Rip Curl Pro

Italo nas alturas

Italo Ferreira abusa dos aéreos para vencer o CT de Portugal pela segunda vez consecutiva e assumir a liderança do ranking, com direito a nota 10 na final.

Italo Ferreira vence pela segunda vez em Portugal.

O circuito da elite do surfe mundial tem um novo líder. Italo Ferreira acaba de vencer o MEO Rip Curl Pro Portugal pela segunda vez consecutiva e com o resultado tomou a camisa amarela de número 1 do ranking das mãos de Gabriel Medina. Na final o brasileiro marcou a única nota 10 de todo o evento e não deu chances para o sul-africano Jordy Smith, que perdeu precisando de 18.44 pontos.

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Após cinco dias sem disputas, o MEO Rip Curl Pro Portugal foi reiniciado em ondas lisas de 1 metro, mas um pouco tortas, porém rapidamente as condições melhoraram muito no pico de Supertubos, em Peniche, e as séries de esquerdas e direitas chegaram a 1,5 metro com boas rampas para os voos.

Na primeira participação no dia, Italo mostrou que seria difícil superá-lo ao marcar as notas excelentes 9.57 e 8.83 com aéreos impressionantes na vitória sobre o australiano Jack Freestone. Na semi, contra Caio Ibelli, o potiguar chegou a tomar um susto, entretanto usou manobras fortes, além do aéreo de costas para a onda para garantir vaga na bateria mais importante do evento masculino.

Italo Ferreira rasga com força em direção à vitória.

A final começou e Italo não deixou o Jordy Smith respirar: iniciou com um aéreo de rotação completa e aterrissagem perfeita que valeu a única nota 10 da prova, e depois seguiu voando e trocando nota, até que deixou o sul-africano na necessidade de 18.74 pontos para vencer. Jordy sentiu o golpe, mas partiu para os aéreos bizarros, porém não chegou nem perto de completar nenhum. Com o resultado, Italo vai competir no Pipe Masters, a última etapa do tour 2019, com a camisa amarela de número 1 do ranking.

Essa foi a terceira final de Italo em Portugal. Em 2015 ele foi vice de Filipe Toledo e no ano passado superou o francês Joan Duru. Os melhores resultados do brasileiro no ano são essa vitória e a conquistada na Gold Coast, os dois segundos lugares em J-Bay e França e as duas quintas posições em Bells e Margaret River.

“Foi um evento incrível e estou muito feliz por ter começado a bateria com uma nota 10. Agora é só comemorar com essa torcida que lotou a praia hoje (sábado)”, disse Italo Ferreira, logo que saiu do mar. “A torcida brasileira é a melhor em qualquer lugar do mundo e agradeço a todos eles, meus amigos, ao meu amor e todos que sempre me apoiaram”.

Italo Ferreira pode ser o primeiro surfista da Região Nordeste do Brasil a conquistar o título mundial na World Surf League e ele subiu no pódio com uma faixa preta sobre sua prancha, simbolizando as manchas de óleo que vêm surgindo em várias praias nordestinas. “Quero dedicar essa vitória ao meu tio (falecido no mês passado), que certamente está lá no céu vibrando com essa vitória e mandando boas energias. Minha prancha aqui é uma homenagem à galera lá do Nordeste, que está sofrendo com o óleo vindo do mar, então está aí uma faixa preta nela pra esse povo guerreiro, que batalha tanto por uma vida melhor. Eu sou um dos representantes deles, então estou aqui protestando contra esse desastre em nossa região”.

Antes, Italo falou mais especificamente sobre o bicampeonato em Portugal e a chance de conquistar seu primeiro título mundial esse ano: “Foi muito legal o evento, estou muito feliz por ser o primeiro a vencer essa etapa duas vezes e parabéns a todos que estão aqui no pódio, o Jordy (Smith), a Caroline (Marks), a Lakey (Peterson), porque foi um grande evento e muito especial para mim. Estou muito feliz comigo mesmo, pelo que fiz no campeonato todo, por minha namorada estar aqui comigo, meus amigos, minha família, foi realmente incrível. Fiquei completamente em êxtase quando aterrissei daquele aéreo na minha primeira onda, pois a vitória começou ali. O Jordy Smith é um dos melhores competidores do mundo e eu precisava algo diferente para derrotá-lo. Agora estou na frente e vai ser muito divertido a decisão do título no Havaí. O jogo está aberto e vou tentar ser campeão, certamente”.

