PU x EPS

A busca pelo melhor

Edinho Leite compara as vantagens e desvantagens dos blocos de Poliuretano e Epoxi.

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O EPS tomou parte do mercado, com várias densidades, com ou sem longarina. Tudo depende do que você deseja da prancha.

Poliuretano, o famoso PU, continua sendo a opção em 99% do arsenal de pranchas dos Tops. Isso mostra que a eficiência desse material ainda prevalece quando o assunto é competição na elite. Mas estamos assistindo a uma invasão do EPS (Expanded Polystyrene) em boa parte de fábricas e isso tem seus motivos.

A verdade é que nem sempre as coisas acontecem pelos caminhos certos ou lógicos quando levamos em conta as necessidades de um mercado específico. No nosso caso, o mercado de pranchas de surfe, a coisa toda pode se configurar de maneira ainda mais complexa.

O EPS, que foi muito usado no Brasil no fim dos anos 60 até o começo dos 70, deu lugar às espumas de poliuretano. Naquela época o poliuretano apresentava qualidades muito mais interessantes que o EPS disponível, incluindo o fato de que os blocos já vinham com alguma curva e longarina. Todos os fabricantes começaram a laminar com resina poliéster e tornaram-se especialistas no assunto.

EPS, pré-moldados ou não. Cada detalhe pode interferir no produto final.

Décadas depois, quando os SUPs entraram, ou melhor, começaram a sair das fábricas, houve uma revolução, tanto no surgimento de novas configurações de EPS quanto nas salas de laminação. A resina Epoxi, opção mais viável (basicamente obrigatória) no glass em EPS, requer outras técnicas e cuidados. A galera do glass teve que se adaptar e, como efeito colateral, acabou redescobrindo as vantagens, sim, há algumas, em trabalhar com EPS/Epoxi.

Com o fechamento da Clark Foam, maior fabricante e distribuidora de PU, em 2005, o EPS ganhou impulso. De lá para cá houve melhoras desse material em vários aspectos, especialmente na tentativa de tornar seu comportamento nas ondas mais parecido com o PU. Mas uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.

O PU continua apresentando um nível de desempenho que agrada a maioria dos surfistas. Mas de tanto trabalhar com EPS os shapers também aprenderam que esse material pode ter suas vantagens, especialmente em ondas menores, ou seja, em 90% dos mares que se surfa no Brasil. Basta não tentar replicar uma prancha boa de PU em EPS e, pronto, já temos meio caminho andado.

Os dois materiais buscam atender as expectativas nas ondas. PU (com longarina) e EPS, com PU de alta densidade (faixa preta). A busca pelo melhor nunca vai acabar.

Sim, as pranchas de EPS devem ser pensadas de maneira um tanto diferente, por conta das características do material. Volume, bordas, edge, construção… tudo isso pode entrar na equação.

O efeito colateral interessante que surgiu para tentar minimizar as diferenças na maneira da prancha de EPS reagir se apresenta na construção. Diferentes fibras e reforços em partes específicas foram criados.

Isso ajudou, inclusive, na mudança de pensamento sobre a longarina central, de madeira, tradicional. Resumo. Por conta do EPS, muitas experiências nos levaram a desenvolver mais outras áreas, além do shape. Isso foi bom, tanto para EPS quanto PU.

Outra coisa que parece pesar, infelizmente muito, é o fato de haver muito EPS com preço bem mais barato que do PU. Esse é um daqueles desvios de propósito que caiu como luva no mercado nacional. Mas, no fim das contas, o que é melhor?

A flexibilidade de uma prancha de EPS dura muito mais do que uma de PU, mas ela não irá vibrar como PU, que não absorve tanta água quanto a maioria dos EPS’s em caso de necessidade de remendo. Pranchas de EPS tendem a ser mais leves, mas não apresentam o mesmo poder trazido pela inércia do PU.

No fim das contas hoje podemos ter pranchas com diferentes tipos de EPS. Muitas com construções que garantem desempenho e durabilidade. Pranchas de PU continuarão se desenvolvendo, nos dando aquela sensação a que nos acostumamos e gostamos, com cada vez melhor desempenho.

Legenda vídeo: A prancha usada por Cyrus Sutton no vídeo é uma 8’0, de isopor, sem longarina, laminada com madeira no deck e carbono nas bordas. O resultado parece bem legal para uma semi-gun.

Acredito que essa história com dois polos esteja só começando. Há espaço para que os dois materiais se desenvolvam ou até que surja um terceiro, como XPS, por exemplo. Não há melhor ou pior. O que há são diferentes opções, para diferentes propósitos. Afinal, surfistas são diferentes uns dos outros. Assim também devem ser suas pranchas.

E você, o que acha disso tudo?