Houve uma época em que o surfe feminino realmente não podia ser comparado ao masculino. Por isso as pranchas delas apresentavam características diferentes, como largura, rocker, bordas diferentes e outros detalhes. Mas isso é coisa do passado, hoje as pranchas das Tops do Championship Tour são basicamente iguais às pranchas dos homens da elite profissional.
Chegamos a chamá-las de “pranchas de meninas”. Eram pranchas que exigiam menos power surf, que permitiam mais erros, ou seja, pranchas para surfistas “normais”. Mas as meninas evoluíram, em vários sentidos. Hoje o esporte já está no DNA delas, se pensarmos na forma competitiva. Elas já estão fazendo isso a tempo suficiente para terem atingido um nível excelente.
Isso também aconteceu pelo fato de elas terem desenvolvido corpos mais atléticos do que o padrão de beleza de 30 anos atrás, sem medo de serem estereotipadas. Sim, algumas parecem ter saído direto dos quadrinhos de super-heróis. Mas, hoje, todo mundo acha lindo. No fundo, tanto faz o que acham ou deixam de achar os outros. O que elas querem é surfar melhor.
Esse fato, aliado ao tempo de desenvolvimento do esporte entre elas, impulsionou o surfe feminino. A curva evolutiva delas dá gosto de ver. Claro, ainda há diferença entre os e as melhores do mundo, mas a distância diminuiu e a diferença entre as pranchas também.
A prancha de tow-in da Maya Gabeira, a DHD da Steph Gilmore, a Sharp Eye da Silvana, o long da Chloé Calmon… São pranchas ótimas, para quem tem um ótimo nível de surfe.
Resumindo. A maioria dos homens que surfa só no fim de semana talvez tenha dificuldade em usar a prancha da Coco Ho ou da Courtney Conlogue, não por serem pranchas de meninas, mas por serem demais para surfistas comuns, como a maioria de nós.