Jordy – O caminho de Jordy até a final começou com certa facilidade, mas depois ele teve que contar com a falha do adversário para avançar. Nas quartas o sul-africano achou as melhores ondas, surfou bem e deixou pra trás o norte-americano Kolohe Andino. A semi entre ele e Kanoa Igarashi foi parelha. Nos momentos finais o japonês, que estava com a prioridade, deixou uma onda passar e Jordy não perdeu a oportunidade, voou alto e com rotação completa. A atuação valeu 9.33 pontos e a vaga na finalíssima.

“Você quer ser o melhor do mundo fazendo o seu melhor e foi o que ele (Italo Ferreira) conseguiu lá fora, então parabéns ao Italo que surfou de uma forma inacreditável nessa final”, disse Jordy Smith. “Eu precisava fazer também algumas manobras grandes, mas não consegui. Mesmo assim, estou superempolgado em poder disputar o título mundial em Pipeline. Meu treinamento será intenso para isso, trabalhando em minhas pranchas e no meu físico. Isso é tudo o que eu posso fazer, chegar no dia pronto para competir em alto nível lá no Havaí”.

O vice-campeonato não fez Jordy sair da terceira posição no ranking, porém deixou os quatro primeiros embolados na atual lista dos melhores. A diferença entre o primeiro e o quarto é de 1.925 pontos. Mas a situação é pior para o sul-africano, já que os brasileiros (Italo 1º, Medina 2º e Filipe 4º) tem como pior resultado o 17º lugar, que equivale a 1.330 pontos, enquanto Jordy tem a nona posição, que vale 3.320 pontos, para descartar.

Jordy Smith fica em segundo lugar na prova portuguesa.

Brasileiros nas finais – Além de Italo, o Brasil teve outros três surfistas no último dia do MEO Rip Curl Pro Portugal. Filipe Toledo foi o primeiro a competir. Ele encarou Kanoa Igarashi, que começou melhor a bateria, mas sem se destacar, até que o brasileiro executou três manobras de backside, sendo um floater, uma rasgada e uma batida que valeram 6.83 pontos. Na sequência Filipe voou alto e por pouco não acertou a manobra.

Porém, o japonês logo deu o troco com um tubo profundo numa esquerda, saindo junto com uma leve baforada e acertando ainda duas batidas. A nota 8.67 deu tranquilidade para Kanoa, que depois pegou outra onda e soltou quatro manobras pra ficar mais ainda na frente com a nota 6.57. Filipinho quase voltou pra briga ao ficar fundo num tubo pra direita, porém caiu pouco antes da saída e foi eliminado, finalizando a prova na quinta posição.

Filipe Toledo para nas quartas de final.

Outro brazuca que terminou em quinto lugar foi Peterson Crisanto. Caio começou forte o duelo com tubos e manobras e logo complicou o caminho de Peterson, que botou pra dentro algumas vez, mas no que completou, já no fim da disputa, não valeu os 7.86 pontos que precisava para vencer. Com o resultado Peterson subiu seis posições no ranking e agora é o 22º colocado.

Na semifinal brasileira, Italo usou a mesma arma da vitória nas quartas: o aéreo de backside. Apesar de errar na primeira tentativa, quando foi alto, mas caiu na aterrissagem, o potiguar soltou quatro fortes batidas numa direita para arrancar 8.00 e largar na frente. Mas Caio logo mostrou que seria difícil superá-lo. O paulista executou dois laybacks de frontside e anotou 7.43 pontos.

Caio Ibelli perde a semi para Italo Ferreira.

Na sequência Italo rasgou e voou com reverse de frontside para arrancar 6.00 dos juízes, porém, após três tentativas que não resultaram na virada, Caio acelerou numa direita e executou um aéreo alto, segurando a prancha com as duas mãos. A aterrissagem não foi perfeita, mas ele ainda conseguiu bater na pequena junção. A nota 7.43 colocou-o na liderança e deixou seu adversário na necessidade de 6.86 para reverter o placar.

