial de surfe em 3 inesquecíveis dias de surfe”, comenta o atleta.
“Jéjé é um exemplo e por participar deste evento tão importante para a comunidade São Tomense, temos a certeza de que conseguiremos fazer a diferença e transformar o futuro de muitos mais jovens”, divulga a organização do Pro Surf São Tomé
Acompanhe a cobertura completa do Pro Surf São Tomé 2021 aqui no Waves, do dia 1 a 8 setembro.
Saiba mais sobre o projeto no Instagram, @prosurfsaotome.