O mais novo modelo de prancha do bicampeão mundial Beau Young apresenta características que me parecem cada vez mais procuradas. Só fico pensando se isso acontece pelos motivos certos.
A The Flow promete ser a mais versátil e “fácil” das pranchas da Beau Young Surfboards. Cheia de volume no bico, com bom rocker de rabeta, a prancha é uma máquina de remar. Ela vai de 6’0 a 8’6 com avantajada largura e pouca curva de bico, bordas redondinhas e single concave para Vee, ou seja, deve ser bem estável. Parece uma prancha das antigas modernizada. A ideia por trás do design inclui pegar antes e mais ondas do que os outros.
Fiquei intrigado com o fato de, cada vez mais, termos pranchas que, apesar de não prometerem melhores manobras, garantem que você vai surfar mais ondas. Interessante isso.
Talvez estejamos passando para outra mentalidade de surfe, onde o importante é pegar mais ondas do que os outros, mais do que surfar bem. Ok, isso pode ser um conceito para lá de subjetivo. Antes o bacana era pegar a maior do dia.
Não sou contra cada um surfar e desenhar nas ondas as linhas que quiser, com a prancha que bem entender, muito pelo contrário. Diversão é a alma do surfe.
Mas, lá no fundo (sem trocadilho), comecei a suspeitar que muita gente, por uma bela dose de preguiça em se esforçar, tem optado por pranchas que prometem mais ondas. O que você vai fazer nelas, com essas pranchas, pode ter nascido de uma filosofia um tanto enviesada.
Acho que sou do tempo em que surfar uma onda, realizando aquilo que você realmente deseja, da melhor maneira que puder, ainda é mais gratificante do que pegar várias se sentindo limitado.
Antes que alguém grite comigo… Vejo o surfe como uma atividade que cria a chance de evoluir algo que nos dá prazer. Sou adepto de todo tipo de prancha. De alaias a longs, de mono a quadriquilhas. Todas têm um propósito, só espero que esse propósito não se resuma a simplesmente pegar mais ondas do que os outros.