Italo foi tentando até que quando restavam nove minutos para o término da bateria, usou sua arma mortal: o aéreo surfando de costas pra onda. A atuação valeu a terceira nota 7.43 da bateria, e a liderança para o potiguar, que deixou Caio na necessidade de 8.00. Os 35 minutos de duelo chegaram ao fim e o resultado ficou 15.43 a 14.96 para Italo.

“É realmente um grande presente. Eu cheguei aqui em 23.o no ranking, fora dos 22 que se classificam para o CT e todo mundo que está ali naquele bolo está surfando muito bem. Parece que quando você desce, fica difícil subir, mas muita coisa aconteceu aqui e me sinto abençoado por chegar nas semifinais. Eu realmente precisava desse resultado e agora posso ir para Pipeline mais tranquilo, só tentando terminar bem o meu melhor ano no CT”, disse Caio que agora está em 16o lugar.

Peterson Crisanto está na 22a posição no ranking.

Última etapa – Agora só resta uma etapa para conhecermos o campeão mundial de 2019. O Billabong Pipe Masters acontece entre os dias 8 de 20 de dezembro na Rainha do North Shore da ilha de Oahu, no Havaí.

Veja como ficou a briga pelo título mundial e pelas vagas nas Olimpíadas de Tóquio em 2020.

Final

Campeão Italo Ferreira (BRA) 18.43
Vice-campeão Jordy Smith (AFR) 6.17

Semifinais

1 Jordy Smith (AFR) 15.83 x 12.66 Kanoa Igarashi (JAP)
2 Italo Ferreira (BRA) 15.43 x 14.86 Caio Ibelli (BRA)

Quartas de finais

1 Jordy Smith (AFR) 13.40 x 10.97 Kolohe Andino (EUA)
2 Kanoa Igarashi (JAP) 15.24 x 12.26 Filipe Toledo (BRA)
3 Caio Ibelli (BRA) 12.86 x 11.83 Peterson Crisanto (BRA)
4 Italo Ferreira (BRA) 18.40 x 16.87 Jack Freestone (AUS)

Ranking Masculino após o MEO Rip Curl Pro Portugal já contando um descarte

1 Italo Ferreira (BRA) 51.070 pontos
2 Gabriel Medina (BRA) 50.005
3 Jordy Smith (AFR) 49.985
4 Filipe Toledo (BRA) 49.145
5 Kolohe Andino (EUA) 44.665
6 Kanoa Igarashi (JAP) 40.185
7 Owen Wright (AUS) 34.780
8 John John Florence (HAV) 33.220
9 Jeremy Flores (FRA) 32.515
10 Kelly Slater (EUA) 30.090
11 Julian Wilson (AUS) 29.525
12 Seth Moniz (HAV) 27.535
12 Ryan Callinan (AUS) 27.535
14 Wade Carmichael (AUS) 26.760
15 Michel Bourez (FRA) 25.900
16 Caio Ibelli (BRA) 24.895
17 Adrian Buchan (AUS) 24.565
18 Jack Freestone (AUS) 24.120
19 Conner Coffin (EUA) 23.345
20 Griffin Colapinto (EUA) 22.695
21 Deivid Silva (BRA) 21.920
22 Peterson Crisanto (BRA) 20.290
23 Willian Cardoso (BRA) 19.930
24 Michael Rodrigues (BRA) 19.640
25 Yago Dora (BRA) 19.365
26 Joan Duru (FRA) 17.940
27 Sebastian Zietz (HAV) 17.235
28 Ezekiel Lau (HAV) 16.875
28 Jesse Mendes (BRA) 16.875
30 Leonardo Fioravanti (ITA) 14.455
31 Soli Bailey (AUS) 13.960
32 Jadson André (BRA) 13.255
33 Ricardo Christie (NZL) 10.905
34 Frederico Morais (POR) 10.605
35 Adriano de Souza (BRA) 8.995
36 Mikey Wright (AUS) 7.570

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